Pois é, meus amigos, a Terra (que há quem acredite ser plana) dá voltas. E numa dessas voltas, prega lições nos desavisados. A bola da vez é o Flamengo. Forte defensor do retorno do futebol no Brasil em meio à pandemia do novo coronavírus, se viu praticamente sem time para mandar a campo, mediante o surto de COVID-19 que se abateu sobre a Gávea: sete jogadores tiveram a infecção confirmada na segunda-feira (21), antes do duelo contra o Barcelona, em Guayaquil, pela Copa Libertadores, e mais nove casos foram detectados nessa quarta (23).
E aí começou o debate: deve ou não haver o jogo contra o Palmeiras, marcado para domingo, pelo Campeonato Brasileiro?
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Thiago Neves, Villa, Sampaoli e a falta de respeito no futebolO Dia D de Ney Franco no CruzeiroAline Pellegrino na CBF: a notícia do ano para o futebol brasileiroPor que especialistas dizem que o futebol brasileiro tem mesmo que pararJogo contra o Cuiabá terá desafio duplo para o CruzeiroHá quem pregue que por trás da defesa de manutenção da partida esteja uma espécie de vingança, aquele prato que segundo o ditado se come frio. Outros, com a tese de que é um caso de saúde pública, dizem que o adiamento seria o mais sensato.
No domingo (20), na rodada de abertura da Série D, o Palmas-TO, também com oito atletas com COVID-19, teve apenas dois reservas contra o Villa Nova, no Alçapão do Bonfim. No mesmo dia, a Caldense viveu problema idêntico contra o Brasiliense: oito baixas e a negativa de remarcação do confronto.
Ao serem tão veementes com relação à volta do futebol, dirigentes que compactuaram com a ideia assumiram todos os riscos que dela advêm. Inclusive o de ficar sem seus melhores jogadores – e até mesmo sem jogador algum – para entrar em campo.
Nem tampouco há certeza de como o organismo de cada um vai reagir caso contaminado. E ainda: o risco que essas pessoas correm de passar o vírus adiante.
Eles não têm como assegurar que as pessoas que forem ao estádio estarão livres da possibilidade de se contaminar e de contaminar outros. E até de morrer de COVID-19.
Ora, se uma coisa está errada é nela que alguém vai embasar um ponto de vista para justificar outra também errada? O exemplo não deveria vir de algo que está certo? Não dá para entender.
Na Alemanha, desde sábado (19) foi liberada 20% da capacidade dos estádios, com obrigatoriedade do uso de máscaras e do distanciamento de 1,5m entre os torcedores. Agora pergunta se isso foi seguido à risca? Não, não foi. E o debate renasceu. A Federação dos Médicos do país, contrariada com tal liberação, alerta que o perigo de um contágio em massa é real.
Que essas pessoas que tomam decisões, dentro e fora do futebol, se conscientizem de uma vez que elas estão lidando com vidas.