O torcedor, principalmente os jovens, que só querem saber de ganhar a qualquer preço - a geração que chamo de Nutella -, tem Gabigol como maior ídolo, como se Nunes, Zico, Adílio e Andrade nunca existissem.
Querem outro exemplo: David Luiz. Foi mandado embora do Arsenal - a torcida soltou até foguete o dia em que ele saiu do clube -, mas o Flamengo o repatriou, pagando uma pequena fortuna salarial. É fraquíssimo e fez parte daquele vexame dos 7 a 1, entregando o Brasil. Aí eu pergunto: como um time assim pode dar certo?
Porém os dirigentes se sentem acima do clube, acham que são mais importantes que os 50 milhões de torcedores rubro-negros e tratam o clube como se fosse deles.
Rodolfo Landim e Marcos Braz estão dirigentes, não são donos dos cargos e nem tampouco eternos. Cometeram uma tremenda covardia com Dorival Júnior, técnico campeão da Libertadores e Copa do Brasil, e agora estão pagando caro por isso, com eliminação em cima de eliminação, com o fraco Vitor Pereira no comando, que também fez covardia com o Corinthians. Aqui se faz, aqui se paga. O inferno, meus amigos, é aqui mesmo.
Há outras dezenas de exemplo de jogadores repatriados Brasil afora. Vou encerrar com o lateral-esquerdo Marcelo, que foi contratado pelo Fluminense, voltando ao time que o revelou, 17 anos depois.
Foi um grande lateral no Real Madrid. O clube o mandou embora, depois de chupar todo o caldo. Foi para a Grécia, mas rescindiu o contrato por não suportar jogar lá. A competitividade é alta. Mas o Fluminense, para fazer média com a torcida, o repatria, pagando um salário absurdo, e a torcida bate palma e fica encantada. Depois, não entende o motivo de o clube estar quebrado.
São esses desmandos que quebram o futebol brasileiro e os clubes. Por isso, sempre fui a favor do clube-empresa, para acabar com essa promiscuidade. Profissionais, CEOs, são contratados para dar lucro e taça. Jamais um clube-empresa contrataria um jogador em fim de carreira, pagando salário de R$ 1 milhão, mensais. Duvido!
Podemos até exportar vários jovens, a cada temporada, mas poucos deles vingam como craques. No momento temos apenas um nesse caminho: Vinícius Júnior, que pode sim chegar lá, pelo belo futebol que vem praticando. No mais, estamos carentes, embora com estádios cheios, o que é uma contradição para um futebol tão pobre.
Talvez a carência de grandes espetáculos explique isso. É inadmissível um estádio cheio para ver 55 faltas, 40 minutos de bola rolando, arbitragem tenebrosa e jogadores sem o menor comprometimento com o verdadeiro futebol.
Será que o torcedor brasileiro é masoquista? Pelo jeito, não há dúvida!