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Estado de Minas JUVENTUDE REVERSA

Interseccionalidade: formas de exclusão social que que se relacionam

O exemplo mais generalizado de interseccionalidade é o envelhecimento, o qual se combina com todas as opressões e discriminações existentes em nossa sociedade


26/10/2023 06:00
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Praia de Ipanema, nos anos 70
Praia de Ipanema, nos anos 70 (foto: Reprodução/Instagram)

A Interseccionalidade refere-se aos diversos marcadores sociais causadores de preconceitos que se relacionam entre si. O conceito sociológico de interseccionalidade surgiu em 1989, quando a norte-americana Kimberlé Crenshaw chamou a atenção para o fato de que, para as mulheres negras, os preconceitos se articulam, ou seja, elas enfrentam não só questões ligadas ao gênero, mas também à raça.

A interseccionalidade é fator de intensificação das formas de exclusão social em razão do gênero, da raça, da sexualidade, da capacidade física, entre outros preconceitos. 

O exemplo mais generalizado de interseccionalidade é o envelhecimento, que se combina com todas as opressões e discriminações existentes em nossa sociedade. O etarismo -preconceito em razão da idade-, além de incidir por si só, frequentemente atua com outro preconceito, como, por exemplo, com a misoginia, com o racismo, com a homofobia, com o capacitismo, com a gordofobia, entre outros.

No último dia 20 de outubro, li um incrível artigo, “DE VOLTA AO FUTURO:1968”, do jornalista, escritor e compositor Nelson Motta. Ele narra que descobriu que a sua geração forjou a imagem do “Jovem”, "e, ao mesmo tempo, e sem saber, acabou também sendo responsável pelo etarismo, esse preconceito que cobra a conta justamente dos mais velhos. Não bastava afirmar o novo, era preciso destruir e desmoralizar o velho, na política, nas artes, na vida. 'Jovem' passou a ser uma qualidade em si mesma, uma criação mercadológica, um novo filão publicitário a ser explorado."

O autor propõe que cabe a essa geração de 1968, que inventou o "Jovem" (e o etarismo), tentar inventar o “Velho”. Essa geração de Woodstock, aquela do "não confie em ninguém com mais de 30 anos", descobriu que estava errada ao supervalorizar a busca da eterna juventude, culpando os mais velhos pelos males do mundo. O etarismo decorre desse julgamento perverso. 

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2022, a parcela da população com 60 anos ou mais seria de 15,1%, e já soma 33 milhões, o que deve dobrar em 2050.
Para efeito de comparação, a população entre 40 a 59 anos corresponde a 25,6%; entre 25 a 39 anos, 23,9%; entre 18 a 24 anos, 10,6%; entre 5 a 17 anos, 17,9%; e entre 0 a 4 anos, 6,8%.

Felizmente, algumas empresas começam a se dar conta da necessidade de incluir  pessoas acima de cinquenta anos nas suas estratégias empresariais, principalmente nas que envolvem capacitação tecnológica, pois, num futuro próximo, o segmento etário maduro será a principal mão de obra disponível.

Cabe ao mundo corporativo repensar na política de aposentadoria compulsória e ter o olhar para reter empregados mais velhos em seus quadros, incentivar programas focados na diversidade etária e na contratação pessoas maduras.

Do governo esperam-se políticas públicas de estímulo à contratação e qualificação de pessoas mais velhas. A luta pela inclusão dos idosos vem, assim, somar-se à tantas outras lutas identitárias em curso no mundo contemporâneo, tais como as que envolvem igualdade de gênero ou de cor, entre outras, todas exigindo inclusão e respeito às diferenças no mercado de trabalho. 
A idade não nos define, é apenas um número. O perfil da geração 60 de hoje é de indivíduos que alcançam o amadurecimento em ótima forma física e intelectual, sem sofrerem redução de sua capacidade produtiva, diferentemente do que ocorria há trinta ou quarenta anos atrás. 

Todas as diversidades juntas são maiores e melhores para o sucesso empresarial.

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