Conversei com o técnico Cuca na semana passada e percebi que ele não ficaria no Galo, ano que vem. Chateado pelas vaias, quando foi chamado de mercenário, ficou magoado ao extremo: "Eu não merecia isso. O que fiz pelo clube no ano passado foi algo mágico. Problemas, todos temos, mas eu vim aqui para ajudar".
Por isso mesmo cravei que ele não ficaria e, na segunda-feira, o clube anunciou o desligamento - segundo a nota oficial, em comum acordo.
Por isso mesmo cravei que ele não ficaria e, na segunda-feira, o clube anunciou o desligamento - segundo a nota oficial, em comum acordo.
Cuca não me ouviu quando eu disse a ele que não deveria voltar.
Aconteceu o mesmo quando ele retornou ao Palmeiras, depois de ter sido campeão. Foi demitido quatro meses depois. Cuca e os jogadores alvinegros deram uma liga maravilhosa em 2021, com dois títulos da maior grandeza e quase a final da Copa Libertadores.
Deixou o clube por livre e espontânea vontade e retornou, quando solicitado, para substituir Turco Mohamed, que fora demitido com o Galo em terceiro lugar, a quatro pontos do Palmeiras, com aproveitamento excelente.
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A torcida e parte da imprensa não gostavam do trabalho do Turco. Cuca reassumiu, prometendo pôr o trem no trilho. Não conseguiu, tendo desempenho de time rebaixado. Não fossem os pontos conquistados por Turco, a coisa poderia ter ficado ainda pior. Cuca foi do céu ao inferno em quatro meses e sai do clube pela porta dos fundos, em função da péssima campanha.
Antes unanimidade pelas conquistas obtidas, virou mais um, embora a história ninguém apague. É o técnico mais vencedor da história do clube. O Galo vai em busca do técnico do Fortaleza, Juan Pablo Vojvoda, que faz belíssimo trabalho há algum tempo. Ele é pretendido também por Corinthians, Vasco e outras equipes.
Caso não consiga, o Atlético deve ir em busca de Coudet, ex-Inter, também argentino, demitido recentemente do Celta de Vigo. Assim gira o futebol.
Acho curioso e já abordei esse tema em outras oportunidades. A única profissão em que o cara "cai pra cima" é a de técnico de futebol. Ele pode ir mal e ser demitido de uma determinada equipe, mas sempre haverá um clube disposto a contratá-lo.
Um engenheiro, um médico, um policial, enfim, qualquer profissional, em outra atividade, jamais será contratado se não tiver feito bom trabalho.
O futebol é um mundo à parte, assim como os salários dos treinadores. Os mais cotados chegam a ganhar R$ 1 milhão por mês, ou seja: em um ano terá acumulado prêmio de uma Mega-Sena, R$ 12 milhões. Com três anos de contrato, não precisam trabalhar mais.
E a maioria ganha altos salários para mostrar futebol abaixo da crítica, de retranca, porrada, marcação forte, esquecendo-se que a arte, o toque, o drible, o gol são as razões do futebol. Por isso mesmo estamos importando treinadores, principalmente argentinos e portugueses.
O dia em que os dirigentes perceberem que as estrelas do futebol são os jogadores e não os técnicos, talvez a coisa melhore. É preciso uma intervenção no futebol brasileiro, pois num país com a economia quebrada, em frangalhos e mais de 30 milhões de pessoas vivendo na mais completa e absoluta miséria, é inadmissível perceber que um jogador ganha R$ 1 milhão, R$ 2 milhões mensais. Salários que nem na Europa conseguiriam mais. Uma vergonha, um descalabro!
Por mais que os clubes arrecadem, é covardia com o trabalhador comum, que ganha um salário-mínimo de fome, que mal dá para comprar a cesta básica. A desigualdade no Brasil é desumana.
E, para fechar, não adianta o Atlético contratar o Guardiola. Com o grupo atual, envelhecido tecnicamente, ninguém vai fazer milagre.
Jogadores medianos, que tiveram um ano atípico em 2021 e que voltaram ao normal nesta temporada. É preciso fazer uma barca e mandar uma boa parte embora, renovar a equipe, ou com gente da base, se tiver, ou indo ao mercado. Com o grupo atual, 2023 será sofrido novamente.
Vale lembrar que o Atlético não está na Libertadores, como dizem alguns. Ganhou vaga na pré-Libertadores e terá que desbancar os adversários para aí sim entrar na fase de grupos da competição sul-americana. Se não passar, nada feito, irá amargar, justamente no ano da inauguração do seu estádio, ficar de fora da Libertadores, que ele ganhou em 2013 e vem tentando o bicampeonato, sem obter êxito.