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Estado de Minas COLUNA DO JAECI

A Champions League encanta os amantes do futebol

Não há somente jogos espetaculares na Champions. Há jogos sofríveis também, mas a maioria é de belos espetáculos


03/09/2023 04:00
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Taça da Liga dos Campeões
Taça da Liga dos Campeões (foto: PAUL ELLIS/AFP)
Maior e mais qualificado torneio de futebol do mundo, a Champions League teve seus grupos sorteados na sexta-feira, e o "azarado" PSG caiu no grupo da morte, com Borrussia Dortmund, Milan e Newcastle. Que sorte a de Neymar ter saído do clube.

A possibilidade de o time de Paris sair na primeira fase é grande, e o jogador brasileiro seria considerado culpado. Mbappé ainda tem a esperança de ir para o Real Madrid antes que a janela europeia feche. 

Alguns jornais espanhóis apostam que o presidente Florentino Perez vai fazer proposta para tirar o francês de lá agora, principalmente por ter perdido Benzema para o mundo árabe e com a contusão de Vini Júnior.

O projeto Real Madrid passa por disputar a final da Champions, em Londres, ano que vem, e Mbappé seria a cereja do bolo para que o time dirigido por Carlo Ancelotti possa atingir o objetivo. 

O príncipe saudita, dono do PSG, Nasser Al-Khelaifi, pode ser um dos homens mais ricos do planeta, como herdeiro da família real do Catar, mas de bola entende muito pouco, haja vista a fortuna que já queimou apenas para conquistar o fraco Campeonato Francês. É a maior prova de que bilhões não significam títulos. 

O PSG tem um belo estádio, o Parque dos Príncipes, mas não conseguiu formar um time coeso e com objetivo comum. Contratou Neymar, que em seis anos jogou apenas 174 partidas, dando prejuízo gigantesco, e depois Messi, que em dois anos lá também não foi aquele jogador que encantou o mundo - que está mudando o Inter Miami de patamar. 

O clube de Beckham já faturou R$ 1 bilhão (US$ 200 mil) com bilheteria desde a chegada do argentino. Isso, sim, é saber investir. Al-Khelaifi gastou bilhões num time sem comando, com jogadores vaidosos e pouco futebol. Não adianta ter estádio, dinheiro, se não há gente qualificada para montar um grande time, capaz de disputar todas as taças, em condições de ganhá-las. 

Pelo menos desta vez, em caso de eliminação do PSG, ninguém poderá culpar Neymar. Ele optou pelos petrodólares, abrindo mão da carreira competitiva. Anda dizendo que daqui a dois anos vai voltar ao Velho Mundo, para disputar em alto nível.

Aos 34 anos, acho improvável que Neymar seja competitivo. Se agora, com 32, não é mais aquilo que se imaginava, pensem daqui a dois anos...

Tive o privilégio de cobrir 13 finais de Champions League e sei bem o que representa. Ouvir aquele hino no estádio da final é de arrepiar. Perceber a organização ímpar nos deixa orgulhosos. Assistir aos jogos com alta técnica, arbitragens limpas e o privilégio à arte, toque, dribles e gols é o que há de melhor. O esporte bretão só tem sentido assim. 

A finalíssima, ano que vem, será mais uma vez em Wembley, templo sagrado do futebol. Fiz duas finais lá: 2011, Barcelona x City, com o título ficando com Messi e cia.; e 2013, final alemã entre Bayern e Borussia, e o título bávaro. Pretendo estar lá em 1º de junho de 2024, para cobrir minha 14ª final.

Não gosto da palavra inveja, acho um termo muito ruim, mas confesso que tenho a frustração de ver o nosso futebol tão por baixo, com jogos sofríveis, a bola rolando apenas 40 minutos e arbitragens péssimas. Média de gols horrorosa, técnicos fracos e jogadores medianos. 

Aí você olha para os clubes europeus, vê futebol de primeiríssima linha e percebe o quanto estamos atrasados. Não há somente jogos espetaculares na Champions. Há jogos sofríveis também, mas a maioria é de belos espetáculos.

Fico olhando a Libertadores e percebo que, no modelo atual, classificam-se oito equipes do Brasil e oito da Argentina. Uma vergonha. A Conmebol quantifica a competição em detrimento da qualificação. As confederações só pensam em dinheiro, sentem-se instituições financeiras, propagando aos quatro cantos que estão faturando bilhões de dólares. O futebol que se exploda.

Estarei ligado nos jogos da Champions, todas as terças e quarta-feiras, e, se possível, irei cobrir alguns jogos na fase mata-matas, de preferência do Real Madrid, clube para o qual torço. Como a TV aberta no Brasil comprou os direitos, hoje o torcedor pode acompanhar o melhor futebol do mundo e perceber a distância abissal que nos separa. 

Um dia chegaremos lá, quando os dirigentes fracos, alguns desonestos, não estiverem mais no comando dos clubes, o nível técnico subir, a arbitragem deixar de ser calamitosa e a bola rolar, pelo menos, 80%.

Esse dia chegará. Aí os torcedores vão entender as queixas em relação ao futebol brasileiro. Não venham dizer que o problema é a economia do Velho Mundo que é infinitamente superior à nossa. Disso a gente sabe há décadas, mas, no passado, tínhamos os melhores jogadores do planeta, craques, gênios, que formavam esquadrões.

Quando a Libertadores era disputada pelos campeões e vices de cada país, o nível técnico era maravilhoso. Bastou a Conmebol assumir as rédeas e hoje é essa vergonha. Viva a Champions League e o futebol de verdade. Os amantes da arte, do drible, do toque e do gol, agradecem. 

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