Jornal Estado de Minas

COLUNA DO JAECI

"Bandidos torcedores" fecham a Fernão Dias para matar ou morrer

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Eu gostaria de estar escrevendo sobre a bela fase do Neymar, os dribles do Vini Júnior ou os gols de Richarlison. Sobre a campanha do Cruzeiro na Série B, a melhor da história, ou sobre a Copa do Mundo do Catar, que está chegando. Porém, como jornalista que sou, não posso fechar os olhos para a triste realidade dos “bandidos travestidos de torcedores”, que se digladiaram na Fernão Dias, que liga Belo Horizonte a São Paulo. Duas facções de Cruzeiro e Palmeiras, que fecharam a estrada com facões, paus, pedras, lanças e armas de fogo para matar ou para morrer. Não me importa se A emboscou B, o que importa dizer é que são cenas recorrentes, de norte a sul do país, que acontecem com todas as facções organizadas. Se você usa a camisa da sua agremiação é inimigo mortal, como dizem os bandidos, “é alemão”.





As cenas são recorrentes e nos envergonham. Rodam o mundo, mostrando a falta de civilidade, de noção do uso da razão. Quantos já perderam a vida e quantos ainda vão perder? Eu condeno, veementemente, um pai que leva um filho a um estádio de futebol. Ele pode até chegar no local da partida, mas não sabe se voltará vivo para casa. Expor as crianças a essas cenas de barbáries não é uma coisa normal. Outro dia, nosso companheiro Bira Marinho foi assaltado na Esplanada do Mineirão, teve seus pertences roubados e apanhou diante do seu filho Matheus. Garanto que ele não levará mais o filho ao estádio, pois o garoto ficou traumatizado. Esse foi um caso amplamente divulgado, mas há vários que ficam impunes e que sequer são registrados. Os bandidos estão em todas as partes, amedrontando as pessoas de bem. Marcam brigas nas imediações dos estádios de futebol e até mesmo longe deles. Como cantam nas arquibancadas: “vamos para matar ou para morrer”. O curioso é que há torcidas já penalizadas por terem matado, suspensas de ir aos estádios, mas elas continuam frequentando e fazendo guerra.

Será que não há nesse país da violência, da falcatrua e da mentira, uma autoridade sequer capaz de extinguir as chamadas torcidas organizadas? Não há outro caminho, nem outra solução. Estádio de futebol deve ser frequentado por gente de bem, e ponto. É sabido que vários dirigentes de clubes são coniventes, dando ingressos, pagando ônibus, salas e telefones celulares. Já houve várias reportagens mostrando isso. Nenhuma providência é tomada. Outro dia, no clássico Flamengo x Fluminense, as cenas de horror aconteceram nas imediações do Maracanã, cinco horas antes do jogo. Os bandidos sabem que nada acontece com eles, desafiam policiais, autoridades judiciais, enfim, fazem o que querem.

Eu estou enojado. Não suporto mais ver essas cenas, recorrentes, que rodam o mundo e sujam a imagem do Brasil. Num momento de ódio extremo entre simpatizantes de candidatos A e B, onde não respeitam a democracia, o que poderíamos esperar? Como digo sempre, o futebol só é um mundo a parte nos salários irreais dos jogadores, num país com uma economia quebrada. No mais, ele está inserido nessa sociedade odiosa, podre, que acha que pode tudo. O país do faz de conta, dos políticos corruptos, da malandragem abre espaços para esses “bandidos organizados”, quando deveria proteger o cidadão de bem. Triste realidade. O futebol, já maltratado nos gramados, fica em segundo plano diante da barbárie e das cenas de violência que assistimos. A humanidade caminha para um poço sem fundo. Que tristeza! O que deveria ser lazer, emoção e paixão se transforma em praça de guerra antes dos jogos. Até quando? Esta é a pergunta que fazem os torcedores e a sociedade do bem!