Jornal Estado de Minas

COLUNA DO JAECI

Tango argentino desafina na estreia e Arábia Saudita tem vitória histórica

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derrota da Argentina para a Arábia Saudita caiu como uma bomba no mundo do futebol, mas vale lembrar que várias seleções começaram a Copa mal e terminaram campeãs. Lembro-me da Itália, que se classificou pelo número de gols marcados, pois empatou os três jogos em 1982 e, a partir dos confrontos eliminatórios, Paulo Rossi desabrochou, marcou seis gols e os italianos foram campeões do mundo. Naquela Copa, os jogadores brigaram com a imprensa italiana.



Em 2010, na África do Sul, a Espanha estreou perdendo para a Suíça por 1 a 0 e sagrou-se campeã. É claro que a derrota para os sauditas deixa os argentinos com os nervos à flor da pele, pois um empate no próximo jogo e poderão se despedir da competição. Porém, ganhando de México e Polônia, estarão na próxima fase. Há equipes que crescem assim. Porém, o que vimos no Lusail Stadium, que será palco da final da Copa do Catar, dia 18 de dezembro, foi assustador. Uma Argentina sem corpo, alma, sem o futebol dos últimos 36 jogos, quando se manteve invicta sob o comando de Lionel Scaloni.

Os sauditas, que não tinham nada com isso, se impuseram, com forte marcação, sem dar espaços aos hermanos. O técnico do time árabe, Hervé Renard, para quem não sabe, fez belíssimas campanhas com Zâmbia e Costa do Marfim, com futebol de marcação, superação e alguma qualidade. Ele gosta desses desafios e se alguém que não conhece futebol tivesse entrado no estádio, ontem, iria imaginar que o time de verde era a Argentina, tamanha a partida que os sauditas fizeram. E olha que Messi abriu o placar com uma penalidade anotada pelo VAR, que chamou o árbitro ao monitor. O mesmo VAR que anulou três gols dos argentinos, todos eles em posição de impedimento, sendo que o segundo, de Lautaro, foi por centímetros. É a regra do jogo e não adianta lamentar.

O pobre futebol argentino apresentado ontem, sim, pode e deve ser contestado. O time de Scaloni não conseguiu fugir da forte marcação da Arábia e se limitou a tocar bola de um lado para o outro, sem achar os espaços vazios. Se quiser realmente avançar às oitavas, os argentinos precisarão mudar a postura e achar um caminho. Lionel Messi estava entregue, apático, sem vontade. Parecia um estranho no ninho diante dos seus companheiros. Vamos falar a verdade: time que tem Otamendi na zaga não pode sonhar grande! Eu avisei isso há tempos. Acho o time argentino muito bom do meio para a frente, embora ontem nada tivesse produzido. Mas sua defesa é uma lástima. Os laterais são fracos e os zagueiros deixam a desejar. O técnico Scaloni nunca foi a primeira opção, mas com a AFA sem dinheiro, foi a solução caseira e barata que estava dando muito certo, até a derrota de ontem. O futebol te leva do Céu ao inferno em pouco mais de 90 minutos.



Foi uma das maiores zebras em Copas do Mundo e um vexame para os argentinos, bicampeões mundiais. Imagino como deve estar o ambiente entre os jogadores, pois faltou absolutamente tudo, ontem, além do futebol, é claro. Di María, visivelmente fora de forma, foi uma tristeza. Lautaro Martinez foi quem mais lutou, mas, sozinho, não encontrou o caminho do gol. Nada está perdido, mas o caminho para a vitória terá que passar por decisões imediatas na escalação para o próximo jogo. Um empate e a situação poderá ficar insustentável. Nova derrota e a volta para casa mais cedo é certa, o que será, realmente, o maior vexame da Seleção Argentina.

Mais de 88 mil pagantes estiveram no estádio, que será palco da final da Copa, e os árabes eram maioria, já que o Catar faz fronteira justamente com a Arábia Saudita. Fico imaginando a recepção que o rei daquele país dará aos jogadores e técnicos. Essa vitória significou a “conquista da Copa do Mundo” para eles, mas, pelo futebol apresentado, podem roubar uma vaga da própria Argentina, México ou Polônia. A zebra saudita está solta e promete muitas emoções nesta Copa do Mundo. Vamos aguardar as cenas dos próximos capítulos, que prometem muitas emoções.

A torcida argentina, que compareceu em grande número, chegou cantando e dançando um belo tango, mas, no fim, saiu calada e frustrada pela péssima apresentação do time considerado um dos favoritos à conquista da taça. Nada está perdido, por enquanto, mas o começo dos hermanos foi um filme de terror, um pesadelo que nem o mais pessimista dos argentinos imaginava. Um tango desafinado, cujo maestro da cia, Lionel Messi, não estava nos seus melhores dias.