Muitas empresas ainda têm a percepção de que as pessoas mais velhas não se adaptam às novas tecnologias, que apresentam dificuldades para absorver mudanças e que são menos criativas que os mais jovens. Qual lógica há em se considerar que pessoas com mais de 60 anos são incapazes de realizar as tarefas que um jovem faria? Quebrar paradigmas dessa realidade corporativa é um enorme desafio para a superação do “etarismo”, expressão que designa os preconceitos e discriminações baseados na idade.
O mundo corporativo não está preparado para conviver com a geração 60+, formada por indivíduos que alcançam o amadurecimento em ótima forma física e intelectual, sem sofrerem restrições em sua capacidade produtiva, diferentemente do que ocorria há trinta ou quarenta anos atrás.Inúmeros estudos revelam que a convivência de diferentes pontos de vista dentro de uma mesma equipe gera maior produtividade, mais inovação e, consequentemente, mais lucro para as organizações.
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Atenção às manias para não ficarmos ranzinzas com o avanço da idadeDe baby boomers à geração Z, um público de alto consumo tecnológicoAlô BBB22!!! Envelhecer é uma conquista e precisa ser respeitada!Algumas dicas simples para aumentar a segurança de seu smartphoneSejamos fortes e vamos em frente, pois a luta contra o etarismo é longaDeepfakes são convincentes e representam um perigo para a democraciaA luta pela inclusão dos idosos vem, assim, somar-se à tantas outras lutas identitárias em curso no mundo contemporâneo, tais como as que envolvem igualdade de gênero ou de cor, entre outras, todas exigindo inclusão e respeito às diferenças. Felizmente, algumas empresas começam a se dar conta da necessidade de incluir pessoas acima de cinquenta anos nas suas estratégias empresariais, principalmente nas que envolvem capacitação tecnológica, pois, num futuro próximo, o segmento etário maduro será a principal mão de obra disponível.
Você conhece o “greenwashing”? Na tradução literal para o português a expressão significa “lavagem verde”, também conhecida como “maquiagem verde”. É um termo muito utilizado pelas empresas que querem criar uma falsa aparência de sustentabilidade. No Brasil, não sei se já existe um termo específico, mas a prática do “generationaldiversitywashing”, ou seja, a maquiagem da diversidade geracional já começa a dar as caras.
Tenho um amigo, economista aposentado de uma multinacional do setor de mineração, que procurou oportunidade profissional em 2021. Fez capacitações de curta duração para se atualizar em alguns conceitos e se candidatou a uma vaga em um programa de contratação de idosos oferecido por uma multinacional renomada. Passados alguns dias, foi comunicado de que estaria apto a prosseguir no processo seletivo. Todavia, acabou desistindo da vaga ao saber sobre as condições salariais: home-office (computador, energia e internet por conta dele), contrato de 3 meses de experiência e nenhuma remuneração. Há também o velho golpe do “você foi selecionado e ganhou um curso de graça de programação em Java, tendo apenas que fazer um teste com trinta questões”.
Todavia, o ingênuo sortudo logo descobre que o tal curso não é totalmente gratuito, e que será preciso pagar bem caro por ele. Infelizmente não são casos isolados. A geração madura é sofrida, mas já está ficando “cobra criada” e aprendendo a se defender dos golpes.
Todas as diversidades juntas são maiores e melhores para o sucesso empresarial. É preciso afastar o etarismo, que afeta não apenas as pessoas que atualmente têm cinquenta, ousessenta anos, mas também os jovens de agora no futuro. Todos, independentemente da idade, merecem ser renumerados dignamente. Todos envelhecemos, todos nós, sem exceção.