Jornal Estado de Minas

COLUNA DO JAECI

A Conmebol deveria rever a decisão da Libertadores em jogo único

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Guayaquil – Desembarquei em Guayaquil na tarde de ontem, depois de um voo tranquilo, de quatro horas e meia. Sábado tem final da Libertadores entre Flamengo e Athletico-PR. Aqui chegando, os problemas também começaram. A cidade equatoriana é uma das mais violentas da América do Sul, com assaltos e mais assaltos, inclusive, à mão armada. Na porta do Hotel Hilton, o melhor da cidade, dois guardas, com escopeta na mão, fazem a segurança. É sabido que a América do Sul vive problemas sociais, de fome, de miséria, de violência, mas é preciso que a Conmebol reveja essa decisão em jogo único, copiando a Champions League. É preciso dizer que na Europa há 50 países e dezenas de cidades em condições de receber uma competição. Há trens para todos os lados e você vai de um país a outro em uma hora, por exemplo. Há hotéis disponíveis e toda a infraestrutura.





Na América do Sul, tirando o Brasil, Argentina, Chile e Uruguai, fica difícil conseguir bons hotéis, ter mais segurança e condições de receber torcedores e delegações. Além disso, os preços absurdos de passagens e de ingressos aqui em Guayaquil está fazendo muita gente desistir de vir assistir à final. Além dessa violência exagerada por essas bandas. Os próprios taxistas nos orientam e não andar com celular na mão e não deixar pertences em hotéis mais simples. Um absurdo. A gente que tem laptop e outros equipamentos, além de celulares, cartões de crédito ou dinheiro, não sabe nem o que fazer. Se deixar no hotel, corre o risco de ser roubado. Se levar para a rua, também. Não se pode trabalhar sem ter tranquilidade.

Felizmente, eu tinha reservado um grande hotel, com muita antecedência, mas já ouvi relatos de companheiros que estão vivendo esse dilema. É preciso que a Conmebol pare de pensar somente em dinheiro e entenda o lado de torcedores e da imprensa. De que adianta por o preço do ingresso lá nas alturas e o estádio ficar vazio? Pelo que li e ouvi, apenas 11 mil ingressos haviam sido vendidos, o que é um horror. Se essa final fosse um jogo na casa do Athletico-PR, diante de sua torcida, e outro no Maracanã, casa do Flamengo, diante da nação rubro-negra, teríamos dois grandes confrontos, segurança maior – embora a gente saiba que o Brasil é um país violento também – e muito mais comodidade para todos. Quando a Conmebol copiou a Uefa em final única, vibrei, mas, de uns tempos para cá, mudei de ideia. Voltar ao modelo antigo é a melhor opção.

Falando do povo equatoriano, muito solícito e simpático. Sempre disposto a nos ajudar. O Uber que peguei tinha um jovem motorista, que me alertou sobre os perigos e procurou me dar toda a assistência até chegarmos aqui no Hilton Hotel. O trânsito é complicadíssimo. Talvez seja pior que o de Rio e São Paulo. A amabilidade do povo me deixou feliz e vamos ao trabalho. O Flamengo joga hoje contra o Santos, no Maracanã, com time reserva. Preservar os titulares para a grande decisão de sábado é fundamental, assim como o Athletico-PR, que enfrentará o Palmeiras. Ambos estão concentrados exclusivamente na final e não poderia ser diferente. Vejo o Flamengo favorito, com mais time, mais jogadores importantes e mais estrutura. Porém, do outro lado tem um técnico vencedor, copeiro, chamado Felipão, que conhece os atalhos de uma decisão. É bem verdade que ele ficou marcado pelos 7 a 1, na Copa no Brasil, mas não podemos fechar os olhos para sua vitoriosa carreira. Eu apostaria 80% das minhas fichas no Flamengo e 20%, no Athletico. Em jogo único, tudo pode acontecer. Uma expulsão, um erro de passe de um jogador e tudo vai para o espaço. Lembram-se do Andreas Pereira, ano passado? Entregou o doce para o Palmeiras, ao perder a bola, que estava em seus pés, para Deyverson, que fez o gol do título. Andreas jogou o trabalho de um ano no lixo. Decisão é assim. É a hora em que “separam homens de meninos”.





Enfim, fica a sugestão para a Conmebol rever essa decisão em jogo único e o alerta aos torcedores que aqui chegarão. Cuidado, não andem pelas ruas à noite, principalmente sozinhos. Que a polícia local possa nos dar segurança e que tenhamos um grande jogo no domingo. Que vença o melhor futebol e que a Copa Libertadores reveja algumas coisas como excesso de times brasileiros e argentinos, com G-8. Quando ela era disputada pelos campeões e vices de cada país, o nível técnico era excepcional. Agora, está lá embaixo, com jogos sofríveis durante quase toda a competição. Nas semifinais e final, aí sim, temos grandes jogos.