Quando Ronaldo contratou o desconhecido uruguaio Paulo Pezzolano nenhum de nós havia ouvido falar nele e a desconfiança foi geral. O trabalho foi brilhante e o Cruzeiro foi campeão com os “pés nas costas”, em um ano mágico em 2022. Em dezembro, Pezzolano conversou com a diretoria que sairia, mas foi mantido até anunciar sua demissão, após a eliminação na semifinal do Mineiro para o América. Eu o teria deixado sair já em dezembro e procurado um treinador que pudesse dar prosseguimento ao trabalho e montasse o planejamento para essa temporada. Abordei isso no meu Blog, no Superesportes, no domingo, logo após o anúncio da. O novo técnico, o português Pepa, outro desconhecido, vai chegar e traçar suas ideias, seus planos e com quem deseja contar. Estamos em 22 de março, um pouco tarde para quem quer se planejar para se manter na elite do nosso futebol. O Cruzeiro tem jogo pela Copa do Brasil, dia 12, e estreia no Brasileirão, contra o Corinthians, dia 16, no Itaquerão. Muito complicado.
Por tudo o que fez na temporada passada, acredito que o torcedor deva dar mais um crédito a Ronaldo Fenômeno, que prometeu, no programa “Altas Horas”, que coisas grandes aconteceriam para o Cruzeiro nesta temporada. O problema é que já estamos quase no quarto mês do ano e o que vemos é um quadro assustador. O Cruzeiro foi muito mal no Campeonato Mineiro, perdendo pontos para equipes de séries C e D. Eu disse que contratações deveriam ser feitas, pois a carência é grande. Ninguém tá pedindo a contratação de Messi, mas de jogadores que saibam o que é a elite e que possam encorpar esse time. Não adianta iludir o torcedor. Com a equipe atual as chances de brigar para não cair são grandes. Acredito em Ronaldo, no quesito gestão, por tudo o que ele tem mostrado ao longo de sua jornada na nova função, mas é preciso alertá-lo que as coisas não são tão simples. Todas as equipes que subiram com o Cruzeiro, Grêmio, Vasco e Bahia, se reforçaram para disputar a Série A, somente o time celeste vive esse impasse, pois dos jogadores que chegaram, três ou quatro têm o espírito que a competição nacional vai exigir.
Ronaldo é da bola e sabe muito bem o que a equipe precisa. Todos entendemos as condições financeiras precárias, mas é fundamental buscar alternativas, principalmente pelo nome que tem. As portas se abrem quando se trata de Ronaldo Fenômeno e ele sabe muito bem disso. Já constatei isso pelo mundo e, mais recentemente, em Doha, quando convivemos lá no hotel Fairmont, da Fifa. Com o time atual, nem mesmo Guardiolla faria algo melhor. Um bom técnico precisa de boas laranjas para fazer uma excelente laranjada. No momento, o Cruzeiro carece dessas “laranjas” para estar no grupo que vai brigar do sétimo ao décimo segundo lugar. Sem jogadores experientes em Série A, acho difícil. Confio e acredito em Ronaldo e peço ao torcedor um voto de confiança para ele, que provou na temporada passada, ter achado o caminho certo. Mas o alerta está ligado. É preciso muito mais do que o grupo que aí está.
Seleção Brasileira
O presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, que faz um trabalho de transparência e resgate da entidade, até aqui muito bem avaliado, espera uma conversa com Carlo Ancelotti, conforme anunciei há algum tempo, para tentar contratá-lo. Ancelotti tem contrato até 2024 com o Real Madrid, que disputa a Copa do Rei e a Champions League, em condições de ganhar. O Campeonato Espanhol ficou difícil, pois faltam 12 jogos e o Barcelona tem 12 pontos de vantagem sobre o Real. Não acredito que nem um fracasso custe o cargo do treinador, mas há quem aposte nisso. O presidente Florentino Perez é quase um irmão fraterno de Ancelotti e com as conquistas recentes do treinador não seria justo demiti-lo, ainda que haja um fracasso na temporada. É preciso ter cartas na manga e, neste momento, acredito que Jorge Jesus, que está deixando o Fernebache, seja a grande opção. Ele faz parte da lista do presidente e é sabido o sonho de ele voltar a dirigir uma equipe brasileira, no caso o Flamengo, ou a própria Seleção Brasileira. Há ainda a opção de Ramon Menezes se dar bem e ir ficando, como aconteceu com Lionel Scaloni, que de interino passou a técnico de fato e acabou campeão do mundo. O grupo o abraçou e deu o respaldo necessário. Quem sabe isso possa acontecer com Ramon Menezes?