O ano ainda não acabou, a gente ainda pode ser surpreendida com algum fato, mas não dá para tirar do América o posto de dono do “case” do futebol mineiro em 2019. De longe, o fato mais positivo. Um verdadeiro exemplo de superação. A reviravolta obtida pelo Coelho na Série B do Campeonato Brasileiro merece todo o reconhecimento. É claro que se amanhã o time não vencer o São Bento em um Independência que estará lotado, com todo o ambiente conspirando favoravelmente – e por consequência não garantir o retorno à elite –, a decepção será grande. Ainda assim, contudo, a trajetória de recuperação descrita na Segunda Divisão é digna de aplausos.
Se pensarmos o cenário que se desenhava há pouco mais de três meses, é incrível o fato de o alviverde brigar, até o último minuto, pela vaga na Série A. Mais: tudo o que foi necessário para que isso ocorresse. No fim das contas, o América deu uma grande lição a Atlético e Cruzeiro. Seus jogadores, com salários e estrutura muito abaixo do que os que são oferecidos nos rivais, deram um tapa de luva em alvinegros e celestes.
O Coelho passou praticamente todo o primeiro turno da Série B afundado na zona de rebaixamento, perdido em campo e sem muitas perspectivas. A partir da 17ª rodada, tudo mudou. O empate por 0 a 0 com o Vitória, na Bahia, foi a senha para a construção de uma nova história. Basta dizer que, nas 20 partidas seguintes, foram apenas três derrotas. Uma arrancada fulminante, de surpreender até o mais otimista dos americanos.
O G-4, que na primeira metade do campeonato não passava de utopia, foi considerado sonho distante, depois ganhou status de desejo ardente e acabou se transformando em meta factível, justamente no momento em que mais importava: a reta final da competição. Um sprint de dar inveja a qualquer corredor queniano.
É preciso retroceder um pouco no tempo para acrescentar alguns ingredientes importantes, que ajudam a explicar a dimensão dessa reviravolta em 21 rodadas. Para que ela seja bem contextualizada, é necessário voltar ao ano passado. Lembrar como o América se transfigurou numa terra arrasada, no fim de 2018, quando amargou mais um rebaixamento ao perder para o Fluminense (1 a 0), na derradeira rodada, no Maracanã.
O roteiro foi inversamente proporcional ao de 2019: um time com jogadores conhecidos, que fez uma campanha admirável no primeiro turno da Série A (iniciou o returno em 11º lugar), mas entrou em queda livre, se atracou ao Z-4 na 32ª rodada e não se safou mais, nem quando “repatriou” o milagreiro Givanildo Oliveira.
O roteiro foi inversamente proporcional ao de 2019: um time com jogadores conhecidos, que fez uma campanha admirável no primeiro turno da Série A (iniciou o returno em 11º lugar), mas entrou em queda livre, se atracou ao Z-4 na 32ª rodada e não se safou mais, nem quando “repatriou” o milagreiro Givanildo Oliveira.
Há um ano, o clima era de fim de feira. Fora da elite, o Coelho foi, então, desmontando o time que contava com bons valores, a começar pelo goleiro João Ricardo e o zagueiro Matheus Ferraz. O experiente atacante Rafael Moura, que havia sido o artilheiro da equipe na Segunda Divisão, também se despediu.
Givanildo permaneceu, mas a quinta passagem dele pelo Lanna Drumond terminou antes do esperado: na segunda rodada da Série B deste ano, após derrotas para Operário-PR e Botafogo-SP, ambas por 1 a 0. O substituto, Maurício Barbieri, durou apenas sete partidas. Entrou em cena, então, o coordenador técnico Felipe Conceição, que poucos conheciam.
Givanildo permaneceu, mas a quinta passagem dele pelo Lanna Drumond terminou antes do esperado: na segunda rodada da Série B deste ano, após derrotas para Operário-PR e Botafogo-SP, ambas por 1 a 0. O substituto, Maurício Barbieri, durou apenas sete partidas. Entrou em cena, então, o coordenador técnico Felipe Conceição, que poucos conheciam.
Como treinador, ele foi responsável não apenas por montar um time. Além de armar um esquema que favorecesse o estilo de seus jogadores e encontrar uma equipe que atuasse em sintonia, Felipe Conceição formou uma unidade que é essencial em qualquer esporte, mas sobretudo no futebol. Extraiu o melhor dos atletas experientes que estão em seu grupo, porém também deu espaço para jovens valores. Ele mesmo um jovem, de 40 anos, refutando a velha máxima de que é necessário um treinador rodado, renomado para desafios desse quilate.
Amanhã, Felipe Conceição e seus comandados estarão diante daquela que se configura como a grande chance de suas carreiras. Que todo profissional almeja. De comprovar que os sacrifícios não foram em vão. De mostrar que todos os esforços valeram a pena. O último passo rumo ao degrau mais importante, que leva à glória. Que eles consigam, pois o futebol mineiro precisa disso para salvar o seu 2019.