Os campeonatos estaduais, competições falidas, retrógradas e ultrapassadas, terminarão no próximo fim de semana. Que notícia maravilhosa! Só existem porque as federações ainda estão vivas, e são elas quem votam no presidente da CBF com peso maior que os clubes, que são os donos do espetáculo.
Conversando com um ex-diretor de Globo Minas, ele me disse: "A gente só compra os estaduais pelo institucional. São competições que dão enorme prejuízo." Em nenhum lugar do mundo onde o futebol é levado a sério temos estaduais.
Nas décadas de 1960, 1970 e 1980, os estaduais tinham valor histórico, com grandes jogos, estádio lotados e clubes mais fortes no interior, que revelavam jogadores para os clubes da capital. Isso não existe há décadas, e o que a gente assiste hoje são times de aluguel, muitas das vezes formados em cima da hora, para a disputa da competição.
Sem esquecer que, para Flamengo, Fluminense, Atlético Mineiro, Cruzeiro, Palmeiras, Corinthians, Grêmio e Inter, por exemplo, não acrescentará nada ganhar esse troféu.
O torcedor moderno sabe que o que vale, de verdade, é Copa do Brasil, Brasileiro, Libertadores e Mundial. Nem mesmo Supercopa e Recopa têm algum peso. São competições para enganar o torcedor.
Sou a favor de uma pré-temporada de verdade. Um mês inteiro com os clubes treinando e se preparando para as competições fortes. Por outro lado, o América ser campeão, o Água Branca, Caldense, Portuguesa-RJ, Caxias-RS, é um alento, pois são equipes que dificilmente levantam troféus.
Não sou a favor de acabar com os times menores, com o fim dos estaduais, mas, sim, que a CBF, tão rica e poderosa, organize séries B, C e D mais rentáveis e competitivas. É preciso investir mais nesses clubes, para que tenham condições de contratar jogadores e fazer campanhas dignas.
A CBF não é banco para ficar com lucro de bilhão de reais a cada ano. O dinheiro que entra na entidade deveria pertencer aos clubes, pois são eles que levam as multidões aos estádios. Aliás, já passou da hora de a CBF cuidar apenas da Seleção Brasileira e não dar mais nenhum pitaco no futebol brasileiro. Caberá aos clubes se organizarem, fundar a Liga e comandar seus próprios destinos.
Chega de termos uma entidade dando as cartas e enchendo os cofres de dinheiro. Em 15 de abril começa o Brasileirão, ainda organizado pela CBF. Espero que seja o último, pois a Liga tem que ser fundada o mais rapidamente possível.
É preciso haver um acordo entre a Libra e a LFF, que brigam, por vaidades dos dirigentes. Na Libra estão os clubes mais fortes e tradicionais do país. Na LFF, equipes menores e sem força, exceto Galo e Internacional. O Fluminense já declinou para a Libra.
Outra coisa: dirigentes que mais parecem "rainhas da Inglaterra" se acham os donos do futebol. Não sabem nem se a bola é redonda, pois nunca deram um chute nela. São vaidosos, se acham donos das instituições, quando apenas estão no cargo, não são os donos deles.
Vão passar e, alguns, mesmo campeões, jamais serão lembrados. Quero ver Cruzeiro x Flamengo, Palmeiras x Grêmio, Vasco x Internacional, Corinthians x Atlético Mineiro. Grandes jogos e equipes que realmente vão almejar alguma coisa.
É uma pena que o nosso futebol esteja tão carente, tão necessitado de jogadores de maior valor, que saibam tabelar, driblar, tocar a bola, fazer o gol.
O que temos visto é desanimador, e hoje, mesmo com Flamengo e Palmeiras dominando o cenário dos últimos cinco anos, não temos uma equipe referência, pois o futebol apresentado é de segunda linha.
Depois da pandemia, os estádios andam lotados, mostrando a carência de um povo que quase não tem diversão, que é oprimido pela condição social e pela falta de perspectiva de emprego e uma economia mais sustentável. Ainda assim, esse apaixonado pelo futebol gasta o que não tem para ver seu time jogar.
Somos um povo apaixonado pelo futebol, mas não podemos fechar os olhos para a violência que circunda o esporte bretão. No jogo de sábado, entre Flamengo e Fluminense, um torcedor do Flu foi assassinado e outro ficou ferido, num bar nas imediações do Maracanã. O assassino, um policial penal, foi preso.
São fatos recorrentes, que nos envergonham e, a cada semana, acontecem em um estado e um estádio diferentes. Será que ainda podemos acreditar nas instituições brasileiras, ou o crime organizado já ganhou essa guerra?
Com a resposta, as autoridades brasileiras e os congressistas, que trabalham a partir da tarde de terça-feira, até quinta-feira, ganhando salários astronômicos e com dezenas de assessores. Curioso é que a gente não vê manifestação da sociedade de bem e ordeira para protestar contra esse desmando.