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COLUNA DO JAECI

CBF refém de Ancelotti é o fim do mundo

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O presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, tem procurado fazer uma gestão transparente, de qualidade e bem aberta a jogadores, dirigentes e imprensa. Procura resgatar a imagem da entidade, tão arranhada nos últimos tempos, por escândalos e corrupção. Porém, no quesito treinador da Seleção Brasileira, está cometendo um erro crasso ao tornar a entidade refém do excelente técnico, Carlo Ancelotti. Ele deu sinais de que poderá esperar o treinador italiano até junho do ano que vem, quando o contrato dele com o Real Madri terminará. Ednaldo diz que os jogadores querem Ancelotti e o povo brasileiro, também. Querer o treinador do Real Madri é uma coisa. Esperar por ele durante um ano é um absurdo sem tamanho. E tem mais: quem garante que daqui a um ano ele vai querer dirigir a Seleção? Ancelotti declarou, recentemente, que por ele “ficaria no Real Madri para o resto da vida”. E tem um detalhe: com as contratações que o time merengue está fazendo, e pode ter até Mbappé, a possibilidade de títulos é enorme, o que garantiria o treinador por mais temporadas na Espanha. O presidente, Florentino Perez, é amigo de Ancelotti e não abriria mão dele.





Há quem diga que Ancelotti já ganhou tudo e que o desafio seria dirigir a Seleção Brasileira. Ora, senhoras e senhores, Ancelotti é italiano e entre dirigir a seleção de seu país, numa possível queda de Mancinni, e dirigir o time brasileiro, claro que optaria pela sua pátria. Aliás, esse “cavalo já passou arriado” algumas vezes e ele sempre declinou. Em 2005, se não me engano, fui ao Arsenal fazer uma entrevista com o pentacampeão do mundo, Gilberto Silva. Ele conseguiu uma entrevista para mim com seu técnico, Arsene Wenger. Perguntei ao técnico francês se o caminho natural dele seria dirigir a Seleção Francesa, e ele respondeu. “Isso jamais passou pela minha cabeça. Na Seleção você reúne os jogadores pouquíssimas vezes no ano. No clube, trabalho com eles, todos os dias e posso fazer um trabalho bem melhor”. Tanto é que foi campeão inglês, de forma invicta, no último título do clube de Londres, pela Premier League.

É o caso de Ancelotti. Claro que ele se sente honrado com o convite para dirigir a única seleção pentacampeã do mundo, mas daí a dizer que aceitaria o convite, há uma distância grande. Ninguém ouviu Ancelotti dizer que conversou com alguém da CBF. As informações que tenho, de uma fonte que é unha e carne com o presidente da CBF, é de que ele pediu a interlocutores para trabalharem junto ao técnico italiano, a possibilidade de uma conversa.

Como Real Madri e Ancelotti resolveram usar a cláusula de renovação do contrato, nem sei se ele receberia Ednaldo Rodrigues, que pretende ouvir o Não, pessoalmente. Fazer média com o torcedor não é uma boa política, e deixar que jogadores determinem quem deve ser o técnico, também não. Nesse ponto, Ricardo Teixeira era taxativo. Já o vi, em sua sala, dizendo a um treinador de seleção que não queria a convocação do jogador A e do jogador B, e o técnico obedeceu e seguiu a cartilha à risca. Teixeira pode ter todos os defeitos, mas como presidente da CBF ganhou duas Copas do Mundo, 1994 e 2002, e fez 3 finais seguidas. Tirando ele, só seu sogro, João Havelange, ganhou 3 Mundiais, ou seja, só a família Havelange-Teixeira ganhou os 5 títulos da Copa do Mundo que o Brasil tem.





Presidente da CBF não tem que ser bonzinho com jogadores, técnicos ou fazer média com a imprensa e a torcida. Tem que ter decisão. Ednaldo deve partir para o plano B que chama-se Jorge Jesus. Ele está livre no mercado, já disse que é um sonho dirigir a Seleção Brasileira e não assinou um contrato milionário com a Seleção da Arábia Saudita, porque sonha com o time canarinho. Meu caro Ednaldo, não perca tempo com Ancelotti, nem cometa a loucura de espera-lo até 2024. Já perdemos 1 ano, pois Tite anunciou que largaria a seleção após a Copa do mundo, em junho passado. Perdemos tempo, pois o técnico substituto já deveria ter sido escolhido, ano passado, tão logo Tite deu tal declaração. Não faça média com ninguém e continue seu trabalho transparente, de resgate do nome da entidade e de eficiência. Esse tempo perdido pode nos custar a Copa de 2026, e na hora da porrada, torcida e imprensa vão cair em cima de você, não tenha a menor dúvida disso.

Uruguai brilha na Sub-20

O Uruguai, do meu amigo, Francisco Tomás, leia-se, Parrilla Del Mercado, sagrou-se campeão do mundo na categoria Sub-20, ao derrotar a Itália, no domingo, por 1 a 0, na Argentina. Um país pequeno, com pouco mais de 3 milhões de habitantes, mas com jogadores de alto nível, entre os quais, destaco um dos meus ídolos, Enzo Francescolli, o príncipe. Como jogava bola! Parabéns aos uruguaios pela eficiência e pelo belo futebol e que meu amigo Tomás continue tomando seus vinhos e comemorando esse grande feito! E ainda foi na Argentina, que não gosta dos uruguaios, mas teve que aturá-los.