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Estado de Minas COLUNA DO JAECI

A Libertadores é uma competição traiçoeira

"Há vários resultados inimagináveis que aconteceram na competição. Portanto, não existe grupo fraco na prática, somente na teoria"


29/03/2023 04:00

Sorteio de grupos da Libertadores
Sorteio da Copa Libertadores colocou o Atlético em um grupo forte, mas o time mineiro e o Athletico-PR são considerados favoritos para mudarem de fase (foto: NORBERTO DUARTE / AFP)


Definidos os grupos da Copa Libertadores da América, Galo e Corinthians pegaram os grupos mais fortes. Isso na teoria, porque o que é mais forte pode se tornar mais fraco, dependendo do desempenho de sua equipe. O Atlético caiu no grupo com o Athletico-PR, Alianza Lima e Libertad. Considero jogos difíceis, e vale lembrar que o Galo terá que fazer os resultados, em casa, já que os dois últimos jogos serão na casa dos adversários. Não deve deixar para decidir lá. Fazendo dez pontos nos quatro primeiros jogos, não tenho dúvidas de que estará dentro. O time mineiro sonha com o bicampeonato e, como a final será em 11 de novembro, no Maracanã, a torcida já vislumbra uma invasão, como aconteceu com o Corinthians, em 1976, numa semifinal contra o Fluminense, pelo Brasileirão, quando 40 mil corintianos “invadiram” o Rio de Janeiro e dividiram o Maracanã com a torcida do Flu. Como de BH ao Rio são 6 horas, de carro, e 45 minutos de avião, não tenho a menor dúvida de que a torcida alvinegra iria em peso. Imaginem um Flamengo x Atlético, no Maracanã?

O grupo do Flamengo é fraquíssimo. O rubro-negro acabou premiado no sorteio, pois só vai pegar equipes estreantes na competição, Alcas e Nublense, exceto o Racing, da Argentina, que, curiosamente, tirou o Flamengo da quarta decisão em quatro anos, pois foi eliminado nas penalidades. O Flamengo disputou três finais em quatro anos e ganhou duas, perdendo uma para o Palmeiras, naquela “entregada” de Andreas Pereira. Vale lembrar, porém, que “porco magro é quem suja a água” e, ainda que os adversários sejam tecnicamente mais fracos, a Libertadores é uma competição traiçoeira. Vi a LDU ser campeã em cima do Fluminense, no Maracanã, em 2008, nas penalidades. O Flu era franco favorito, mas não confirmou isso, embora tenha vencido para levar a decisão para as penalidades. Vi também o Cruzeiro, que havia vencido o Once Caldas, por 2 a 1, na casa deles, perder em Sete Lagoas por 2 a 0 e ser eliminado nas oitavas de final. Enfim, há vários resultados inimagináveis que aconteceram na competição. Portanto, não existe grupo fraco na prática, somente na teoria.

Em 2020, tivemos decisão brasileira, com o Palmeiras campeão em cima do Santos. Em 2019 o Flamengo ganhou em cima do River. Em 2021 deu Palmeiras em cima do Flamengo. Em 2022, o Flamengo foi campeão em cima do Athletico-PR. Vejam que Palmeiras e Flamengo dominaram os últimos anos, com dois títulos para cada. Como o Brasil fica com até oito vagas, não é difícil prever mais uma final entre clubes brasileiros. Eu sou contra esse critério adotado pela Conmebol. Com 20 clubes, o campeão e o vice de cada país, a competição fica mais qualificada. Com 32 equipes, é essa várzea que a gente vê, com jogos sofríveis. Se você qualifica a competição terá grandes jogos. O problema é que Fifa, Conmebol e as entidades em geral quantificam para ter mais votos e para que os dirigentes se perpetuem no poder. Veja que quase não há renovação. Houve, em 2015, por causa do “Fifagate”, que pôs na cadeia vários dirigentes corruptos. Foi nessa onda que surgiram novos personagens, que parecem estar trabalhando com transparência e honestidade, e isso, que deveria ser obrigação, conta como algo extraordinário. Gianni Infantino e Alejandro Dominguez estão surfando nessa onda, e o presidente da Fifa acabou de ser reeleito no congresso em Ruanda. É bom lembrar que alternância de poder é saudável, mas, no futebol, isso nunca acontece. Os dirigentes se perpetuam como donos dos cargos nas entidades e nos clubes de futebol.

Fico vendo mensagens e depoimentos de torcedores que dizem amar mais o clube pelo qual torcem do que suas famílias. Domingo, vimos uma cena triste, que foi um pai invadir o campo com a filha no colo para bater num jogador, na partida em que o clube dele, o Internacional, foi eliminado da final do Gauchão. Realmente é para repensarmos tudo o que está acontecendo e essa cultura do ódio, da briga, da porrada. Os jogadores não se respeitam, os torcedores, menos ainda, e os dirigentes vivem trocando farpas, via rede social ou imprensa, acirrando ainda mais os ânimos de quem está sem emprego, sem casa, sem perspectiva de vida. Isso tudo gera violência.

Para fechar, e mudando do futebol para o dia a dia, tivemos o assassinato cruel de uma professora, numa escola em São Paulo, e várias outras pessoas feridas. O assassino, de 13 anos, não teve seu rosto mostrado e foi “apreendido” e não preso. Aqui nos Estados Unidos, quando isso acontece, normalmente a polícia consegue abater os assassinos. E, quando são presos, têm seus nomes divulgados e vão para a penitenciária com prisão perpétua ou pena de morte. Realmente os políticos brasileiros, que trabalham terça, quarta e quinta-feira, e ganham salários absurdos, com dezenas de assessores, não têm a menor intenção de proteger a sociedade de bem. Enquanto criminosos tiverem privilégios, o “poste vai continuar mijando no cachorro”. Acho curioso que vários movimentos conseguem colocar 2 milhões de pessoas protestando nas ruas, mas protestos para que tenhamos lei e penas mais duras a gente não vê. Assassinos de qualquer idade têm que ser presos e não apreendidos. Têm que ir para a penitenciária, e não para a Fundação Casa. Têm que ter a identidade e o rosto revelados, pegar prisão perpétua, e não ficar três anos reclusos, e depois soltos, para cometer outros crimes nas ruas.


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