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coluna do jaeci

Jorge Jesus é o nome para mudar o futebol brasileiro

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Conversando com uma grande fonte da CBF, na Copa do Mundo do Catar, ele me disse que a ideia do presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, é contratar um treinador que possa mudar o futebol brasileiro da água para o vinho e fazê-lo voltar aos velhos e bons tempos. Eu disse a essa pessoa que só via dois nomes: o português Jorge Jesus e o brasileiro Fernando Diniz. São treinadores que jogam para frente, que pensam na tabela, no passe, no drible, no gol. Claro que descartado o Pepe Guardiola, que seria unanimidade. Jorge Jesus nos fez reviver, em 2019, quando comandou o Flamengo e ganhou seis títulos em um ano, as décadas de 1960, 1970 e 1980 do nosso futebol. O Flamengo jogava um futebol de primeira linha, que levava aos seus jogos não só os rubro-negros, mas torcedores do país inteiro, em busca da qualidade, das belas jogadas. Nada de palavras chulas como “pega, mata a jogada, dá porrada”. Jorge Jesus não conhece esse “palavriado.”



O presidente da CBF, que irá ao Marrocos para o Mundial de Clubes, jamais pensou em Abel Ferreira, outro português vencedor, mas com características bem diferentes das de JJ. Ferreira é mais de marcação, haja vista os jogos do Palmeiras. Até constrói placares maiores em alguns jogos, mas por erros dos adversários do que por sua própria competência. Esse está descartado. Pensar em Ancelloti a curto prazo, para uma conquista imediata na Copa de 2026, que será sediada em conjunto por Estados Unidos, México e Canadá, seria ótimo. Mas ele não mudaria nossa característica, já que é italiano e o futebol do país da Bota é de muita marcação. Ancelloti dirige o Real Madri e, por mais que queira uma retranca, não consegue, pois lá estão os mais habilidosos e importantes jogadores do mundo. Se for para mudar a característica do nosso futebol e transformá-la em arte, nada feito. José Mourinho, outro português consagrado, é da escola de Ancelloti e presa muito pelo sistema defensivo. Portanto, senhoras e senhores, se a CBF pensa em resgatar o nosso futebol verdadeiro, só há um nome: Jorge Jesus.

Entre os técnicos brasileiros, somente Fernando Diniz gosta do futebol arte e bem jogado. Pesa contra ele o fato de não ter ganhado títulos, mas isso acontecerá naturalmente. Prefiro um treinador sem taças, mas com ideias novas e revolucionárias, a um ganhador com futebol feio. Aprendi a gostar do que é bom com dois mestres que eu jamais deixo cair no esquecimento: Telê Santana e Carlos Alberto Silva. Suas equipes jogavam bonito e ganhavam. Diniz se aproxima do estilo dos dois saudosos treinadores. Sei que ele vai enfrentar uma grande resistência. Lembrei-me de um nome que está livre no mercado e que me agrada demais: Marcello Gallardo. Porém, não acredito que a CBF e o povo brasileiro aceitariam um técnico argentino no comando do nosso time. Seria demais para o ego do brasileiro, principalmente por serem os hermanos os atuais campeões do mundo. Mas que Gallardo pensa o futebol para frente e moderno, ah isso ele pensa.

Vejam a que ponto chegamos. Exceção feita a Felipão, que ganhou em 2002, mas que também protagonizou o vexame dos 10 a 1, 7 da Alemanha e 3 da Holanda, na Copa do Mundo em nossa casa, os demais técnicos gaúchos acabaram com o nosso futebol e nossa autoestima. Dunga (2 vezes). Mano Menezes (1), Felipão (2) e Tite (2). De 2007 para cá já se vão 16 anos de retrocesso desse esporte, por causa desse futebol de “pega, mata a jogada, dá porrada”. Com esses treinadores jamais ouvimos “dribla, tabela, joga pra frente, marca na bola”. O pior de todos é Tite, que em seis anos, nada conseguiu. Jogou nosso futebol na lama, apoiando ex-jogadores, como Thiago Silva, Daniel Alves (acusado de estupro), Gabriel Jesus e o próprio Neymar, “foguete molhado” na Seleção, que nunca foi, em clube nenhum, o que dele se esperava e imaginava. É um excelente jogador, mas bem abaixo da expectativa criada em torno dele. Tite foi seu refém e pagou caro por isso. Não vai aqui nenhuma xenofobia contra os gaúchos. Adoro o povo de lá, seus costumes e tradição. Só não gosto do sistema que os treinadores de futebol adotam.



A distância da Seleção Brasileira para o povo aumentou, ao ponto de 70% não terem se interessado pela Copa do Mundo do Catar. É objetivo do novo presidente da CBF fazer o Brasil jogar em nosso território partida amistosas, de preferência contra seleções europeias fortes. Fomos eliminados em cinco edições por equipes do velho Mundo, sendo quatro nas quartas de final e uma na semifinal, o fatídico 7 a 1. E olha que os alemães já declararam que o técnico Joachim Low pediu para que tirassem o pé. Tinha caixa para 12 a 1! Confesso que não gostaria de estar na pele de Ednaldo Rodrigues, pois se no passado havia uma “penca” de técnicos brasileiros habilitados a dirigir o escrete canarinho, hoje não existe. Só espero que nunca mais alguém fale o nome do péssimo Mano Menezes. Em dois anos comandando a seleção, nosso futebol não teve nenhuma evolução. Muito pelo contrário, “involuímos!”

Ednaldo Rodrigues tem sido transparente, correto, ético e me parece querer resgatar a credibilidade da entidade. Tudo isso vai depender muito do desempenho da Seleção Brasileira daqui até o Mundial de 2026. Faltam três anos e quatro meses, já que a Copa do Catar foi em novembro e dezembro, datas atípicas para os Mundiais que são disputados sempre em junho e julho. A CBF anda por um caminho com o qual sempre sonhei: comandar apenas a Seleção Brasileira de Futebol e deixar que os clubes criem suas ligas e comandem seus próprios destinos. Ednaldo não vai se opor. Ao contrário, é a favor disso, pois sabe que é o que a modernidade exige. Vale lembrar que, exceto pelas bandas da América do Sul, nos outros continentes as confederações cuidam única e exclusivamente de suas seleções. Antes tarde do que nunca!