Troca de farpas entre dirigentes é despreparo e falta de lucidez

No “Charlapodcast”, o vice jurídico do Flamengo, Rodrigo Dunshee de Abranches, relatou que “o Atlético é o segundo time de Minas e que seu presidente Sérgio Coelho (foto acima) é mal recebido pelos colegas quando há reunião”.



Acho que num mundo tão violento como o que vivemos, um dirigente ficar provocando o outro mostra o despreparo e a falta de lucidez. É preciso que os clubes se unam em prol da Liga, com divisões de cotas em partes iguais. Esse tipo de provocação eles deveriam deixar para os torcedores. Eles não precisam ser amigos, nem jantar juntos, mas têm que se respeitar e trabalhar em favor dos seus clubes, sem querer levar qualquer tipo de vantagem.

Por isso, a cada dia, sou mais a favor de que os clubes virem empresas, pois os dirigentes atuais são amadores e passionais.

A Justiça determinou que a Multiplan pague R$ 13,5 milhões ao empresário André Cury, que processa o clube por uma dívida total de R$ 65 milhões com ele. Há tempos, o empresário vem tentando receber o que lhe é devido, mas o Atlético contesta os valores e aceita pagar uma quantia bem inferior a pedida pelo empresário. Como a Multiplan comprou o restante do shopping, que pertencia ao Atlético, Cury entrou na Justiça pedindo o bloqueio de parte do dinheiro. Ele trabalhou e quer receber o que lhe é devido. Infelizmente, os clubes têm o hábito de recorrer aos empresários, jogam a dívida para a frente e não querem pagar. Com o clube-empresa isso também não irá mais acontecer. Chega de dirigentes amadores.

O chileno Eduardo Vargas, apenas um bom jogador, que ganha uma fortuna no Atlético, foi punido pela expulsão no último lance do jogo contra o Palmeiras e não ter podido bater a sexta penalidade, jogando a responsabilidade para o garoto Rubens. Punição pra mim é mexer no bolso do atleta. Uma multa de 50%, por exemplo, seria ideal.  Vargas tem dado um prejuízo gigante ao Atlético, com jogos pífios e raros gols. A torcida não entendeu a renovação com ele, por mais dois anos, reduzindo o salário, segundo consta, de R$ 900 mil para R$ 800 mil. Como o futebol brasileiro perdeu noção do dinheiro. Os grandes clubes, como o Atlético, têm folha salarial de R$ 18 milhões por mês. Claro que o orçamento permite isso, mas, para quem tem a maior dívida do futebol brasileiro, fica difícil reduzi-la com esses valores estratosféricos. Vargas deveria ter sido mandado embora no começo da temporada. Não acrescenta nada ao atual grupo.

Como o Cruzeiro já garantiu o acesso à elite, pelo menos extraoficialmente, já que com 52 pontos, faltando 15 rodadas, precisaria somente de mais 10, o dono do clube, Ronaldo Fenômeno, já trabalha com sua equipe visando 2023. Como a cota de TV e os patrocínios aumentarão substancialmente, eles já olham jogadores de nível A no mercado para reforçar a equipe. Pelo que conhece de futebol, Ronaldo sabe que o grupo atual não suportaria uma Série A e busca jogadores experientes para que o clube suba e se mantenha na elite. Ele sabe também que não dá para pensar em títulos na temporada que vem. O objetivo é ficar numa boa colocação, quem sabe beliscando uma Copa Sul-Americana. Nesse tipo de competição, que não é de regularidade, há sim chances de título.