Jornal Estado de Minas

COLUNA DO JAECI

Os perigos do "amor" cego pelo time

Conteúdo para Assinantes

Continue lendo o conteúdo para assinantes do Estado de Minas Digital no seu computador e smartphone.

Estado de Minas Digital

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e segurança do Google para fazer a assinatura.

Experimente 15 dias grátis



Os tempos mudaram e, infelizmente, para pior. Garanto que quando o saudoso Bororó fundou a “Charanga Atleticana”, a saudosa Dulce Rosalina criou a torcida do Vasco e tantos outros líderes, dos bons tempos, fundaram torcidas organizadas, não imaginavam que viveríamos dias de caos, terror e morte provocados justamente por integrantes de torcidas. Como era bonito ver o Mineirão lotado, com 120 mil atleticanos e cruzeirenses dividindo o estádio, com cânticos e coreografias maravilhosos. O resultado do jogo não significava briga ou morte, no máximo um mau humor de um ou de outro perdedor. Porém, a cada ano, com mais integrantes e vários bandidos infiltrados, as torcidas organizadas se tornaram um terror, sinônimo de guerra e morte, de norte a sul do Brasil. As autoridades perderam o controle sobre elas e os dirigentes se tornaram reféns, haja vista que hoje são obrigados a receber os líderes dessas facções, assim como os jogadores e técnicos, que são agredidos e afrontados nas portas dos CTs, locais de trabalho deles.





No dia em que li uma mensagem de um torcedor, dizendo que amava mais o clube do que a família dele, passei a entender o quão doente está a humanidade. Outros dizem que seus clubes são sua religião. Os cânticos provocadores como aquele que diz “viemos para matar ou para morrer, e ninguém vai me segurar, nem a PM” são realmente tenebrosos. Vivemos um mundo doente, onde a vida não vale nada, onde um menor, assassino, é apenas “apreendido” e não pode ter seu rosto mostrado. No mundo inteiro os assassinos, seja de que idade for, têm a identidade revelada, mostrada na TV e sofrem as punições que um adulto sofreria. Além, é claro, dos que são abatidos, e a população dá razão aos policiais no cumprimento do dever de defender o povo. No Brasil, os policiais são confrontados e os menores, assassinos, tratados como crianças, que são internadas na Fundação Casa para cumprir medida sócio-educativa. Um assassino cumprindo esse tipo de medida, quando deveria estar na cadeia, com prisão perpétua. Será que o mundo está errado e o Brasil é o único certo?

Só para citar um exemplo recente, aqui dos Estados Unidos, o assassino Nikolas Cruz matou 17 pessoas num dos piores massacres ocorridos na Florida. Ele foi condenado a prisão perpétua, mas a população, inconformada, luta para que ele seja executado e tenha decretada a pena de morte. No Brasil, não temos pena de morte e muito menos prisão perpétua. Quando a gente vê a assassina dos pais, Suzane Ritchtofen, que cumpriu 15 anos de cadeia, na rua, fazendo universidade, a gente percebe que o Estado falhou. Ela é um dos milhares de exemplos de assassinos, condenados, que têm os benefícios da fraca lei brasileira.

Voltando ao futebol e a violência entre torcidas, temos centenas de mortes, ao longo dos últimos anos, sem solução. Domingo, vimos uma cena das mais lamentáveis no jogo entre Internacional e Caxias. Um pai (se é que esse sujeito pode ser chamado de pai), invadiu o campo, com a filha no colo, para agredir um jogador do Caxias e um jornalista. Uma cena das mais terríveis que já vimos. Tudo em nome do “amor” ao clube. Isso não é amor e esse cara não é torcedor. É apenas mais um desequilibrado, agressivo, que não respeitou sequer a filha de colo. Imaginem o que ele não faria se não estivesse com a criança? Um cara desses não pode conviver com a sociedade de bem. Ele corre o risco de perder a guarda da filha e já está proibido de frequentar o estádio. Alguém acredita mesmo nisso? Não se assustem se em breve ele for visto frequentando os estádios, pois não existe punição no Brasil, infelizmente.

O amor que eles dizem ter pelo clube não passa de um ódio, guardado, que não admite que o outro torça pelo time rival. Eles vão para “matar ou morrer”, como dizem nos Cânticos e, quando a Polícia coíbe a violência nas imediações ou dentro do estádio, eles marcam pontos de encontro para a guerra. Isso vem acontecendo há décadas, sem uma solução visível. Aí eu pergunto: não há uma autoridade nesse país, capaz de acabar com essa guerra no futebol? Com a resposta, as autoridades brasileiras. A sociedade de bem exige providências urgentes, antes que mais gente morra nas mãos desses odiosos, que são tudo, menos torcedores de verdade dos clubes.





Skank e o último show

Como eu gostaria de ter ido ao último show do Skank, no Mineirão, domingo. Infelizmente, por questões financeiras e de saúde, não pude estar lá. Mas estava de coração, pois o grupo faz parte da minha história em BH. Aliás, fui a um show deles, no caminho para Sete Lagoas, em 1987, quando o grupo ainda se chamava Pouso Alto. Não havia mais que 100 pessoas. No último concerto, tocaram para mais de 60 mil vozes, no Gigante da Pampulha. Me contentei em mandar mensagens para meus amigos, Samuel, Henrique, Haroldo e Lelo, além, é claro, de Fernando Furtado, produtor e empresário da banda. Esses caras estarão em nossos corações e memória, eternamente. O Skank não acabou, apenas vai dar um tempo para que cada um siga a carreira solo. Serão bem-sucedidos em tudo o que fizerem. São os nossos “Beatles”. Só posso dizer muito obrigado pelas belíssimas canções, pelos inesquecíveis shows e pela obra eterna do Skank.