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Estado de Minas COLUNA DO JAECI

Técnicos e jogadores donos da verdade no futebol

Os dirigentes do futebol, os técnicos e jogadores devem ter responsabilidade maior, pois alguns comandam verdadeiras massas


04/06/2023 04:00 - atualizado 04/06/2023 08:45
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Abel Ferreira, treinador do Palmeiras
Abel Ferreira, treinador do Palmeiras (foto: Giuseppe Cacace/AFP)
Técnico e jogadores no Brasil querem determinar o que a imprensa deve ou não perguntar, se acham no direito de desmentir os profissionais ao vivo e parece que são os "donos da verdade". Ao fim de todos os jogos, as entrevistas de alguns treinadores e jogadores são caóticas e perigosas.

A mais recente aconteceu no Maracanã, na quinta-feira, quando Gabigol, perguntado pelo repórter da TV Globo Eric Faria sobre a crise de relacionamento no grupo, o desmentiu e disse que aquilo não é Big Brother, onde o jogo de intrigas é comum. Disse ao repórter que o viu falando sobre um possível racha entre ele e Davi Luiz e saiu de campo abraçado ao zagueiro. 

Meus caros amigos, sou da época de um jornalismo sério, em que você fazia matérias exclusivas com os jogadores, que eram verdadeiros. Certa vez, entrevistei Romário, que veio da Holanda para um jogo do Brasil, em Porto Alegre, e Zagallo o colocou no banco.

Perguntei ao Baixinho o que ele achava da situação e ele respondeu: "O Zagallo só pode estar delirando, me tirar da Holanda para ficar no banco aqui". Zagallo veio questionar, e Romário confirmou o que havia me dito. O Baixinho sempre foi muito homem, de personalidade forte e grande caráter.

Abel Ferreira chegou ao ponto de tomar, na mão grande, o celular de um produtor de TV Globo, no Mineirão. Apropriação indébita é roubo. É um dos artigos do Código Penal. Mas ele é rico e famoso, e no Brasil não há cadeia para essa gente. Os péssimos exemplos se sucedem, e a coisa vai ficando pior, pois técnicos e jogadores jogam os torcedores contra a imprensa séria. 

Claro que há os puxa-sacos dos clubes, os tais youtubers que são torcedores e não jornalistas. Alguns até são formados, mas não passam de torcedores fanáticos, que atrapalham o trabalho dos jornalistas sérios. As perguntas são sempre "alisando" jogadores e treinadores. Vivemos um mundo perigoso, de ódio, de guerra entre facções de torcedores, e isso é muito triste. 

Outro fator que pesa é o fato de o Congresso Nacional ter acabado com a exigência do diploma para jornalistas. O sindicato da categoria luta, bravamente, para que tal exigência volte a funcionar. Foi um descalabro do governo petista.

Vimos também o último governo jogando a população contra a Rede Globo, principalmente. Isso não é democracia e, sim, irresponsabilidade. 

O Brasil é o país onde o "poste mija no cachorro". Receber um ditador, acusado de crimes contra a humanidade é o fim do mundo. Seja qual presidente for, ele não tem o direito de fazer o povo brasileiro passar por essa humilhação. 

Os dirigentes do futebol, os técnicos e jogadores devem ter responsabilidade maior, pois alguns comandam verdadeiras massas. O Flamengo, por exemplo, tem 50 milhões de torcedores. Gabigol jogou essa gente contra Eric Faria, que na verdade fez excelente trabalho e perguntou aquilo que um repórter de verdade tem que preguntar. Ele não está ali para "passar pano."

Quem "passa pano" é youtuber torcedor do clube. Claro que há alguns sérios, como o Paparazzo Rubro-negro, que é jornalista formado, e o Flazoeiro, que é um cara ético e que critica e elogia no mesmo tom. Como hoje qualquer um tem canal no YouTube, é preciso separar o joio do trigo.

Vimos também uma pergunta de um repórter da Itatiaia ao técnico Eduardo Coudet, que logo o reprimiu, dizendo que aquela não era a pergunta, como se coubesse a ele pautar o jornalista. A pergunta era pertinente e inteligente. O treinador pode se dar ao direito de responder ou não, mas querer determinar o que deve ser perguntado é demais. 

Hoje os jornalistas não veem mais os treinamentos, e os clubes escolhem quem vai falar na coletiva. Matérias exclusivas acabaram, tudo piorou. Estão copiando a Europa nisso, mas deveriam entregar um futebol em nível do Velho Mundo. Já que impedem a imprensa de fazer tudo, que possam melhorar o nível técnico dos jogos, o tempo de bola rolando, dirigentes mais bem preparados, técnicos competentes e por aí afora. 

Quem exige tem que dar contrapartida, e o que temos visto no Brasil são treinadores despreparados, nenhum craque, dirigentes passionais e fracos, árbitros que dão vergonha e VAR que não tem critério. Esse é o futebol brasileiro no país da mentira, da falcatrua e da violência em níveis inaceitáveis. 

Acho curioso que, para uma passeata gay para acabar com a homofobia, o que é justo e correto, o povo brasileiro põe 2 milhões de pessoas. Mas para protestar contra políticos corruptos, ladrões e contra os desmandos do congresso, de forma ordeira e pacífica, não temos nem 100 mil pessoas. Se o povo está conformado com essa violência e matança de inocentes no país, é realmente de doer.

Dizem que cada povo tem o governo que merece, mas não penso assim. O brasileiro, em sua esmagadora maioria, é um povo ordeiro, de caráter, lutador e que não merece de jeito nenhum governantes corruptos e sem compromisso com a sociedade.

Enquanto a maioria do povo vive com o salário-mínimo de fome, os governantes estão viajando em aviões maravilhosos, frequentando palácios, comendo caviar e tomando os melhores vinhos do mundo.

Peguem a vida de alguns políticos e percebam o que tinham antes de entrar no parlamento e o que têm hoje. A maioria enriqueceu assustadoramente. Contra fatos não há argumentos. Temos sim uma minoria séria e dedicada às causas da população, mas uma minoria mesmo, bem pequena. Pobre Brasil, tão maltratado nas mãos de oportunistas e demagogos.

Falha nossa


Na coluna de quarta-feira, sobre a Copa do Brasil, falei de Atlético Mineiro e Cruzeiro, ambos eliminados, e me esqueci do América, única equipe mineira que avançou às quartas de final. Peço desculpas aos americanos, pelo esquecimento. O Coelho, que vai muito mal no Brasileirão, correndo o risco de voltar à Série B, fez uma partida de garra e raça com o Internacional, depois de levar 3 a 0 no primeiro tempo.

O gol salvador de Juninho levou a decisão para as penalidades, e Maidana selou a classificação do Coelho. Agora é aguardar o sorteio e torcer para o América pegar Bahia ou Athletico-PR, equipes médias, já que Palmeiras, Corinthians, Flamengo, São Paulo e Grêmio são gigantes.

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