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Estado de Minas Bomba do Jaeci

Quem garante que Luiz Castro seria mantido em caso de declínio do Botafogo

Castro era odiado pela torcida do Botafogo, pela péssima campanha no Estadual. Pediam a sua cabeça a qualquer preço e era considerado um técnico fraquíssimo


01/07/2023 04:00 - atualizado 01/07/2023 08:11
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Luiz Castro aceitou proposta Al Nassr, time de Cristiano Ronaldo, na Arábia Saudita, onde vai ganhar 10 vezes mais
Luiz Castro aceitou proposta Al Nassr, time de Cristiano Ronaldo, na Arábia Saudita, onde vai ganhar 10 vezes mais (foto: Mauro Pimentel/AFP)

O técnico português, Luiz Castro, idolatrado pela torcida do Botafogo pela belíssima campanha no Brasileirão, agora é chamado de “mercenário, canalha, e outros adjetivos que o desqualificam, só porque aceitou a proposta Al Nassr, time de Cristiano Ronaldo, na Arábia Saudita, onde vai ganhar 10 vezes mais do que ganhava no Botafogo. Ora, meus amigos e minhas amigas, há 3 meses, Castro era odiado pela torcida do Botafogo, pela péssima campanha no Estadual. Pediam a sua cabeça a qualquer preço e era considerado um técnico fraquíssimo. Mas o dono do clube, John Textor, bancou Castro e ele faz uma das campanhas mais importantes, desde que o Brasileirão passou ao sistema de pontos corridos. Não vejo nada demais em ele largar o projeto e optar por melhores salários e estabilidade, já que no Brasil, tudo muda, diante de uma derrota.


Todos temos o direito de escolher


Qualquer um de nós, convidados para um projeto melhor, maior e mais rentável, não pensaria duas vezes, por quê o treinador tem que pensar? O futebol brasileiro demite um técnico a cada rodada do Brasileirão, e quem garante que Castro, em caso de queda do Botafogo na competição, não seria demitido? Os árabes estão investindo pesado, contratando craques e treinadores competentes. E foi Cristiano Ronaldo quem ligou, diretamente para Castro, o convidando a assumir o time pelo qual joga. Não há quem resista aos petrodólares, ainda mais trabalhando no Brasil, onde a profissão de treinador é a mais instável do planeta. Estou torcendo para o Botafogo ser campeão, mesmo sem Castro. 30 pontos em 36 disputados é uma campanha que nem Flamengo e Palmeiras, campeoníssimos nos últimos tempos, haviam alcançado.

O português, Jorge Jesus
(foto: Nelson Almeida/AFP %u2013 2/10/19)


JJ fez o mesmo no Flamengo


O português, Jorge Jesus, que revolucionou o futebol brasileiro em 2019, largou o Flamengo, no meio da temporada, para assumir o Benfica. Fracassou no time português e a cada crise no Ninho do Urubu, a torcida pede seu nome. Porém, o presidente, Rodolfo Landim, não o perdoou e jamais o chamou para voltar ao rubro-negro, embora a torcida o ame. JJ, ao contrário de Luiz Castro, não saiu execrado. Tem seu lugar no coração do torcedor rubro-negro, que sonha com sua volta. Vale lembrar que na Turquia, dirigindo o Fenerbahçe, ele disputou 3 títulos e só ganhou a Copa daquele país, perdendo o campeonato nacional e sendo eliminado na primeira fase da Champions League.


Técnico é no màximo 15% de uma equipe


Sempre tive a máxima de que a participação de um treinador numa bela campanha ou num título, pode chegar no máximo a 15%. O resto é com os jogadores, que se quiserem de verdade, abraçarem o projeto e tiverem qualidade, acabam triunfando. No Brasil, viramos reféns de treinadores, haja vista a quantidade de técnicos estrangeiros por aqui. Como muito bem lembrou meu companheiro, Leonardo Baran, ninguém compra camisa do clube e põe o nome do técnico, ninguém torce para o treinador e sim para quem joga, tabela, dribla e faz o gol. Precisamos parar de idolatrar técnicos, como se fossem os maiores do planeta bola. Está tudo errado: protagonistas são os jogadores e se o treinador não atrapalhar, já estará de bom tamanho. Desde que inventaram as entrevistas coletivas de técnicos, eles passaram a ser supervalorizados. Nos tempos de ouro do nosso futebol, os entrevistados eram apenas os jogadores. O técnico falava uma vez ou outra, e não tinha essa importância que têm hoje. Talvez isso explique o declínio do nosso futebol.

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