Jornal Estado de Minas

COLUNA DO JAECI

Copa em três continentes e seis países é uma aberração

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“Money for nothing” (dinheiro para nada, em tradução livre, do grupo “Dire Straits”) contrasta com o pensamento da Fifa, que quer “dinheiro para tudo”. Ao anunciar a Copa de 2030 em três países diferentes, Espanha-Portugal- Marrocos, como co-sedes, ela também informou que a abertura será no lendário estádio Centenário, em Montevidéo, palco da primeira Copa do Mundo, cujo campeão foi o Uruguai. Até aí, tudo bem.





Porém, anunciou também que Argentina e Paraguai receberão jogos, o que implica dizer que Uruguai, Paraguai e Argentina já estão automaticamente classificados, assim como Portugal, Espanha e Marrocos. Como aumentou para 48 o número de seleções, a entidade maior do futebol pode brincar de fazer muito dinheiro, com patrocínios fortes, além de agradar aos vários presidentes de confederações, que são responsáveis por eleger o presidente da Fifa. Geani Infantino não é bobo e já quer garantir mais uma reeleição, embora tenha sido reeleito recentemente.

São três continentes: Europeu, Africano e Americano; 48 seleções e 104 jogos. Tudo em nome da quantificação da competição em detrimento da qualidade técnica. Quando tínhamos 16 seleções, a Copa do Mundo era redondinha, com grandes jogos. Passaram para 24, o que foi aceitável. Aí ampliaram para 32 equipes e o nível técnico caiu de forma assustadora.

Peguem como exemplo a Copa do Catar. Se tivemos seis grandes jogos, foi muito. Imaginem com 48 seleções? O dinheiro se sobrepõe a tudo nesse mundo do “business” e do entretenimento. A Fifa quer faturar, por bilhões de dólares no caixa, como se fosse instituição financeira.





Acho legal juntar países para sediar a Copa, mas seis é um número absurdo. E tem mais: esse formato das Eliminatórias para a Copa de 2030 não vai funcionar, pois com Uruguai, Paraguai e Argentina classificados, o Brasil vai jogar contra quem? Não tem sentido nenhum. A Conmebol terá que criar um novo formato de Eliminatórias, com sete equipes. Que bagunça!

Não há escândalo na gestão Infantino, isso é um grande avanço, mas o tanto que ele tem sido político, para agradar países e confederações, não está no gibi. A Copa de 2034, muito provavelmente, será disputada na Arábia Saudita. Bilionários que são, os árabes não querem dividir com ninguém. Assim como o Catar, querem fazer algo grandioso, para impressionar o mundo. Por isso mesmo, investiram na Liga Árabe, que anda contratando os melhores jogadores do Planeta.

Estive cinco vezes em Ryad, capital da Arábia Saudita. A primeira vez, em 1997, na Copa das Confederações. Naquela época, as mulheres não podiam dirigir e nem entrar no elevador com os homens. Atualmente, a coisa está mais aberta e a tendência é abrir ainda mais, pela possibilidade de sediar o evento maior do futebol.

Confesso que a Copa do Catar me surpreendeu positivamente. Tudo funcionou maravilhosamente bem, e fomos brindados com o melhor jogo de todos os tempos, na final França x Argentina, com seis gols e uma decisão nas penalidades. Espero que na Arábia Saudita tenhamos a mesma facilidade que tivemos no país vizinho. Copa do Mundo em país multimilionário, tudo funciona maravilhosamente bem. São os novos tempos do futebol, onde o dinheiro fala mais alto que a parte técnica.