Estive no deserto do Catar, na quarta-feira, fazendo uma reportagem para o meu Blog no Superesportes e meu canal de Youtube. Gostei muito do que vi por lá, do encontro do deserto com o Golfo Arábico, bem na fronteira com a Arábia Saudita. Andei a camelo, passeei de caminhonete pelas dunas e vivi uma aventura ímpar, junto com os companheiros Marcos Paulo e Júlio Filho. Só não gostei de uma coisa: recolhi muitos sacos plásticos e garrafas de água, jogados no deserto, num completo desrespeito.
Os turistas deveriam preservar o lugar, e levar de volta aquilo que consumiram, para não degradar o ambiente. É um lugar belíssimo, e o pôr do sol dos mais incríveis que já vimos. Estive em Riad, Arábia Saudita, 4 vezes. Nessa quarta, ao estar pertinho da fronteira, passou um filme na minha cabeça, principalmente sobre a Copa das Confederações, em 1997, quando fomos campeões, com 6 a 0 na Austrália, 3 gols de Romário e 3 de Ronaldo.
Pékerman campeão com Sorín
Tive a oportunidade de me sentar com José Pekerman, ex-técnico da Seleção Argentina, um dos mais respeitados do mundo. Eu conhecia suas histórias, através do amigo Sorín, que sempre teve muita gratidão por ele. No encontro, nós relembramos que em 1995, aqui mesmo no Catar, Sorín e Pekerman foram campeões mundiais com a Argentina sub-20, uma conquista e tanto.
Naquela época, esses prédios gigantescos, de arquitetura futuristas, não existiam. Era tudo um grande deserto. Curioso que sou, perguntei a ele quem é o melhor de todos os tempos, Messi ou Maradona. "Messi é genial, um craque, mas Maradona é uma entidade, é inigualável e eu o ponho ao lado de Pelé", disse Pekerman.
Discordei, com educação, dizendo que Pelé é inigualável e incomparável. Aí me veio a palavra certa, e ele concordou: Pelé foi mais completo que Maradona. Ficamos umas duas horas falando de futebol e foi mais um grande aprendizado na minha carreira. Por fim, gravamos uma mensagem para Sorín, que está no Catar, mas tinha outro compromisso, e o ex-craque cruzeirense nos respondeu, imediatamente. Pekerman é seu ídolo como treinador.
Endrick é notícia velha
Quem acompanha meu trabalho vai se lembrar que no dia da estreia do Brasil, na Copa do Catar, entrevistei Frederico Pena, empresário de Endrick e Vini Júnior, e garanti, ao lado dele, que a joia palmeirense estava vendida para o Real Madrid.
Amigo de longa data, Fred disse: "é você quem está dizendo". E eu banquei mesmo, pois já tinha a informação de que o jovem craque palmeirense havia optado pelo time merengue.
Hoje, 13 dias depois, o mundo está confirmando a negociação e a venda do jogador do Palmeiras para o Real Madrid, que ganhou a concorrência com PSG e Manchester City.
Quem chega cedo bebe a água limpa, e ter amigos no mundo do futebol nos traz muitas boas informações. Quem quiser conferir a entrevista do dia 24 está lá no meu canal de Youtube e no meu Blog no Superesportes, e até mesmo no meu instagram @jaecicarvalhooficial.
Chuva abençoada
Quando voltávamos do deserto, por volta das 19h dessa quarta-feira, pegamos uma chuva, ainda que fraca, mas tivemos essa benção. Aqui no Catar chove 9 dias por ano, e tivemos esse privilégio.
A estrutura das caminhonetes no meio do deserto é fantástica. Há um posto, específico para calibragem dos pneus, pois quando vamos subir as dunas, eles são esvaziados para não atolarem e terem mais tração. Na volta, são enchidos, para andarem nas estradas.
A indústria do turismo no deserto é espetacular, e os guias e motoristas, bastante gentis. Só não gostei de ver que os guias dos camelos dão um chute no joelho do animal, para que ele agache para os turistas subirem. Sou contra qualquer tipo de maus-tratos a animais.
A melhor torcida da Copa
Fiquei impressionado com o que vi no jogo Marrocos x Espanha, não só nas arquibancadas, como na tribuna de imprensa. O Education Stadium só tinha torcida marroquina, que fez uma festa gigantesca, após eliminar a Espanha.
Nas tribunas, companheiros de trabalho do país africano foram ao delírio, gritando e chorando, uma emoção incontida. O Marrocos é o único representante do continente africano que sobrou neste Mundial, e quer ir longe.
Até então os argentinos eram a melhor torcida aqui, barulhentos e provocadores. Entretanto, os marroquinos tomaram o lugar deles, e garanto que Portugal terá dificuldades para avançar, pois o maior aliado deles é a torcida.
E, vale lembrar, que os catarianos, eliminados na primeira fase, têm agora por quem torcer. Estamos no Oriente Médio, mas garanto que aqui eles vão torcer pelos africanos.