Guaiaquil – Depois do trabalho, na terça-feira, fui assistir ao jogo Flamengo e Santos, na região de Puerto Santana, onde há vários bares e restaurantes e a torcida do Flamengo se concentra toda noite. Foi uma vergonha o que vimos no Maracanã. O árbitro e o VAR deixaram de marcar um pênalti escandaloso no jogador Camacho, do Santos, quando o jogo estava 0 a 0. No lance em sequência, Pedro fez 1 a 0 para o Fla, em golaço, de letra, mas que seria anulado caso o VAR tivesse chamado o árbitro. E, cá pra nós, foi na cara dele. Não marcou o pênalti porque não quis. Tanto ele quanto o árbitro do VAR foram punidos pela CBF e afastados. Uma vergonha. Meteram a mão no Santos e o Flamengo não precisa de ajuda de ninguém. A arbitragem brasileira é caótica, péssima e gera dúvidas nos torcedores. Um lance fácil, de penalidade, na cara, e ele não marcar, é muito suspeito!
Aqui em Guaiaquil os torcedores começam a chegar e a imprensa brasileira também. A violência na cidade, que foi “invadida” por venezuelanos, fugindo da ditadura de Maduro, é uma das mais violentas do país e isso tem nos preocupado. Procuramos andar em grupos e pegar táxis seguros, que trabalhem para os hotéis. Os venezuelanos trabalham por qualquer dinheiro e os empresários os preferem, deixando a população equatoriana sem emprego. O nível de desemprego aqui é altíssimo. O dólar americano é a moeda local, o que pesa para os brasileiros, pois pagam cinco vezes mais pela desvalorização do real. É triste ver a América do Sul com violência, desemprego e com os ditadores matando seu próprio povo. Os equatorianos são amáveis e sempre querem nos ajudar, mas, eles próprios, ficam assustados com a violência.
O Estádio Monumental, com capacidade para 69 mil pagantes, só ficará cheio se a Conmebol distribuir ingressos. Os preços, a violência e a desorganização afastaram os torcedores brasileiros. Curiosamente, vi mais torcedores do Flamengo no Mundial de Clubes, em 2019, no Catar, do que estou vendo aqui. Passagens a preços absurdos, ingressos caríssimos, falta de hotéis e insegurança desanimam quem quer vir para cá. Até ontem, apenas 11 mil ingressos foram vendidos. Por isso, acho que a Conmebol deve repensar a decisão em final única, com local previamente definido. Não estamos na Europa, como citei na coluna de ontem. Lá sim, é possível fazer isso. Talvez voltar ao modelo antigo seja a solução, com jogos de ida e volta na decisão. Ou então definir a sede depois das quartas de final, percebendo que equipes chegarão à final e pondo o jogo num país mais tranquilo. Por exemplo: este ano, poderia acontecer em Buenos Aires. Seria mais cômodo e simples para os torcedores de Flamengo e Athletico-PR. A Conmebol me parece perdida, por querer agradar as confederações dos 10 países da América do Sul.
Quando se imaginava que o Flamengo jogaria com time reserva, na terça-feira, os jogadores titulares pediram para jogar, pelo menos um tempo. Dorival Júnior revezou bem, ninguém se machucou e o Fla chega inteiro, exceto por Vidal. O Athletico-PR pôs o time todo reserva e poupou seus titulares. Vale lembrar que ritmo de jogo é importante para os atletas. O Fla titular jogou contra o Corinthians há sete dias e se os jogadores não atuassem contra o Santos, terça-feira, completariam 10 dias sem atuar, até sábado, o que não seria bom. Achei bacana a iniciativa deles próprios. Jorge Jesus não poupava ninguém. Ele dizia que os jogadores tinham a segunda-feira para descansar. E ele estava mais que certo. Só no futebol há essa mordomia.
É isso meus amigos e amigas. Flamengo e Athletico já em Guaiaquil, treino hoje e entrevista coletiva dos técnicos e capitães, amanhã. Que tenhamos um grande jogo, uma grande arbitragem do argentino Lusteau, e que vença o melhor. De um lado Felipão, copeiro, campeoníssimo, mas que ficou marcado por ter tomado de 7 a 1 em semifinal de Copa do Mundo. Isso, porém, não apaga sua vitoriosa carreira. Do outro, Dorival Júnior, campeão da Copa do Brasil, pertinho da “Glória Eterna”, ganhar a Libertadores da América. Caso isso aconteça, o Mundial poderá ser em fevereiro, nos Estados Unidos. Será que o Flamengo aguentaria o Real Madri? A esperança é a última que morre!