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Estado de Minas JUVENTUDE REVERSA

Preconceito é caretice: basta de piadas e comportamentos racistas

Todo mundo hoje tem acesso ao Google para se informar, não há mais desculpas de que não foi na maldade e de que não tenha sido de propósito a discriminação


03/06/2021 06:00 - atualizado 04/06/2021 15:46

(foto: Reprodução)
Em janeiro desse ano, o programa Porta dos Fundos foi acusado nas redes sociais de 'etarismo', preconceito e discriminação baseado em idade, devido ao episódio de título 'Responsável'. No esquete, Fábio Pochat tira um sarro de uma mulher adulta de 57 anos com dificuldades na tecnologia. Tecnologia esta que não estará presente quando o Porchat e sua turma tiverem os mesmos 57 anos.

No programa BBB 21, Camila de Lucas, negra, se emocionou ao falar sobre racismo na casa mais vigiada do país, ressaltando que não aguenta mais essa situação e que está cansada de ter que explicar continuamente como as pessoas devem agir. “As pessoas falam ‘ah é mimimi’ estão cansadas de ouvir isso? Eu estou cansada de ter que falar também. Se é cansativo para vocês ouvirem, eu estou cansada de viver. Eu estou cansada de ficar explicando isso prá todo mundo”, confidenciou a influenciadora digital e vice-campeã da última edição do reality show.

Curiosamente ouvi pela primeira vez o nome do médico “influenciador” gaúcho, Victor Sorrentino, justamente com a notícia de que ele foi detido no Egito no último 30 de maio, por assediar uma mulher egípcia mulçumana como se fosse piada e ainda publicar em rede social.

Não é só uma piada, isso alimenta a misoginia e reforça o assédio e as outras violências sexuais que homens cometem.

Recentemente escutei o seguinte diálogo sobre sexo entre um pai e seu filho de aproximadamente 11 anos:

- Pai: Filho, você não é mais uma criança, então quando se chega a uma certa idade os garotos e as garotas começam a se interessar uns pelos outros.
- Filho: Sim, também se interessam pelas pessoas não binárias, pelos transexuais, pelos intersexuais... Além disso pai, não são garotas, são mulheres.
- Pai: O sexo é uma decisão muito importante.
- Filho: Como você define sexo? Há sexo diferente para cada um.
- Pai: Sexo é quando um pênis penetra na vagina.
- Filho: E se fossem dois homens, duas mulheres ou muitas pessoas simultâneas?
- Pai: Eu me refiro a uma relação normal, hétero.
- Filho: Normal????
- Pai: Você gosta de mulheres?
- Filho: Sim, sou jovem.
- Pai: Você já transou com alguma amiga numa festa?
- Filho: Como assim, sem consentimento?

O pai termina o diálogo e concorda, mas antes de partir o garoto pergunta ao pai:

- Filho: Pai, como estou?
- Pai: Muito bonito.
- Filho: Não é isso, quero saber sobre a minha codificação de gênero.

Penso que existe uma diferença nítida de comportamento da geração 50+ sobre racismo e discriminação em relação aos jovens de hoje. Tenho certeza de que muitos não fazem isso com a intenção de macular a questão da mulher, do negro, do judeu, do homossexual, do idoso com manifestações de ódio, mas são brincadeiras totalmente inapropriadas e sem sentido. Se o comentário for ofensivo para alguém, se pode reforçar a perpetuação do racismo ou discriminação, tente se divertir de outra forma. Essa piada não fará falta e cairá no esquecimento assim como foi esquecida a polêmica do direito de a mulher votar no início do século XX.

Todo mundo hoje tem acesso ao Google para se informar, não há mais desculpas de que não foi na maldade e de que não tenha sido de propósito a discriminação. Basta de piadas, comentários e comportamentos racistas.

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