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O Dia D de Ney Franco no Cruzeiro

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Tão interessante quanto ver o que o técnico Ney Franco vai fazer a partir de agora, no Cruzeiro – estreia nesta noite, contra o Vitória, no Mineirão –, será observar por quanto tempo ele estará no clube. Essa questão virou crucial desde que Mano Menezes deixou o comando da equipe, em agosto do ano passado, após a derrota por 1 a 0 para o Internacional, no Mineirão, pela rodada de ida da semifinal da Copa do Brasil.



Mano vinha de um trabalho vitorioso de três temporadas, com a conquista de duas edições da Copa do Brasil (2017 e 2018), além de dois títulos de Campeonato Mineiro (2018 e 2019). Mas não resistiu à instabilidade dentro e fora de campo, e principalmente à sequência ruim, de apenas uma vitória em 18 partidas. A saída do treinador gaúcho foi somente mais um capítulo fatídico daquele que foi o mais conturbado ano da história cruzeirense.

Desde então, a soma entre a frustração da torcida com o que passou, a incerteza pelo que está por vir, a pressão por resultados imediatos e a vontade de reviver os tempos gloriosos implicou em demissões em série de treinadores na Toca da Raposa.

Ninguém mais conseguiu cumprir o tempo total de contrato – aliás, eles ficaram bem longe disso. Em menos de um ano, foram quatro os ocupantes do cargo: Rogério Ceni, Abel Braga, Adílson Batista e Enderson Moreira.

É importante frisar: eles foram mais vítimas do que culpados pelas escolhas erradas feitas no clube. E é nesse cenário que Ney Franco volta ao Cruzeiro, onde começou como treinador das categorias de base.



Eu até me permito fazer aqui algo que costumo abominar: um exercício de futurologia. Não sou muito adepta de fórmulas de adivinhação, de apontar um ou outro time campeão ou rebaixado quando as competições nem sequer chegaram à metade. Muito menos de decretar o sucesso ou o fracasso de um treinador antes mesmo que ele conheça o grupo de jogadores.

A história nos mostra que são jornadas construídas ao longo do caminho.

Nesse caso específico, contudo, é possível traçar um paralelo entre passado, presente e futuro baseado em fatos e afirmar: Ney Franco começa sua trajetória agora com a mira voltada para uma data bem específica, dentro de uns dois meses: o dia 28 de novembro.

Daqui pra frente, o calendário vai dizer muito do que será o Cruzeiro.

Essa contagem vai começar em 17 de outubro. Se Ney Franco chegar ao jogo contra o Juventude, no Mineirão, pela 16ª rodada da Série B do Campeonato Brasileiro, ainda como treinador celeste, ele vai se igualar a Rogério Ceni, que comandou a Raposa em oito partidas. Já será um início.



Dirigindo o time diante do Botafogo, em Ribeirão Preto, pela 20ª rodada, em 7 de novembro, Ney Franco vai se equiparar a Enderson Moreira, que ficou à frente da equipe por 12 jogos. Um passo importante será dado.

Se tudo continuar correndo relativamente bem e duas semanas depois Ney Franco estiver no banco na partida contra o Figueirense, em BH, ele alcançará a marca de Abel Braga, técnico cruzeirense em 14 confrontos. Já estará acima da média geral de seus antecessores, que é de 12,5 partidas.

Agora, se terminar o jogo contra a Chapecoense, em 24 de novembro, em Chapecó, empregado, aí ele estará diante de um recorde, a ser atingido no duelo seguinte, com o Confiança, em casa: completar 16 confrontos no comando celeste, superando os 15 em que a equipe teve como treinador Adilson Batista.



Se até este 28 de novembro Ney Franco estiver de fato prestigiado pela diretoria – e não no sentido figurado que a palavra ganhou no vocabulário futebolístico –, será um importante sinal de que os bons ventos voltaram a soprar para os lados da Toca da Raposa.

Que o time conseguiu uma trajetória ascendente na Série B e, pelo menos, faz uma campanha que lhe garante boas perspectivas.

Por isso, torcedor celeste, pode marcar aí na folhinha. O Dia D para o Cruzeiro, a partir de hoje, é o 28 de novembro. A sobrevida de Ney Franco como treinador do time até lá será um indício da ressurreição da Raposa. Mais do que isso: será o fim de uma busca desesperada por alguém que realmente dê esperança à torcida de dias melhores.