Jornal Estado de Minas

COLUNA DO JAECI

Ronaldo, Pezzolano, jogadores e torcida, que time é esse?

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A volta do gigante Cruzeiro à elite mostrou que quando quem comanda o clube entende de futebol, a coisa funciona. Jogado na lama por gestão fraudulenta, segundo a Justiça, o time azul penou por dois anos flertando com a Série C e só não caiu por incompetência dos concorrentes. Foram dois anos terríveis, com dívidas astronômicas, salários atrasados e até falta de alimentação. Foi aí que Pedrinho, do Supermercados BH, entrou em cena, pagou salários, aumentou o valor do patrocínio, comprou alimento e o clube não fechou as portas. A gestão do presidente na época era caótica, com uma equipe que de bola nada entendia. Felizmente, um grupo formado por grandes cruzeirenses tomou as rédeas e trabalhou para o clube se transformar em SAF. É verdade que a compra do clube por Ronaldo Fenômeno gerou incertezas e dúvidas pelo baixo valor da aquisição, R$ 400 milhões, para pagamento em dez anos. Porém, com a volta do time ao pelotão de primeira linha do nosso futebol, ficou provado que foi um grande acerto essa venda.



Ronaldo chutou a bunda de quem queria gastar R$ 90 milhões de orçamento, sem ter R$ 1 na cueca. Trouxe sua equipe de confiança, montou um time barato, com orçamento de R$ 35 milhões, e trouxe um técnico desconhecido, o uruguaio Paulo Pezzolano, que se transformou no melhor treinador de todas as séries nesta temporada. O resultado, todos nós conhecemos. Uma campanha brilhante, onde será o campeão da B, com dezenas de pontos à frente dos concorrentes, sem correr nenhum risco do começo da competição até aqui. Um trabalho para ser exaltado. O time que subiu mais cedo na história da Série B. Ronaldo e seus comandados acertaram em cheio.
 
 
 
E o Cruzeiro contou com um gigante nas arquibancadas: o torcedor. A média de público está entre as maiores das Séries A e B, com um show da China Azul em todos os jogos. Em casa, o time mantém-se imbatível. Fora, perdeu apenas três jogos. Organização, qualidade, time confiável, esses fatores animaram o fiel torcedor, e os 9 milhões de cruzeirenses espalhados pelo mundo foram representados por cerca de 55 mil no Gigante da Pampulha, a cada partida. Os cânticos, a saudação viking após as vitórias, tudo isso contagiou todos nós. Uma torcida que tem dado show de decência, de comportamento, de amor ao time.

Já garantido na Série A, é hora de planejar o ano de 2023. O patrão, Ronaldo Fenômeno, declarou que “as dificuldades serão grandes, principalmente na parte financeira, mas vamos trabalhar para que o Cruzeiro seja competitivo em 2023. O gigante voltou e estou muito feliz. Vamos tirar uns dias para comemorar, e depois, trabalhar a equipe para o ano que vem”. Trabalhar a equipe passa por reforços importantes. Claro que muita gente dessa campanha será aproveitada, mas o Cruzeiro vai precisar de uns dez reforços de alto nível. Sem dinheiro, “papai” Ronaldo deverá recorrer a sua imagem mundial. Não duvido nada se ele tiver uma proposta de um investidor do mundo árabe ou mesmo de outra parte do mundo. Quem sabe ele pode vender 20% de sua empresa, que hoje vale o dobro do que ele pagou, e assim conseguir os recursos para quitar dívidas. É uma sugestão. O nome dele é muito forte e investidor é o que não falta.



Outra possibilidade é esse grupo investidor da Holanda e Estados Unidos, cujo diretor de Marketing, Adriano Ferreira, garante que vai investir nos estádios brasileiros, tornando-os arenas para show e, consequentemente, nos clubes que são os donos. Como o Cruzeiro não é dono do Mineirão, mas lá é sua casa, ele garante que haverá conversas com o governo do Estado e que o fundo investirá sim no clube celeste. “Se a gente vai investir no Morumbi, no Beira Rio e em outros estádios do país, entre eles o Mineirão, pois queremos transformá-los em arenas multishow, não há motivos para não injetarmos dinheiro nos clubes. Como é sabido que o Mineirão tem grande identidade com o Cruzeiro, claro que vamos ajudar o clube azul. É questão de tempo”, garante ele.

O mais importante já aconteceu e com sete rodadas de antecedência: o Cruzeiro voltou ao seu lugar de origem. Com quatro Brasileiros, seis Copas do Brasil e duas Libertadores, esse gigante não tinha mais espaço na Série B. Voltou para reconquistar seu espaço, brigar por taças, que é seu DNA, e para fazer sua gente feliz. Confesso que fiquei emocionado com o que vi quarta-feira na “Toca 3”. Feliz por Ronaldo, a quem vi nascer no futebol, com quem convivi décadas, na Seleção e nos clubes europeus pelos quais ele passou. Feliz por ver a torcida do Cruzeiro fazer aquela festa. Feliz por saber que o gigante acordou e que Minas Gerais voltará a ter seu lugar de destaque no cenário nacional com esse ganhador de taças. Enfim, tem muito trabalho pela frente, mas, como é do ramo da bola e da gestão, a torcida confia em Ronaldo e sua equipe. Série B, nunca mais. O Cruzeiro é da prateleira de cima do nosso futebol, juntando-se aos grandes campeões. Não sei se conseguirá beliscar taças já em 2023, mas que fará um papel digno, disso não tenho a menor dúvida, pois vencer é a sina de Ronaldo Nazário de Lima, simplesmente, um Fenômeno!