Nacho , para os íntimos e os não tão íntimos, é o cérebro do Galo. O jogador que coloca o time para jogar.
Há muito tempo o Atlético não tinha um meio-campista desse estilo. O cara que dita o ritmo da equipe de forma até intelectual. Os toques dele na bola não são aleatórios, os passes não saem por acidente. Não é questão de sorte. Tudo parece milimetricamente pensado. Sabe aquela história do ponto futuro? Nacho é especialista nisso, em se antecipar ao tempo, por vezes até ao espaço.
Nesse quebra-cabeça, acha soluções que deixam seus colegas na cara do gol. Ou em condição de sair de uma marcação mais forte, dar uma assistência, enfim. Ele abre os caminhos do time.
Você pode dizer que Ronaldinho Gaúcho desempenhou esse papel há oito anos, naquela campanha vitoriosa da Copa Libertadores. Mas as semelhanças entre eles são bem poucas.
As câmeras de TV sempre mostram, repara só: o olhar fixo, a concentração total no trabalho que ele tem de fazer. E uma simplicidade que só quem é muito bom de serviço no futebol consegue mostrar.
Para ter ideia da idolatria dos torcedores do River com Nacho, basta ver as reações que pipocaram pela internet após o jogo dessa quarta-feira no Monumental de Núñez. Eles não se conformam por ter saído dos pés de seu ídolo o gol que decretou a vitória atleticana por 1 a 0.
Quando chegou ao Atlético, em fevereiro, para defender pela primeira vez um clube de fora da Argentina, Nacho trouxe consigo uma grande expectativa, pois já era um jogador consolidado no cenário sul-americano. E tem retribuído os US$ 6 milhões (R$ 32,2 milhões na cotação da época) desembolsados para sua contratação.
Os números indicam oito gols e seis assistências em 27 jogos pelo alvinegro, porém, uma observação mais cuidadosa vai perceber que a importância dele para o time vai além dessas estatísticas.
Por tudo isso, aquele cartão vermelho recebido por Nacho no fim do jogo em Buenos Aires, numa decisão do VAR contestada por muitos, vai gerar um grande desfalque para o Galo na partida de volta das quartas de final da Libertadores, quarta-feira (18/8), às 21h30, no Mineirão.
O treinador alvinegro Cuca decerto vai encontrar alguém para ocupar a vaga, mas dificilmente conseguirá substituir tudo o que Nacho tem significado para o time atleticano.