Há uma máxima no futebol de que cobrança de pênalti é loteria. Discordo, completamente. Pênalti para mim é competência, inteligência e emocional equilibrado. Vamos pegar como exemplo a última cobrança das séries feitas pelo Fortaleza, na final da Sul-Americana contra a LDU. Se o volante Pedro Augusto tivesse marcado o gol, o Leão seria o campeão, título inédito para o clube e para o Nordeste do país. Mas ele bateu no canto e o goleiro do time equatoriano foi lá e defendeu. Ora, senhoras e senhores, o cara vai bater a última cobrança, que pode dar o título ao seu time. O goleiro adversário está desesperado para defender e manter sua equipe viva. É claro que ele vai escolher um canto para tentar a defesa.
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"Garotinho' deu o furo: Neymar xingou e desacatou o presidente da CBFParte séria do clube diz nãoLandim, Braz e Spindel fazem mal ao futebolO Fortaleza fez uma campanha brilhante. Chegou a abrir 1 a 0 no segundo tempo, mas sofreu o empate. O goleiro João Ricardo pegou duas cobranças, inclusive e a de Paolo Guerreiro, mas os batedores do Fortaleza não tiveram controle emocional, qualidade e inteligência para ganhar a taça. Peguem os históricos de decisões de penalidades. Quando o goleiro sabe que dele depende a não eliminação de seu time, na última cobrança do adversário, ele escolhe um canto e pula. Não há aquele que fique parado no meio do gol. Portanto, um chute frontal, não tem erro: é bola no barbante.
O problema dos jogadores brasileiros é que eles são preguiçosos, não treinam, não observam, não têm noção do que vão fazer. Se no trajeto do meio-campo até a área da LDU Pedro Augusto tivesse a consciência que uma cobrança acertada daria o título ao seu time. Se ele tivesse pensado que o goleiro escolheria um canto, com certeza daria uma pancada no meio do gol, garantindo o título. Faltou a ele a confiança e a certeza de que o goleiro não ficaria imóvel.
Não quero aqui jogar a culpa no volante, mas ele tinha a faca, o queijo e a goiabada na mão, ou melhor, no pé, para entrar para a história do Fortaleza e dos clubes do Nordeste. Infelizmente, não caprichou e não pensou na possibilidade de o goleiro não ficar estático, no meio do gol. Ainda assim, o Fortaleza brilhou, mas ficou com aquele gostinho amargo na boca. O título esteve tão perto e os jogadores não deram conta disso. Parabéns ao técnico Vojvoda, um argentino que conhece do riscado e que pôs o Fortaleza em outro patamar no futebol brasileiro. Bola pra frente. Perder e ganhar faz parte do show.
O Fortaleza chegou a ser superior ao adversário, em boa parte do jogo. Como não traduziu em gols, acabou castigado. Que o trabalho continue, pois o Fortaleza tem um dirigente sério e competente, o presidente, Marcelo Paz, que não aceita falcatruas, que não faz conchavo com empresários, que gere o clube com mão de ferro. Não o conheço, pessoalmente, mas está no nível de Mário Bitencourt, presidente do Fluminense, e de Leila Pereira, presidentes que mandam, de fato e de direito, que são mão de ferro, corretíssimos e que visam sempre o clube. Tem voz ativa e são decentes. A safra de dirigentes amadores, alguns fraquíssimos e que nada mandam, está acabando no futebol. Viva as SAFs, viva a moralização. Que o Fortaleza cresça cada vez mais. O caminho traçado não tem volta. Será de conquistas e grandes jogos.
Um novo Zidane
Jude Bellingham tem 13 jogos pelo Real Madri e 13 gols marcados, dois deles, no clássico de sábado, quando debutou diante do Barcelona, na casa do adversário. Já estão comparando o jogador inglês ao francês, Zinedine Zidane. Claro que Zidane era mais técnico, mais clássico e um gênio da bola. Porém, aos 20 anos, Bellingham mostra um belíssimo futebol e o acerto em cheio do Real Madri em sua contratação. Ele joga no meio e assumiu como titular, barrando, ora Modric, ora Toni Kroos, dois gênios da bola. Ancelotti faz um trabalho de renovação no time merengue, completou 270 jogos dirigindo a equipe e já disse que por ele “termina sua vitoriosa carreira no maior time do mundo”.
Em Madri já há rumores de que ele vai renovar o contrato em janeiro, para mais uma temporada, até 2025. Isso frustraria os planos da CBF, que o dá como certo para junho de 2024. Como não há contrato assinado e nem nada apalavrado, acho difícil Ancelotti assumir a Seleção Brasileira. E, se isso acontecer, não será certeza de taças. Ele nunca dirigiu uma seleção, e precisaria de tempo para entender a cultura do futebol brasileiro. As fontes que tenho no Real, me garantem que ele não sairá do clube merengue. Vamos aguardar os acontecimentos.