Recentemente, li uma reportagem na revista Super Interessante, de maio de 2017, que listava as dez manias mais comuns da população, segundo os manuais psiquiátricos internacionais. Elas estavam divididas em 4 grupos:
1) Transtorno obsessivo-compulsivo (segundo a reportagem, o transtorno representava 4% da população):
- Ablutomania: mania de limpeza
- Acribomania: mania de precisão e organização.
- Aritmomania: mania de contagem ou verificação.
- Colecionismo: mania de acumular tralhas.
2) Transtorno do controle de impulsos (representando 3% da população):
- Onicofagia: mania de roer as unhas.
- Tricotilomania: mania de arrancar cabelos e pelos.
- Dermatilomania: mania de cutucar a própria pele.
- Cleptomania: mania de roubar quinquilharias.
3) Hipocondria a (representando 2% da população):
- Mania de doença.
4) Transtorno bipolar de humor (representando 1% da população à época):
- Megalomania: mania de poder ou de superioridade.
Um dos maníacos brasileiros mais conhecido é o cantor e compositor Roberto Carlos, nascido em abril de 1947, sempre no topo do sucesso há várias gerações. Ele revelou ao público alguns detalhes sobre o seu TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo). Revelou, por exemplo, que somente ele podia dirigir o próprio carro e não permitia que ninguém entrasse nele.
Vizinhos relatam que certa vez o rei comprou uma geladeira, a qual permaneceu uma semana guardada na garagem porque só adentraria a casa no período de lua nova. Uma das manias que tem alcançado muita gente boa é o que eu chamo de “mania da Alexa”: Alexa, toque isso ou aquilo!”; “Alexa, qual é a capital da Moldávia?”; “Alexa, quando foi o fim da idade média?” É muito fácil, apenas por voz, recorrer aos auxílios da Alexa, a assistente pessoal da empresa Amazon, assim como fazemos com o nosso oráculo “Google” para obtermos as mais diversas informações.
Embora todos tenham algum tipo de mania - que podemos chamar de meras idiossincrasias - as pessoas devem começar a se preocupar ao perceber que estão adotando comportamentos muito estranhos e repentinos. É natural ficarmos cheios de manias à medida que envelhecemos.
Ao envelhecermos, muitas mudanças ocorrem no cérebro que provocam alterações nas características físicas e cognitivas. Não sou médico, mas penso que manias podem ser controladas e modificadas para não ficarmos ranzinzas com o avanço da idade. É preciso cuidado para não tratarmos os outros como se fossem a Alexa. Não podemos esquecer do “por favor” ao pedirmos algo para alguém de carne e osso.
Além do “por favor”, outra palavra que nunca deve ser esquecida é o “obrigado”. A gentileza deve ser o norte para o envelhecimento saudável. “A gentileza gera o respeito e o respeito gera atenção; a atenção, por sua vez, gera diálogo produtivo, e esse diálogo produtivo é capaz de sanar qualquer objeção; e o melhor de tudo, além de gentil, você sempre poderá sair com a razão, com o respeito e com a total atenção dos demais. Gentileza gera gentileza, já dizia um poeta.
É preciso manter-se ativo no envelhecimento, preservar as relações com os familiares, com os cuidadores, com os vizinhos e com a sociedade. É preciso usar e abusar das palavrinhas mágicas “por favor” e “obrigado”. Certas manias são uma delícia de compartilhar e de conviver.