Primeiro é preciso dizer que o estádio do Galo ficou belíssimo, de primeiro mundo e quem falar o contrário é inveja. A obra, sonhada por Daniel Nepomuceno, o grande entusiasta da realização do estádio, que teve o doutor José Salvador, dono do Mater Dei, como grande homenageado pelo então presidente, Alexandre Kalil, em uma reunião que decidiu que o estádio seria aprovado-, em breve contarei essa história-, está de pé e enche de orgulho os atleticanos.
Dito isto, é preciso relatar, também, que o estádio custou mais do que o dobro do previsto e a venda do shopping Diamond Mall, esse sim um belo patrimônio, que seria usada para a conclusão das obras, não teve o impacto esperado. A situação é desesperadora, pois só de juros, no último ano, o Atlético pagou mais de R$ 200 milhões.
O Palmeiras também segue o mesmo caminho, e ainda que a presidente, Leila Ferreira, seja bilionária, ela não põe um centavo no clube. Gere com mão de ferro e não contrata sem ter dinheiro para pagar salários.
O atual presidente do Galo já declarou várias vezes que se “não fosse o dinheiro dos mecenas, não conseguiria pagar salários, Transfer Ban e outras despesas, e que seu clube estaria na Segunda Divisão”. Vale lembrar que os mecenas ajudam da melhor maneira possível, mas o dinheiro deles não é dado, pois tudo na vida tem um custo. Por mais que queiram ajudar o clube pelo qual torcem, há um limite de gastos, e é sabido que mecenato não é a melhor forma de se administrar uma instituição de futebol.
São fatos, e contra fatos não há argumentos. Não adianta querer vender para a torcida um clube que não existe. É preciso responsabilidade na hora de contratar, de gerir, de saber onde o calo aperta. As receitas de Flamengo e Palmeiras são infinitamente superiores as do Galo, só para citar os dois clubes que têm dominado o futebol brasileiro nos últimos anos, exceto em 2021. Querer fazer média com a torcida, achando-se o maioral, dá nisso. Uma dívida impagável, que está deixando os atleticanos atordoados e sem perspectiva.
A verdade é uma só: o buraco no qual o Galo entrou é mais profundo do que imaginavam seus dirigentes. Rodrigo Capelo, jornalista especializado em finanças, traçou um caminho árduo, preocupante, e quase sem saída para o clube mineiro. Os dirigentes brasileiros, de norte a sul do país se acham donos dos clubes. Vão fazendo dívidas para satisfazer os torcedores, cometem irresponsabilidades e no fim acontece isso. Não precisamos ir muito longe. Se atravessarmos o Atlântico, com destino a Espanha, vamos ver um clube campeoníssimo, no momento quebrado, que é o Barcelona. Com uma dívida de 8 bilhões de euros (R$ 48 bilhões), luta para vender ativos e tentar uma solução. Nem contratar pode, pois a La Liga tem regras duras para quem deve muito. Tudo isso por gestões equivocadas, ao longo dos anos. A conta sempre chega.
A situação do Atlético Mineiro é de caos. Por sorte, ainda existem os mecenas, que seguram as pontas, pagam dívidas, salários e tudo o mais. Há quem garanta que eles comprarão parte da SAF, mas há quem diga também que eles querem é pular fora do barco. A verdade é uma só: os clubes têm que ser geridos por gente responsável, que não dê o passo maior que a perna. Querer fazer charminho para a torcida e tentar se equiparar a Palmeiras e Flamengo, dá nisso. Uma dívida impagável e um sonho da casa própria que se tornou um verdadeiro pesadelo. Internautas perguntam se o atual presidente vai soltar nota oficial, de repúdio, pondo a imprensa nacional como “persona non grata” ao Atlético. Afinal, todos os órgãos de imprensa estão condenando a atual gestão, por uma dívida inimaginável e impagável.