No Congresso da Fifa, que aconteceu em Kiagli, Ruanda, onde o presidente Gianni Infantino foi reeleito para mais um mandato, os presidentes da Conmebol, Alejandro Dominguez, e da Uefa, Aleksander Ceferin, acordaram que as seleções sul-americanas deverão fazer dois amistosos contra equipes europeias, ainda este ano, em datas-Fifa. Uma boa notícia para a Seleção Brasileira, que tem se queixado de não conseguir adversários do Velho Mundo, o que o prejudica quando chega o Mundial.
Claro que essa é a desculpa para a perda das últimas Copas do Mundo, com vexame em cima de vexame, mas, enfrentar seleções poderosas é sempre bom. O presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, que faz um trabalho de recuperação da entidade, dando a ela credibilidade e transparência, ainda está à procura do treinador ideal. Ele concorda comigo, quando digo que é preciso recuperar o nosso futebol, tornando-o bonito e atraente, como era no passado.
A espera por Carlo Ancelotti, que para alguns poderá ser demitido, caso o Real Madri não chegue à final da Champions League, já que a perda do Campeonato Espanhol para o maior rival, Barcelona, parece certa, é o trunfo do presidente, mas ele tem outros nomes na manga da camisa, entre eles, Jorge Jesus e José Mourinho. O problema que, exceto Jesus, os demais não têm o perfil de montar times ofensivos e que jogam bonito. O italiano Ancelotti, até faz isso porque dirige o melhor time do mundo, que não sabe jogar na retranca.
Qualquer treinador que dirija o time merengue será obrigado a mudar sua filosofia de jogo. A escola italiana, nós conhecemos muito bem. Uma retranca só, que conquistou quatro títulos mundiais. Porém, para um projeto de ganhar Copa do Mundo em 2026, acho que Ancelotti funcionaria bem. O contrato dele com o Real Madri vai até 2024 e o presidente Florentino Perez o adora, são grandes amigos. Não sei até que ponto um fracasso nesta temporada poderia realmente causar sua demissão.
As Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa de 2026 vão começar em setembro. É preciso definir logo um nome para que o trabalho não seja prejudicado. Quem sabe Ramon Menezes não se torna um novo Scaloni, que foi ficando, por ser barato, como técnico da Argentina, e acabou campeão do Mundo no Catar? Para isso, Scaloni contou com o apoio dos jogadores, que abraçaram seu projeto. Se Ramon for bem contra o Marrocos, por exemplo, no fim do mês, poderá ser mantido, fechar com o grupo e o presidente entender que ele poderá evoluir.
A convocação dele foi estratégica, tirando de uma vez vários fracassados sob o comando de Tite. Só em perceber que Thiago Silva, Daniel Alves (preso, acusado de estupro) e Neymar, que passou por cirurgia no tornozelo, não estão no grupo, dá um alívio. Esses caras são “laranjas podres” que contaminam qualquer um.
A hora é de Vini Júnior, que está voando na Europa, brilhando com trabalho espetacular, humildade e carisma. E de outros jogadores como seu companheiro Rodrygo, que também brilha no Real Madri. Vamos renovar a Seleção, respirar outros ares, buscar novos jogadores que tenham amor à camisa, de verdade, e que se interessem por ela.
Acho que Ednaldo Rodrigues está no caminho certo, privilegiando a decência, a transparência e qualidade do nosso futebol. Se ele conseguir um treinador que possa nos fazer voltar a jogar com tabela, drible, toques e gols, vamos aplaudir e apoiar. Chega de técnicos paneleiros, de confraria, de proteger atleta A e B. Vestir a camisa amarela deve ser motivo de orgulho e é esse sentimento que precisa ser resgatado.
Convivi com os melhores da história, desde Zico, Reinaldo, Falcão, Cerezo, Luizinho, Éder, comandados pelo saudoso Telê Santana, em 1982 e 1986, e, de lá para cá, com outros craques como Romário, Ronaldo, Roberto Carlos, Cafu. Todos tinham muito orgulho e vontade de vencer. Não à toa, chegaram a três finais seguidas, ganhando duas, em 1994 e 2002. É desse futebol que estamos falando e não disso que o Tite mostrou em duas Copas do Mundo. Repito o que escrevi durante o Mundial: não é sobre perder ou ganhar, vai muito além disso.