Jornal Estado de Minas

ESPECIAL PELÉ 80 ANOS

Infelizmente, eu não vi Pelé jogar!

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Quando eu nasci, Pelé já estava em vias de se aposentar. Tudo o que sei dele vem do que pesquisei ao longo dos tempos. Do que ouvi de quem teve a sorte de testemunhar a história diante dos olhos. Do que li em livros que retratam a era dourada do futebol brasileiro e em matérias de jornais e revistas escritas por colegas que tiveram o privilégio de reportar o que foi, em ação, aquele que é o Maior de todos os tempos.





Do que resgatei em imagens, por vezes em preto e branco e até meio borradas, de resolução baixa – bem diferentes das de hoje em dia, que mostram com extrema definição até os pingos de suor no rosto dos jogadores.

Se pensarmos bem, pode ter sido até um capricho dos deuses. Afinal, Pelé em TV 4k, com um acompanhamento meticuloso de cada movimento, cada matada de bola, cada drible e finalização, seria ainda mais covardia com os reles mortais.

Um atleta aclamado como o maior de um século inteiro, já calculou o que é isso? Que é alçado ao posto de realeza sem nem sequer ter sido parte integrante de uma monarquia. Que transcende tempo e espaço.



Tudo isso catapultado pela genialidade com a bola nos pés dentro de um retângulo de mais ou menos 100m de comprimento por 64m de largura.

Não é preciso ter visto Pelé jogar para ter consciência de quão atemporal é tudo o que ele fez nos gramados. Tudo o que ele representou para o esporte em geral – não somente o bretão.

Assistir ao documentário Pelé eterno devia fazer parte de currículo escolar no Brasil, e isso nada tem a ver com entretenimento. Muito menos seria embasado na tese de que o futebol seja o ópio do povo. Serviria, na verdade, para que as novas gerações, que como eu não viram Pelé jogar, saibam exatamente a dimensão dele na história.

Tudo o que vemos, da década de 1980 pra cá, no futebol mundial, tem influência direta do que Pelé e seus pares (precisamos nos lembrar de que ele teve muitos craques como parceiros, de time e Seleção Brasileira) construíram nos anos 1960 e 1970. A régua que mede o que é espetáculo, o que é excelência, o que é futebol-arte foi determinada por eles.

Eu não vi Pelé jogar, infelizmente. Mas reconheço o valor de cada chute que ele deu na bola e me encanto com o talento dele como se tivesse visto.








audima