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Estado de Minas COLUNA DO JAECI

Uma Seleção e um técnico distantes do povo brasileiro

"Tite não me representa, nem tampouco ao povo brasileiro. É apenas um instrumento da CBF, que está técnico, mas não é o dono de nada. Um zero à esquerda!"


17/11/2022 16:13 - atualizado 17/11/2022 16:32

O técnico Tite
O técnico Tite assumiu o comando da Seleção Brasileira em 2016 e tem 80% de aproveitamento. Mesmo assim não é unanimidade entre a torcida brasileira e costuma ser bastante cobrado pelo título mundial, que ficou pelo caminho em 2018 (foto: Vincenzo PINTO / AFP)

Sigo amanhã para o Catar, em minha oitava Copa do Mundo, in loco, a décima na minha carreira, contando com as Copas de 1986 e 1990, quando cobri a Seleção pelas TVS Globo e Manchete, mas não fui ao México, nem à Itália. É o sonho de todo jornalista cobrir a principal competição do planeta bola, mas confesso que os tempos mudaram, e para pior. Antes, viajávamos com os jogadores e comissão técnica, no mesmo avião, em voos fretados, e nossas empresas pagavam as nossas passagens. Tínhamos bom relacionamento com eles, os criticávamos e elogiávamos no mesmo tom, e eles compreendiam. Um ou outro ficava P da vida e misturava a relação, mas eram fatos isolados. Os treinos eram abertos, do começo ao fim. Ao final, sentávamos com quem quiséssemos para as entrevistas exclusivas.

Lembro-me ainda quase “foca” (expressão usada para jornalistas novos) que me sentei na escada da Toca da Raposa I, com Zico, Sócrates, Falcão, Júnior, Luizinho, Cerezo, Reinaldo, para várias entrevistas para a TV Globo Minas, em 1986, quando Telê Santana levou a equipe para se preparar lá, antes da Copa do México. Como era importante assistir todo o treino, pois podíamos passar para o público exatamente o que acontecia. E continuou assim com Parreira, em 1994, Zagallo, em 1998, Felipão, em 2002, Parreira, em 2006, Dunga, em 2010, Mano, em 2010-2012, Felipão, em 2014. De lá para cá, porém, tudo mudou. Dunga voltou com determinações rigorosas. A gente podia assistir aos treinos, como no passado, mas as entrevistas exclusivas ficaram escassas e somente coletivas, antes do treino, para que não perguntássemos sobre o que rolou.

Dunga foi demitido em 2016 e entrou mais um gaúcho, Tite. A sequência foi terrível: Dunga, Mano Menezes, Felipão, Dunga e Tite, de 2010 para cá. Só técnicos gaúchos, que acabaram com o futebol arte. Nada contra o Rio Grande do Sul, estado simpático e importante para a nação, mas tudo contra esses treinadores que mandam marcar, segurar o jogo, dar porrada e “evitar o gol”. Sim, essa é a filosofia deles. Com Tite, tudo piorou. Só podemos assistir a 15 minutos de bobinho, como se fôssemos palhaços. Entrevistas exclusivas são proibidas. Os jogadores não descem para o hall do hotel e, viajar no mesmo avião da delegação, nem pensar. E os resultados são pífios: eliminação na Copa da Rússia, para a Bélgica, até então seleção de segunda linha do nosso futebol. A perda da Copa América para a Argentina, em pleno Maracanã, em 2021. Tite está há 6 anos no comando do time canarinho, um feito inédito, e iludiu o povo com a participação nas Eliminatórias, quando não enfrentamos ninguém, exceto a Argentina.

Vamos estrear na quinta-feira, dia 24, contra a Sérvia, na Copa do Catar. Acredito que o Brasil deva ser o primeiro do grupo, com Camarões e Suíça, além da própria Sérvia. Nas oitavas, poderemos pegar Uruguai, Portugal, Coreia do Sul ou Gana. Também acho que poderemos passar, desde que o adversário não seja Portugal. Daí pra frente, se tudo correr da forma como deve correr, Alemanha, nas quartas, e Argentina nas semifinais. Esse seria o caminho do Brasil para uma possível final. Com Tite, Daniel Alves, Thiago Silva, Gabriel Jesus, Martinelli e outros engodos convocados, eu não acredito. Você acredita? O futebol do time brasileiro é pífio, embora os garotos, convocados por obrigação e exigência do povo brasileiro, possam dar um retorno melhor. Se conseguirmos alguma coisa, será por Vini Júnior, Raphinha, Antony, Pedro e pelo próprio Neymar, que sabe jogar bola e é nosso único craque. Pelo esquema do treinador, esqueçam. Ele é ultrapassado e retrógrado.

E, para finalizar, alguns poucos internautas estão dizendo que se o Brasil ganhar a Copa, os críticos terão de “engolir”. Balela! Engolir nada! O povo brasileiro está distante da seleção desde os 7 a 1. Com Tite, a distância aumentou ainda mais, pois ninguém o suporta. Se o Brasil ganhar a Copa, isso não vai botar comida na mesa do brasileiro, não vai dar um emprego sequer, não vai melhorar a vida de ninguém. Como disse Arrigo Sacchi, “o futebol é a coisa mais importante, entre as menos importantes da vida”. E ele tem razão. Danem-se Tite e sua trupe. Estou indo cobrir a Copa, como fiz na Rússia, e não apenas a Seleção Brasileira. Meu compromisso é com meus leitores no Estado de Minas, meus telespectadores do meu Blog no Superesportes e no meu canal de YouTube, e meus ouvintes na Rádio Tupi, a maior audiência do rádio brasileiro. No mais, um abraço ao que são do bem. Tite não me representa, nem tampouco ao povo brasileiro. É apenas um instrumento da CBF, que está técnico, mas não é o dono de nada. Resumindo: um zero à esquerda!

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