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Rodada do Mineiro vai ser definida pelos testes de COVID-19

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Voto vencido e contrariedade devidamente registrada, o Campeonato Mineiro será retomado neste domingo. Não adianta a colunista aqui protestar. Achar que falta sensibilidade a quem organiza a volta da competição justamente quando o estado vive seu pior momento da pandemia do novo coronavírus. Afinal, é vida que segue – dizem os que estão vivos. “E daí, não sou coveiro!”, brada o outro.



A bola vai rolar de novo em gramados mineiros, independentemente de qualquer estatística: de infectados, óbitos, leitos de UTI ocupados, até de recuperados. Leia-se, publique-se e cumpra-se. Ponto final.

Noves fora o desgosto por enxergar todo esse cenário que muitos ignoram em nome do retorno das competições de futebol, há questões que, se não desafiam o entendimento, pelo menos deixam interrogações. O protocolo para a volta dos campeonatos é uma delas.

Há alguns pontos compreensíveis, e o esforço de tentar oferecer um ambiente minimamente seguro é elogiável. Aqui vai todo o meu respeito, principalmente pelos médicos que estão conduzindo o processo em Minas, sobretudo os da capital – conheço muitos deles e sei da relevância que têm os serviços que prestam ao longo dos anos para os clubes.

Mas, ainda, assim, me permito questionar. Afinal, é esse, por premissa, o papel do jornalista. E a principal questão que bate à porta tem a ver com um triste aspecto da pandemia, que é global: a falta de isonomia provocada pela desigualdade financeira.



Transportando para o Mineiro: na prática, pode ter time sem jogador suficiente para entrar em campo domingo. E esse é um risco que os organizadores sabem que correm.

Está lá no protocolo que, 48 horas antes das partidas, os 40 integrantes das delegações passam pelo teste de PCR, aquele do cotonete, apontado como o de maior efetividade para o diagnóstico da COVID-19. Eles serão bancados pela Federação Mineira de Futebol. Nessa quinta-feira, portanto, cada clube teve sua bateria de exames.

Há times do interior, segundo informa uma fonte ligada ao futebol mineiro, em que esse será o único teste aplicado no grupo desde a volta aos treinos, já que nem todos têm condições de bancar a testagem sistemática – como foi feito em Atlético, América, Cruzeiro e Coimbra, por exemplo.

A explicação é simples. Cada teste de PCR custa R$ 260, em média. Por pessoa. Isso quando se encontra fornecedor, já que alguns laboratórios não estão conseguindo atender à alta demanda.



Então, coloca na ponta do lápis: R$ 10.400 para testar 40 pessoas por vez. O correto seria que tal controle fosse feito a cada 15 dias. Com isso, se um time tiver voltado aos treinos em meados de junho, até hoje já teria passado pelo menos três processos de testagem em massa que custariam, ao clube, R$ 31.200.

Até mesmo se foram duas levas nesse período, o montante é alto: R$ 20.800. Nem todos podem arcar.

Dessa forma, existe a possibilidade de que, somente na véspera de entrar em campo, o clube tome conhecimento de que tem jogadores infectados, já que os resultados demoram de 24h a 48h para sair.

Se por acaso em alguns desses times a contaminação for ampla e impedir que haja atletas em número suficiente para formar a equipe, diz o protocolo que será declarada derrota por W.O.


Para o caro leitor não achar que é muita divagação tal hipótese, basta ver um comunicado emitido pelo Coimbra, calouro do Mineiro, no último sábado.



Ao informar o balanço dos testes de COVID-19 feitos em seu grupo, o clube apresentou uma ressalva importante de forma sutil, porém direta.

Diz uma parte da nota oficial: “Desde 8/7, data da reapresentação, todos os atletas se encontram hospedados no CT e em isolamento. O clube cumpre rigorosamente todas as orientações dos órgãos de saúde e os protocolos de segurança implementados pelo departamento médico, para evitar a disseminação do novo coronavírus. Os testes aplicados nos jogadores para detecção da COVID-19 são os exames de RT-PCR e IgA e IgG. Sendo assim, o clube espera e tem confiança de que todos os que disputam o Módulo I do Mineiro também estejam seguindo à risca o protocolo de segurança para a volta do futebol, desenvolvido pela Federação Mineira em conjunto com a Secretaria de Saúde de Minas Gerais”.

O assunto já está nas rodas de conversa dos clubes há algum tempo. Tanto que consta no regulamento da competição. Moral da história: só com os resultados dos exames que sairão nesta sexta ou no sábado vamos saber se realmente teremos rodada completa do Mineiro no domingo.

audima