Jornal Estado de Minas

COLUNA DO JAECI

A promiscuidade da repatriação de jogadores no Brasil

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O futebol brasileiro entra num caminho perigoso e promíscuo quando repatria jogadores brasileiros que deram caldo na Europa ou que não deram certo por lá, pagando salários irreais, que confrontam nossa economia. Vou citar como exemplo o Flamengo, que repatriou Gérson, contratou Vidal e trouxe Gabigol há alguns anos. Esses caras têm salários de Europa, numa economia quebrada como a do Brasil. Mandam e desmandam nos clubes e se acham os maiorais. 



Gabigol tem serviços prestados ao Flamengo, com gols que deram títulos. Porém, a quantidade de gols que ele perde é uma coisa absurda. Eu nunca esqueço que ele ficou um ano na Inter, de Milão, e no Benfica, e foi reserva o tempo todo, marcando apenas um gol. Foi correndo bater na porta do Santos, foi artilheiro por lá, e despertou o interesse do rubro-negro. 

No momento, vive péssima fase junto com o time, mas discute com a imprensa, não aceita críticas e quer mandar até nos técnicos. Está "bancando" Vítor Pereira, elogiando-o.

O torcedor, principalmente os jovens, que só querem saber de ganhar a qualquer preço - a geração que chamo de Nutella -, tem Gabigol como maior ídolo, como se Nunes, Zico, Adílio e Andrade nunca existissem.

O caso mais emblemático é o chamado "coringa" Gérson. Ele já havia fracassado na Europa, quando o Flamengo o repatriou. Com JJ teve seu melhor período e ano passado foi vendido ao Olympique de Marselha, por quase R$ 100 milhões. Um ano depois, volta com a viola no saco, pois não deu certo por lá, mais uma vez. 



Vi alguns youtubers dizendo que ele não fracassou. Balela. Fracassou sim, tanto que nenhum grande clube europeu se interessou por ele. Imediatamente, jurou amor ao Flamengo e seu pai, que é seu empresário, fez o possível e o impossível para ele voltar. Voltou e não está jogando nada. Não marca ninguém, cria muito pouco e está devendo um bom futebol. Ganha uma fortuna por mês. 

Querem outro exemplo: David Luiz. Foi mandado embora do Arsenal - a torcida soltou até foguete o dia em que ele saiu do clube -, mas o Flamengo o repatriou, pagando uma pequena fortuna salarial. É fraquíssimo e fez parte daquele vexame dos 7 a 1, entregando o Brasil. Aí eu pergunto: como um time assim pode dar certo?

O Flamengo vendeu João Gomes por R$ 110 milhões e contratou Gérson, de 26 anos, por R$ 80 milhões. Não teria sido melhor aumentar o salário de João Gomes, de apenas 20 anos, com futebol de gente grande, e não negociá-lo? Claro que sim.

Porém os dirigentes se sentem acima do clube, acham que são mais importantes que os 50 milhões de torcedores rubro-negros e tratam o clube como se fosse deles. 

Rodolfo Landim e Marcos Braz estão dirigentes, não são donos dos cargos e nem tampouco eternos. Cometeram uma tremenda covardia com Dorival Júnior, técnico campeão da Libertadores e Copa do Brasil, e agora estão pagando caro por isso, com eliminação em cima de eliminação, com o fraco Vitor Pereira no comando, que também fez covardia com o Corinthians. Aqui se faz, aqui se paga. O inferno, meus amigos, é aqui mesmo.





Há outras dezenas de exemplo de jogadores repatriados Brasil afora. Vou encerrar com o lateral-esquerdo Marcelo, que foi contratado pelo Fluminense, voltando ao time que o revelou, 17 anos depois.

Foi um grande lateral no Real Madrid. O clube o mandou embora, depois de chupar todo o caldo. Foi para a Grécia, mas rescindiu o contrato por não suportar jogar lá. A competitividade é alta. Mas o Fluminense, para fazer média com a torcida, o repatria, pagando um salário absurdo, e a torcida bate palma e fica encantada. Depois, não entende o motivo de o clube estar quebrado. 

São esses desmandos que quebram o futebol brasileiro e os clubes. Por isso, sempre fui a favor do clube-empresa, para acabar com essa promiscuidade. Profissionais, CEOs, são contratados para dar lucro e taça. Jamais um clube-empresa contrataria um jogador em fim de carreira, pagando salário de R$ 1 milhão, mensais. Duvido!

Esse é o novo futebol brasileiro, que não ganha uma Copa do Mundo há 20 anos - vai completar 24 anos sem ver a cor do troféu, em 2026, na Copa dos Estados Unidos, México e Canadá -, que não tem um craque sequer e que se acha, ainda, o melhor futebol do planeta. 





Podemos até exportar vários jovens, a cada temporada, mas poucos deles vingam como craques. No momento temos apenas um nesse caminho: Vinícius Júnior, que pode sim chegar lá, pelo belo futebol que vem praticando. No mais, estamos carentes, embora com estádios cheios, o que é uma contradição para um futebol tão pobre. 

Talvez a carência de grandes espetáculos explique isso. É inadmissível um estádio cheio para ver 55 faltas, 40 minutos de bola rolando, arbitragem tenebrosa e jogadores sem o menor comprometimento com o verdadeiro futebol.

Será que o torcedor brasileiro é masoquista? Pelo jeito, não há dúvida!