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Estado de Minas COLUNA DO JAECI

Copa em três continentes e seis países é uma aberração

Os jogos serão realizados na Europa, África e América do Sul, com 104 jogos entre 48 seleções, tudo em nome da quantificação da competição


09/10/2023 04:00 - atualizado 09/10/2023 09:44
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Monumental de Nunez, em Buenos Aires, que será um dos palcos da Copa em seis países
Monumental de Nunez, em Buenos Aires, que será um dos palcos da Copa em seis países (foto: Luigi Rosa/Flickr)

 
“Money for nothing” (dinheiro para nada, em tradução livre, do grupo “Dire Straits”) contrasta com o pensamento da Fifa, que quer “dinheiro para tudo”. Ao anunciar a Copa de 2030 em três países diferentes, Espanha-Portugal- Marrocos, como co-sedes, ela também informou que a abertura será no lendário estádio Centenário, em Montevidéo, palco da primeira Copa do Mundo, cujo campeão foi o Uruguai. Até aí, tudo bem.

Porém, anunciou também que Argentina e Paraguai receberão jogos, o que implica dizer que Uruguai, Paraguai e Argentina já estão automaticamente classificados, assim como Portugal, Espanha e Marrocos. Como aumentou para 48 o número de seleções, a entidade maior do futebol pode brincar de fazer muito dinheiro, com patrocínios fortes, além de agradar aos vários presidentes de confederações, que são responsáveis por eleger o presidente da Fifa. Geani Infantino não é bobo e já quer garantir mais uma reeleição, embora tenha sido reeleito recentemente.

São três continentes: Europeu, Africano e Americano; 48 seleções e 104 jogos. Tudo em nome da quantificação da competição em detrimento da qualidade técnica. Quando tínhamos 16 seleções, a Copa do Mundo era redondinha, com grandes jogos. Passaram para 24, o que foi aceitável. Aí ampliaram para 32 equipes e o nível técnico caiu de forma assustadora.

Peguem como exemplo a Copa do Catar. Se tivemos seis grandes jogos, foi muito. Imaginem com 48 seleções? O dinheiro se sobrepõe a tudo nesse mundo do “business” e do entretenimento. A Fifa quer faturar, por bilhões de dólares no caixa, como se fosse instituição financeira.

Acho legal juntar países para sediar a Copa, mas seis é um número absurdo. E tem mais: esse formato das Eliminatórias para a Copa de 2030 não vai funcionar, pois com Uruguai, Paraguai e Argentina classificados, o Brasil vai jogar contra quem? Não tem sentido nenhum. A Conmebol terá que criar um novo formato de Eliminatórias, com sete equipes. Que bagunça!

Não há escândalo na gestão Infantino, isso é um grande avanço, mas o tanto que ele tem sido político, para agradar países e confederações, não está no gibi. A Copa de 2034, muito provavelmente, será disputada na Arábia Saudita. Bilionários que são, os árabes não querem dividir com ninguém. Assim como o Catar, querem fazer algo grandioso, para impressionar o mundo. Por isso mesmo, investiram na Liga Árabe, que anda contratando os melhores jogadores do Planeta.

Estive cinco vezes em Ryad, capital da Arábia Saudita. A primeira vez, em 1997, na Copa das Confederações. Naquela época, as mulheres não podiam dirigir e nem entrar no elevador com os homens. Atualmente, a coisa está mais aberta e a tendência é abrir ainda mais, pela possibilidade de sediar o evento maior do futebol.

Confesso que a Copa do Catar me surpreendeu positivamente. Tudo funcionou maravilhosamente bem, e fomos brindados com o melhor jogo de todos os tempos, na final França x Argentina, com seis gols e uma decisão nas penalidades. Espero que na Arábia Saudita tenhamos a mesma facilidade que tivemos no país vizinho. Copa do Mundo em país multimilionário, tudo funciona maravilhosamente bem. São os novos tempos do futebol, onde o dinheiro fala mais alto que a parte técnica.

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