O Brasil está experimentando uma enorme mudança demográfica e a nossa sociedade parece não estar atenta a esse novo fenômeno social: o
crescimento da população idosa.
Quem já teve a curiosidade de fazer uma busca rápida no Google com a palavra
idoso
deve ter reparado que as imagens resultantes são estereótipos no campo da
saúde física,
mental e
espiritual. As sugestões relacionadas à pesquisa nos geram angústias ao equiparar o
envelhecimento
a um
fardo para a sociedade.
Mas a realidade atual desmente as referências mencionadas acima.
A geração 50%2b brasileira representa hoje aproximadamente 50 milhões de pessoas, que começam a desfrutar de sua longevidade. Uma população enorme, que tem a ver com o presente, com o agora, e não mais com o fim da vida. Uma geração que é muito diferente dos “vovôs e vovós” das décadas passadas, com
capacidade de mobilizar redes diversas de relacionamentos e abertura a novas experiências.
O psicanalista Contardo Calligaris, falecido recentemente, certa vez colocou em evidência que as famílias tendem a colocar o idoso como alguém com menos
direitos
, que tem seu desejo negado. Os filhos ainda não assimilam que quem está na
terceira idade
continua ativo. “Imagine o caso de sua mãe [na terceira idade] morando na sua casa, resolver levar um homem para dormir com ela. Seria aceito sem problemas? Ia ser proibido, o que é bem engraçado. A mulher de 60 anos não pode transar no lugar em que vive e a neta de 17 pode”, comentou Calligaris.
Torna-se urgente a
desconstrução
dessa visão preconceituosa sobre a idade.
A renda agregada dessa população 50 é de quase R$1,8 trilhão,
com necessidades e vontades de consumo; apesar disso, essa população ainda é mal contemplada na oferta de produtos.
Quais são as tendências de moda e acessórios para o público 50 ? Em quantas gôndolas nas lojas físicas e no e-commerce encontram-se produtos realmente adaptados à realidade de mulheres e homens maduros?
Maitê Proença (63 anos) ou Pedro Bial (63) não são sexys para campanhas publicitárias? Parece que o consumo do público 50 não é relevante para o mercado, devido a essa invisibilidade.
Dado o tamanho de seu movimento financeiro, é um paradoxo poucas empresas atenderem e entenderem esse nicho.
De acordo com pesquisas do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2043, a proporção de jovens de até 14 anos no Brasil será de apenas 16,3% e até 2030, o Brasil terá a quinta maior população idosa do mundo. Diante dessas projeções, até quando nossa cultura continuará centrada nos mais jovens?
Um novo tempo chegou e a cor do cabelo é prata.