Pia Sundhage, técnica da Seleção Brasileira de Futebol, convocou as meninas para a Copa do Mundo, que será disputada mês que vem na Nova Zelândia e Austrália. A “rainha” Marta está no grupo e vai disputar seu sexto Mundial. Ela tem 179 jogos e 119 gols pelo time canarinho, marcas imbatíveis e insuperáveis. Claro que nossa “rainha” não tem o mesmo vigor físico de outrora, mas, compensará com seu talento e qualidade, e contribuirá com sua vasta experiência pelos gramados do mundo. Um detalhe me chama a atenção e mostra a desigualdade entre o futebol masculino e o feminino. A Fifa vende os direitos de transmissão da Copa do Mundo masculina por US$ 100 milhões (R$ 500 milhões) para uma emissora de TV, e na hora de vender o futebol feminino, as empresas querem pagar US$ 1 milhão (R$ 5 milhões). Uma discrepância sem tamanho. O grupo” Globo”, que irá transmitir a competição, só o fará porque pôs o futebol feminino no pacote, quando comprou o masculino. Na Europa, a dificuldade para vender o futebol das meninas, é a mesma.
Precisamos mudar esse quadro, mas isso passa pelo interesse do público. Já ouvi vários colegas e torcedores dizendo que “o futebol feminino é muito lento e dá sono”. Precisamos criar o hábito de assistirmos as partidas, prestigiando as meninas. O mercado publicitário tem que se interessar pelo produto e as meninas necessitam de uma valorização maior, nos salários, premiações e tudo o mais. Algo que chegue perto do que recebem os marmanjos. Sabemos que Marta e algumas outras futebolistas do seu quilate, ganham muito bem e estão independentes financeiramente, mas, se comparado com o salário dos homens, a quantia é ínfima. O mundo da publicidade precisa entender que as mulheres devem ter o mesmo direito dos homens, desde que sejam competentes em suas áreas. Quantas emissoras de TV, jornais, rádio e sites estarão cobrindo o Mundial? Será que darão a mesma importância que dão à Copa do Mundo masculina? Duvido! É preciso criar uma cultura de futebol feminino.
Aqui nos Estados Unidos, por exemplo, o futebol feminino vive em alta. Para vocês terem ideia, meu filho mais novo, Lorenzo, joga na academia do PSG e há duas meninas, também de 13 anos, que jogam entre os garotos. Não é nada demais, é simplesmente, igualdade. Aqui não há preconceito, nem discriminação. Por isso o futebol é evoluído e os Estados Unidos são uma das seleções mais fortes do planeta bola. Precisamos apoiar mais no Brasil. Por que não jogos entre as mulheres, nas preliminares dos jogos dos marmanjos? Imaginem o Mineirão lotado para Cruzeiro x Atlético, e o jogo do futebol feminino, antes do clássico! Seria fantástico. Somente assim a gente vai conseguir equilibrar esse processo.
As meninas tem jogado para estádios vazios, sem interesse da imprensa e dos torcedores. Vamos virar essa chave? A primeira edição de um Mundial Feminino foi criada em 1991. De lá para cá, foram 8 edições, vencidas por apenas 4 seleções: Estados Unidos (4 títulos), são as atuais campeãs. Alemanha (2 títulos), Japão (1 título) e Noruega (1 título). O Brasil esteve perto, mas perdeu a final de 2007 para a Alemanha. Com o trabalho da técnica sueca, Pia Sundhage, o time brasileiro, comandado por Marta, vai tentar sua primeira conquista. São 32 seleções, e, pela primeira vez, a competição será sediada em dois países, Austrália e Nova Zelândia, e também pela primeira vez será disputada no Hemisfério Sul. Vamos acreditar em Marta e cia. Quem sabe o destino não está reservando um fechamento de carreira com chave de diamante para a nossa “rainha” Marta. Seria fantástico!
Leila Pereira
Sou fã da presidente do Palmeiras, pela sua competência, qualidade e transparência. Leila Pereira tem dado entrevistas espetaculares e mostrado que o mundo é mesmo das mulheres. Faz uma administração austera, com os pés no chão e com precisão. Recentemente, adquiriu um avião, para transportar a delegação palmeirense, dando um salto de qualidade e conforto aos atletas e comissão técnica. Leila está na vanguarda e mostra aos seus pares, como se comanda um clube de verdade. Outro dia ela deu uma declaração importante, quando disse: “em todos os segmentos da sociedade há gente presa, por corrupção e desonestidade. Somente no futebol, não há ninguém na cadeia”. Ela tem razão. Dirigentes corruptos deveriam estar atrás das grades, mas, parece que estão acima do bem e do mal. Os casos de corrupção são comprovados, mas nada acontece. Por mais Leilas no comando do futebol brasileiro. Somente assim, vamos atingir a maturidade e a competência necessárias para a evolução do nosso futebol.