Jornal Estado de Minas

COLUNA DO JAECI

Uma Seleção desmoralizada e longe do povo

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Sou de uma época em que se comemorava convocação de jogadores dos nossos times para a Seleção Brasileira. Tínhamos, no mínimo, dois grandes jogadores por posição, e a concorrência era gigantesca. Não havia empresários e os técnicos tinham autonomia para convocar quem bem entendessem. Jogador não opinava sobre quem deveria dirigir o time canarinho, pois quem os comandava eram treinadores de verdade: Zagallo, Parreira, Telê Santana, Carlos Alberto Silva e por aí vai.





Os caras tinham orgulho de vestir a amarelinha e a lista para a Copa do Mundo era aguardada com ansiedade. Um dos maiores jogadores da história, o príncipe, Dirceu Lopes, não foi a uma Copa do Mundo. Atualmente, seria o maior jogador do time canarinho, com certeza. Ademir da Guia, outro gênio, não foi titular numa Copa, e temos outros vários exemplos de gênios da bola que ficaram pelo caminho, sem disputar um Mundial. Hoje, não, qualquer jogador medíocre é convocado, e tão logo isso acontece, o empresário já recebe proposta do exterior e o negocia. Os exemplos estão aí para quem quiser ver.

Na quinta-feira (15), o mundo foi surpreendido com a ridícula declaração do atacante Richarlyson de que a camisa 9 é dele e todo mundo sabe disso. Ele é reserva no Tottenham, quase não jogou nessa temporada e nem deveria ter sido convocado para os inexpressivos amistosos na Espanha e Portugal. Porém, os técnicos não convocam mais por merecimento e, sim, por outro motivo, que não sabemos qual.

É bom lembrar a Richarlyson que a camisa 9 do Brasil teve, entre outros, Careca, Ronaldo Fenômeno e Romário (que jogava com a 11, mas era centroavante). Richarlyson não engraxaria a chuteira de treino de nenhum deles e de tantos outros jogadores que vestiram a amarelinha. Cláudio Adão, Nunes, Roberto Dinamite. Enfim, uma declaração antipática e vergonhosa de um jogador que não tem história nenhuma no futebol, que andou fazendo uns golzinhos na Copa do Catar. A camisa da Seleção Brasileira está mesmo banalizada.




 
Se Seleção é momento, Richarlyson e outros convocados por Ramon, não deveriam nem estar no grupo. É uma vergonha convocar um atacante que não faz gols e é reserva em sua equipe. Que critério é esse? Realmente, a gente percebe que não há um caminho para a nossa Seleção. Escrachada, maltratada, desmoralizada perante a opinião pública. Quem vai querer assistir ao caça-níquel Brasil x Senegal ou Brasil x Guiné?  Ninguém. Nem mesmo eu, que procuro assistir a jogos do mundo inteiro, tenho interesse em ver Richarlyson e cia. Esses caras não me representam.

Já foi tempo que eu tinha amor pelo time canarinho. Até 2006, eu ainda sentia prazer. De lá para cá, faço as coberturas, profissionalmente, mas não torço. Se ganhar, bem, se não ganhar, amém. Num país onde 30 milhões de pessoas vivem na mais completa e absoluta miséria, do salário mínimo de vergonha, onde professores, médicos e policiais, profissões essenciais, ganham pessimamente, “o futebol é a coisa mais importante entre as menos importantes da vida”.

Não me interessa se o técnico será A ou B, ou se os jogadores convocados têm currículo para vestir a camisa que já nos deu muito orgulho. Confesso a vocês que em termos de Seleção Brasileira, cumpro meu papel, ainda mais nos tempos de hoje, onde os treinos são fechados e na hora dos jogos o futebol é de quinta categoria. Pobre Seleção Brasileira, a única pentacampeã do mundo, tão maltratada e largada, sem apelo, sem proximidade como povo e sem nenhuma perspectiva de ganhar um Mundial.





QUEM MANDA SÃO OS JOGADORES?

O presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, disse que “vai conversar com os jogadores, e que se eles quiserem, poderá esperar por Ancelotti até junho de 2024”. Isso é um descalabro, uma vergonha. Primeiro que ele nunca foi recebido pelo técnico italiano. Segundo que ninguém ouviu de Ancelotti que ele irá largar o Real Madri em 2024 e assumir o time canarinho. Terceiro que esperar por um treinador por um ano e ainda admitir que os jogadores decidirão é realmente uma falta de comando extrema.

O dirigente está pecando nessa questão, pois deveria buscar Jorge Jesus ou até mesmo Dorival Júnior ou Fernando Diniz. Essa política de dizer que não vai tirar um técnico empregado é balela, pois ele pode contratar agora e o cara assumir no fim do ano, após o Brasileirão. Já perdemos um ano, desde que Tite disse que não ficaria na Seleção após o fracasso no Mundial.

Em junho passado, já deveríamos ter um técnico acertado. Ancelotti é apenas uma válvula de escape que a CBF busca para se eximir de qualquer responsabilidade em caso de mais um fracasso em Mundiais, o que é bem provável em 2026. Não se iluda, Ednaldo. Se o Brasil perder a Copa, a culpa será única e exclusiva sua. A Seleção está sem técnico, sem rumo, sem direção. Tem um presidente que faz um belo trabalho de gestão e transparência, mas que peca no que é o principal: no comando do futebol. Ainda há tempo de corrigir a lambança, mas a dois anos e meio do Mundial, vamos correr contra o relógio e contra outras equipes, mais bem preparadas e com treinadores definidos. Acorda Ednaldo!