DOHA – Marrocos está nas quartas de final da Copa do Mundo, representando os africanos. Derrotou a Espanha, nas penalidades por 3 a 0 - os espanhóis perderam três cobranças -, e agora espera o vencedor de Portugal e Suíça. Foi uma noite épica para os marroquinos e o Education City Stadium foi à loucura. A Espanha não se preparou para as penalidades. Talvez entendesse que definiria no tempo normal, o que não aconteceu. A zebra africana voltou a assombrar na Copa do Mundo, e com um time bem equilibrado em todos os setores. O técnico marroquino disse que sonhar com a conquista da taça é um direito dele. Será que chegou a vez dos africanos na Copa do Mundo?
Foi um jogo equilibrado do primeiro minuto do tempo normal ao último minuto da prorrogação, com poucas chances de gols e muita marcação. O Marrocos me impressionou por sua postura eficiente, de duas linhas de quatro e uma marcação forte. A Espanha não conseguiu repetir seu melhor jogo, que foi aquele no empate com a Alemanha. É um time jovem, para mais duas Copas, no mínimo, mas, muito trabalho a fazer.
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E mais um detalhe. Quando a Copa tinha apenas 16 seleções, ou até 24, o nível técnico era excepcional. Incharam para 32 seleções e é isso que a gente vê. Primeira fase absolutamente ruim. Oitavas fracas, com a Copa começando somente nas quartas de final. Imaginem em 2026, com 48 seleções. A Fifa só quer dinheiro. Está se lixando para o produto futebol, para o lado técnico da história. Quanto mais seleções, mais patrocinadores, mais países e o voto garantido. Tanto que o atual presidente, Gianni Infantino, se reelegeu sem nenhuma oposição. Foi aclamado. É a velha política de agradar os continentes e receber o seu voto!
Fiquei impressionado com a força da torcida marroquina. O Education City Stadium mais parecia Marrakesh. O barulho das vaias, quando a Espanha pegava na bola, era ensurdecedor. O Marrocos não é uma galinha morta. Time muito bem treinado. Confesso que me surpreendi com os marroquinos. Eles não deixavam a Espanha respirar. Embora tivessem mais posse de bola, os espanhóis não chutavam em gol, pois a marcação era fortíssima. Foi um jogo intenso, mas de poucas finalizações. A rigor, o Marrocos teve uma grande chance, e a Espanha outra. O empate no primeiro tempo foi justíssimo.
Começou a segunda etapa, e uma frase de Mário Jorge Lobo Zagallo, veio à minha cabeça. Em 1996, na Olimpíada de Atlanta, fomos eliminados pela Nigéria. Então, ele disse: “os africanos estão se preparando para ganhar uma Copa do Mundo. Não vai demorar”. De lá para cá já são 26 anos e ainda não aconteceu. Mas, com o futebol tão nivelado por baixo, realmente o “velho Lobo” tem razão. Uma hora vai acontecer. Até o Brasil perdeu para Camarões!
O jogo entre Marrocos e Espanha continuou difícil para ambos, sem chutes a gol. A marcação de uma intermediária à outra era a tônica da partida. Morata entrou para tentar mudar a história da partida. Artilheiro nato, tem o faro do gol.
O cheiro de prorrogação estava no ar. Um jogo intenso, sem chutes a gol. É preocupante o futebol atual. Por isso existem tantos matemáticos, com estatísticas e números. Antigamente, era bola na casinha e ponto. A Espanha quase marcou no final, em cobrança de falta que o goleiro marroquino espalmou. E não teve jeito: prorrogação.
Prorrogação e pênaltis
Na prorrogação a Espanha parecia querer definir, mas a forte defesa marroquina não dava espaços. O Marrocos só saía na boa, para não correr o risco de errar. O cheiro de penalidades estava no ar. O Marrocos teve a bola do gol com Cheddira. Cara a cara com Unai Simón, chutou nas pernas do goleiro espanhol. E assim terminou o primeiro tempo da prorrogação. 0 a 0.
O segundo tempo foi do mesmo jeito. Poucas chances e erros na hora de finalizar. Na última delas, Sarabia recebeu na direita e chutou forte. A bola bateu na trave e saiu. Quase 130 minutos de um jogo que acabou definido nas cobranças de penalidades. E deu Marrocos, 3 a 0. A Espanha perdeu as suas três primeiras cobranças, o que mostrou que os espanhóis não estavam preparados para esse tipo de situação. O Marrocos é a África na Copa do Mundo. Será que ele pode sonhar mais alto?