Como é bom ver o time da estrela solitária, de Garrincha, Didi, Gérson, Nílton Santos, Jairzinho, Paulo César Caju, Zagallo e tantos outros craques, liderando uma competição em nível nacional.
O Botafogo, assim como a maioria das equipes, não tem nenhum jogador acima da média, mas tem um grupo muito bem montado e treinado, jogadores entrosados e que têm o mesmo objetivo.
Uma folha salarial de acordo com a realidade do clube e da economia do Brasil. Um dono, John Textor, que é da bola e que sabe como mexer o doce, ao contrário de muitos por aí, que administram sem ter noção do que é o futebol, pagando salários exorbitantes, pegando empréstimo em banco para quitar os salários.
Não sei se esse Botafogo é "fogo de palha" ou se realmente chegou para mudar a história tão sofrida dos últimos anos, mas que é um prazer ver o clube na posição em que está, disso não tenho dúvida. Não vejo o clube com time e banco para se manter onde está, mas, vai ganhando confiança, atropelando os adversários, como fez com o Corinthians, na quinta-feira, e conquistando pontos.
Já tem 1/3 dos pontos necessários para fugir do rebaixamento, já que se trabalha com 45 pontos, mas acho que esse Botafogo quer mais que isso. Quer algo grande, como a conquista do Brasileirão. Em meu comentário na Rádio Tupi, a maior audiência do rádio brasileiro, perguntado sobre quais times disputariam a taça, apontei Fluminense e Flamengo.
Disse que o Botafogo não iria a lugar nenhum, assim como o Vasco. Que bom que o "Fogão" está contrariando as expectativas criadas em torno dele e derrubando adversários considerados favoritos.
O futebol de hoje é assim. Não adianta ter dinheiro mal investido, ou jogadores badalados. Vale a organização, a vontade e, acima de tudo, um grupo homogêneo, onde um jogador se doa pelo outro, sem vaidade, sabedor de que o sucesso do grupo será o sucesso de cada um deles.
As SAFs ainda não são a oitava maravilha do mundo como imaginávamos. Há a questão jurídica que determina que elas são responsáveis pelas dívidas do clube, embora até aqui a coisa não esteja funcionando.
Você não pode fechar uma empresa, esquecer as dívidas e simplesmente fundar uma nova, começando do zero. Se fosse assim, todos os empresários que quebraram fariam o mesmo. As SAFs devem assumir o passivo do clube e pagar as dívidas.
A maioria está fazendo uma espécie de condomínio de clientes, propondo pagar as dívidas em até 15 anos. Isso não é correto. Há funcionários demitidos, que ganhavam salário-mínimo e não receberam até hoje.
É preciso que os donos das SAFs tenham essa preocupação. É um processo novo no Brasil, mas, aos poucos, vai se ajustando.
Acho que os donos dos clubes deveriam olhar com carinho para essa gente.
Com mais um grave escândalo no futebol brasileiro, jogadores se vendendo para manipular recebimento de cartões, para pôr a bola para escanteio ou cometer penalidades, os possíveis compradores de clubes vão se afastando.
Os possíveis investidores na Liga, que está a caminho, também vão pisar no freio e esperar os desdobramentos da Operação Penalidade Máxima, em que a nossa grande instituição Polícia Federal, a quem respeitamos e admiramos, está investigando dezenas de jogadores que se venderam para quadrilhas de apostas.
Já há provas contra alguns e outras estão por serem desvendadas. Uma vergonha. O cara sonha a vida toda em vencer no futebol, o que não é fácil, e suja sua vida e a carreira, se vendendo.
Vale destacar que não podemos e não devemos pôr todos os jogadores no mesmo balaio. É uma minoria criminosa que está sendo investigada. A maioria dos jogadores tem caráter, honestidade e vergonha na cara.
Outra coisa importante de se dizer é que os investigados não foram condenados, portanto, qualquer juízo antecipado, antes de uma condenação, não é correto.
Voltando ao futebol e ao Botafogo, que bom que um time sem medalhões, sem os bilhões que o Flamengo, por exemplo, fatura por ano, está liderando o Brasileirão. Isso prova que competência não passa por dinheiro e sim por gente que é da bola, do ramo e que sabe muito bem como montar uma equipe.
Não me importa se o Botafogo vai se manter ou não nessa posição. O que vale é destacar a decência dos atletas, a simplicidade de Luiz Castro e a eficiência do dono do clube e sua equipe de trabalho.
Futebol feito com seriedade e por um americano de 57 anos, nascido no Missouri, de nome John Textor, dono também do Crystal Palace, da Inglaterra, que está mostrando como se gere um clube, sem conchavo com agentes de jogadores, sem gastos excessivos, sem atrasar salários. Ele faz exatamente aquilo que se prontificou a fazer quando comprou o Botafogo.
Vida longa a ele e que o "Fogão" consiga se manter no topo, para a alegria dos torcedores do clube da estrela solitária. Lá no céu, Garrincha, maior símbolo do clube, deve estar radiante de alegria. Viva a seriedade no futebol.