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América x Cruzeiro: o que você pode esperar do clássico deste domingo

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A previsão meteorológica aponta que o domingo será de temperatura amena em Belo Horizonte. Aquelas típicas tardes de outono: poucas nuvens, ventos fracos e termômetros chegando no máximo a 25°C. Mas não se engane. No gramado do Independência, os indícios são de tempo quente. O reencontro entre América e Cruzeiro, a partir das 16h, pela segunda partida da semifinal do Campeonato Mineiro, promete soltar faísca.



E, acreditem, isso não é nenhuma novidade.

Não é possível saber se há alguma conjunção astral ligando os dois clubes, mas fato é que confrontos entre América e Cruzeiro costumam ser mais apimentados que os clássicos que o time americano faz com o Atlético.

É claro que toda regra tem sua exceção, mas aqui se trata apenas de um palpite baseado em observações da colunista ao longo dos anos, e não de tese comprovada cientificamente.

Jogos entre Coelho e Raposa parecem temperados com uma dose a mais de pimenta. O duelo verbal geralmente é tão intenso quanto a disputa pela bola. Por vezes, chegam às vias de fato, o que é altamente deplorável. 



Não raro, terminam em discussões acaloradas, como as registradas na primeira partida da semifinal, no Mineirão – vencida pelo América por 2 a 1, o que o possibilita avançar à decisão com empate e até derrota por um gol de diferença.

No bate-boca pós-apito final do árbitro, o atacante celeste Marcelo Moreno gritou para o técnico americano Lisca: “Ô Lisca, vai ter volta, hein. Faltou com respeito com a gente, via...”. Aquela troca de gentilezas já conhecida nos gramados, que normalmente é sucedida pela justificativa de que foi no calor do jogo, etc e tal.

Não é possível afirmar que essa amabilidade toda surgiu logo no primeiro confronto, há quase 100 anos: em 10 de julho de 1921, os dois times se enfrentaram no Campo do Prado Mineiro, pelo Campeonato da Cidade, com vitória do Coelho por 2 a 0.



O usual é que a contenda brote de contestações a marcações de arbitragem. Pela 25ª rodada da Série B do Campeonato Brasileiro do ano passado, por exemplo, Lisca ficou injuriado com erros do árbitro paraense Dewson Fernando Freitas da Silva, que deixou de marcar um pênalti para o Coelho (mão na bola de Adriano) e assinalou infração inexistente a favor da Raposa (contato de Messias com William Pottker).

Rafael Sobis e Manoel fizeram os gols do triunfo celeste por 2 a 1. Anderson descontou.

Certamente, o treinador americano ainda estava com aquele episódio atravessado na garganta. E extravasou no Mineirão, domingo passado, acendendo as fagulhas da mais recente confusão.

Vários episódios ajudaram a incrementar ainda mais a rivalidade ao longo dos anos. Cruzeirenses e americanos hão de se lembrar da final do Campeonato Mineiro de 1992, que teve como um dos protagonistas o então atacante celeste Renato Gaúcho.



Quem viu o centroavante em ação sabe que ele já fazia questão, naquela época, de alimentar um certo folclore em torno de sua figura, com declarações controversas e ironias. Além, é claro, de muitos gols.

Pois em 1992, Renato deixou como herança de sua curta porém marcante passagem pelo Cruzeiro, além de 18 gols em 18 partidas e dois títulos, um capítulo pitoresco.

Na véspera da decisão do Estadual contra o América, ele prometeu que faria três gols. A promessa foi cumprida logo no primeiro jogo, e ele fez questão de provocar os torcedores americanos, com o dedo indicador sobre a boca pedindo silêncio, na comemoração de cada gol.

“Eu tinha prometido durante a semana que ia fazer gols e calar a boca deles. Espero que voltem domingo que vem (no segundo jogo da final) para dar mais renda”, disse, após a vitória por 3 a 2.

A Raposa ganharia também o segundo duelo, por 2 a 0 (Renato balançou a rede mais uma vez), diante de 62.589 pagantes, no Gigante da Pampulha.



Entre os mais importantes clássicos disputados entre eles, dois levaram a um final feliz para os lados do Lanna Drumond. Foram as partidas que decidiram a Copa Sul-Minas de 2000, com triunfos do Coelho por 1 a 0 (gol de Pintado) e 2 a 1 (Zé Maria de pênalti para o Cruzeiro e de Zé Afonso e Álvaro para o alviverde).

O América, comandado pelo jovem técnico Flávio Lopes – tinha 34 anos –, foi o primeiro campeão da competição, que reunia os maiores clubes de Minas e do Sul do Brasil e que para muitos torcedores está entre a taça mais expressiva da história do Coelho.

“Contra tudo e contra todos! Não é fácil ganhar do América, não! Ninguém ganha antes do jogo, não! Tem que ganhar é aqui dentro!”, desabafou Wellington Paulo, zagueiro que foi símbolo de uma geração do Coelho, durante a comemoração.

Portanto, que ninguém espere jogo morno no domingo. Mesmo sem torcida, o Independência vai parecer um caldeirão.

audima