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Estado de Minas JUVENTUDE REVERSA

O papel da educação é crucial, é a principal ação contra o Etarismo

Entre os diversos estigmas e preconceitos dirigidos a grupos de pessoas, o etarismo desponta como uma prática terrível que tem vitimizado os idosos


02/06/2022 06:00 - atualizado 02/06/2022 07:46
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Trabalhadores idosos da seção sênior embalam produtos na linha de montagem da fábrica de cosméticos
Trabalhadores idosos em indústria de cosméticos dos EUA: é importante que Estado e iniciativa privada adotem ações concretas de estímulo à valorização da mão de obra idosa, (foto: David MAXWELL/AFP)
Na semana passada, dia 26, li no jornal Folha de S.Paulo um interessante artigo escrito por Claudia Constin, Diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da Fundação Getúlio Vargas, que tratava da grande fome na Ucrânia. A tragédia ocorreu nos anos de 1932-33, quando Stálin teria confiscado sementes, pães e trigo das casas dos camponeses. 

O artigo traz uma reflexão muito importante sobre os processos de “desumanização”, mostrando uma situação em que determinados grupos sociais ou étnicos são estigmatizados e padecem em razão de terríveis práticas de exclusão. Como militante e autor de textos contra o “Etarismo” (ou ageismo) – esse preconceito infame contra a idade – estabeleci imediatamente um elo entre o texto da autora e a questão dos idosos. 

A estigmatização de pessoas com 50 anos ou mais, as quais passam a ser consideradas como “idosas” num sentido negativo, acaba por excluir um enorme contingente de profissionais do mercado de trabalho. 

Ainda que se observe algum crescimento da conscientização sobre o problema por parte de algumas organizações, é possível constatar que persiste muito preconceito contra os profissionais mais velhos.

Políticas de recrutamento que impõem restrições quanto à idade do profissional para o preenchimento de determinada vaga, sem qualquer justificativa para tal limitação, são uma forma de exclusão explícita, por pura estigmatização de um grupo social. Subentende-se que idosos têm menos capacidade que os demais. Assim, desqualificam-se profissionais que teriam muito a oferecer justamente por sua maturidade, a qual também poderia ser traduzida como “equilíbrio e experiência”.  

Entre os diversos estigmas e preconceitos dirigidos a grupos de pessoas, o etarismo desponta como uma prática terrível que tem vitimizado os idosos, descartando-os como se fossem inúteis. Ora, profissionais maduros não são melhores, nem piores que os jovens, mas dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) mostram que o desemprego neste grupo aumentou, saltando de 18,5% em 2013 para 40,3% em 2018.

Para se combater o etarismo, é importante  que Estado e iniciativa privada adotem ações concretas de estímulo à valorização da mão de obra idosa,  adotando programas e políticas de diversidade e inclusão. 

Quem visita os parques da Disneyworld, nos EUA, pode observar muitos idosos contratados pela indústria turística. Não seria demais esperar que nossas empresas também implementem programas para contratação de pessoas de 50+. E também não seria demais esperar que o Estado adote medidas de estímulo a que as empresas assim procedam. Instrumentos de incentivo não faltam, à semelhança do que já ocorre para se combater discriminações terríveis como o racismo ou a homofobia. O etarismo também mata. 

Não se pode negar que no século XXI as demandas profissionais requerem maior habilidade digital e conhecimento tecnológico. A população idosa, em sua grande maioria, aceita as novas tecnologias. 

Ademais, com os avanços da medicina, aos 50, 60, 70 anos as pessoas se encontram nas mesmas condições físicas e intelectuais dos que têm 20, 30, 40 anos. Para além das habilidades tecnológicas e corpo saudável, algumas características comportamentais deveriam ser melhor consideradas, como ética, tolerância e responsabilidade.

A competição entre jovens e idosos não é fácil. A geração Z praticamente nasceu digital, pois cresceu com smartphones e computadores e sequer imagina como seria um mundo sem internet. Sendo assim, faz-se necessário que o profissional com mais de 50 anos busque sempre se qualificar e se atualizar quanto às novas tecnologias e metodologias, para que possa melhor competir com os jovens. 

Cabe, também, aos RHs se reinventarem, recrutando e acolhendo profissionais maduros. 

O papel da educação é também crucial - senão a principal ação contra o Etarismo - capaz de fazer com que se enxergue humanidade na diversidade. Pois todas as diversidades juntas são maiores e melhores.

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