Jornal Estado de Minas

COLUNA DO JAECI

A Fifa virou um grande balcão de negócios

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Quando Gianni Infantino assumiu a presidência da Fifa, como candidato de consenso, substituindo Sepp Blatter, que andou envolvido em casos de corrupção, principalmente com propinas para indicar países-sede para os Mundiais, ele prometeu transparência, zero escândalo e muito trabalho para resgatar o nome da entidade, manchado pelo FigaGate, quando vários dirigentes de confederações pelo mundo foram presos em Zurique, pelo FBI, acusados de terem recebido propina para levar a Copa para o Catar. Porém, passados 8 anos, o que temos visto na entidade maior do futebol são negociatas com A e B para destinar o país-sede dos Mundiais. Infantino tem feito aquilo que seus antecessores fizeram, só que de forma mais discreta e sem que haja, pelo menos até agora, nenhuma denúncia de favorecimento financeiro.





É sabido que a Copa de 2026 será sediada por Estados Unidos-México-Canadá, em conjunto, com 48 seleções e 104 jogos. Na verdade, os americanos deveriam ter sido sede em 2022, não tivesse Blatter e sua trupe se vendido, conforme denúncias comprovadas. Nada mais justo que em 2026 a Copa seja por essas bandas. Em 2030, a Copa do Mundo deveria ser sediada na América do Sul, segundo rodízio instituído pela própria Fifa. Mas a negociação ficou na Europa e África e Infantino achou um jeito de unir Portugal-Espanha dois países europeus, e Marrocos, país africano. Assim vai agradar os dois continentes. E como prêmio de consolação para os sul-americanos, teremos o jogo de abertura no Uruguai, que foi sede do primeiro Mundial, em 1930, e jogos na Argentina e Paraguai. Dessa forma, a Copa de 2030 será disputada em três continentes: africano, europeu e americano.

A Arábia Saudita pleiteava também, mas foi convencida e não criar problemas, pois o Mundial de 2034 cairia no seu colo. E caiu! Na última segunda-feira, a Fifa anunciou, através de seu presidente, que a Austrália havia desistido e a Arábia Saudita ganhou a Copa do Mundo de 2034. Daqui a 11 anos, teremos outra Copa no Oriente Médio, mundo árabe. A do Catar, ano passado, foi um grande sucesso e a de 2034 deverá ser ainda mais grandiosa. Estive em Ryad, capital da Arábia Saudita, 5 vezes. A primeira delas em 1997, durante a Copa das Confederações. Naquele época, as mulheres não podiam frequentar estádios, não dirigiam e não tinham quase direitos nenhum. Lembro-me de ter ido à Praça do Dira, cercada de lojas que vendem ouro, para ver uma execução de criminosos. Eles eram decaptados em praça pública. Felizmente o Rei mandou suspender as execuções, pois havia muitos jornalistas ocidentais. Jornalisticamente eu fui lá para cobrir, mas fiquei feliz de não ter na lembrança uma cabeça rolando. É um país muito complicado, embora nós tenhamos sido muito bem tratados em todas as vezes em que fomos lá. Hoje a coisa mudou. As mulheres já dirigem, têm alguns direitos conquistados, embora bem longe do que as mulheres do ocidente desfrutam.

Gianni Infantino é “boleirão”. Volta e meia está jogando pelada com os ex-jogadores, a quem convida em todos os mundiais, pondo-os em hotéis maravilhosos, como o Fairmont, em Doha, onde desfilaram os maiores craques do futebol mundial do passado. Ali o champangne, outras bebidas e a alimentação são gratuitos para as celebridades, que se reúnem para assistir aos jogos. É um glamour! Infantino se reelegeu e deverá se perpetuar no cargo, já que agrada a gregos e troianos. Faz a política da boa vizinhança, aumenta o número de seleções em Mundiais e não se preocupa nem um pouco com o nível técnico baixo dos últimos mundiais. Peguem como exemplo a Copa do Catar. Se tivemos quatro grandes jogos, foi muito. Enfim, Infantino me parece mais do mesmo. As promessas que ele fez, o vento levou. Pelo menos, até aqui, nenhum escândalo financeiro veio à tona, mas esse agrado ao mundo árabe nos deixa indignados. Não à toa um fundo da Arábia Saudita está contratando os melhores jogadores do planeta bola – aposentados, é bem verdade – para preencher os clubes da Liga Árabe. Tudo isso já visava a escolha do país como sede para 2034. E assim o jogo segue, sem a transparência prometida, e com muitas dúvidas entre os ocidentais.

Finados

Hoje é dia de homenagearmos nossos parentes e amigos que estão em outro plano. Saudades eternas dos meus pais. Que Deus abençoe todas as famílias.