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O cruzeirense precisa acreditar em Luxemburgo

Mesmo quem não avalizou a contratação, não tem muita escolha. É preciso comprar a ideia, acreditar no discurso positivo de Luxa e esperar pelo melhor


26/08/2021 17:35 - atualizado 27/08/2021 08:54

Vanderlei Luxemburgo voltou ao Cruzeiro prometendo devolver o time à Primeira Divisão
Vanderlei Luxemburgo voltou ao Cruzeiro prometendo devolver o time à Primeira Divisão (foto: Bruno Haddad/Cruzeiro)
chegada de Vanderlei Luxemburgo ao Cruzeiro  foi um sopro de esperança para o torcedor, mas bem ao estilo "se não tem tu, vai tu mesmo". Nem todo cruzeirense gostou da escolha da diretoria - enquete feita pelo portal Superesportes na época em que o cargo estava vago mostrou que a maioria queria Luxemburgo, mas isso significou apenas 27% dos votos totais, o que não afere uma grande aprovação.

Mesmo quem não avalizou a contratação, não tem muita escolha. A esta altura do campeonato, é preciso comprar a ideia, acreditar no discurso positivo de Luxa e esperar pelo melhor.

À torcida, restou apenas acreditar, baseando-se na máxima de que pior do que estava não tinha como ficar. A Raposa patinou em todo o primeiro turno da Série B do Brasileiro. Nunca esteve entre os quatro melhores, muito antes pelo contrário - a zona de rebaixamento foi a morada mais frequente, e a temida queda para a Série C ganhou contornos reais. 

Num cenário catastrófico como esse, qualquer mão estendida vira tábua de salvação. E aí chegou Luxemburgo, com aquele discurso que a gente já conhece: de que o torcedor é o centroavante do time, de que não acredita no impossível e assegurando que a volta à elite pode estar logo ali, apesar de matemáticos apontarem pouco mais de 2% de chance de acesso para o Cruzeiro. Menor inclusive que as projeções de queda, que chegam a 12,5% de probabilidade.

Sabedor de que estatísticas não são estáticas, o treinador apostou alto. Disse estar pronto para desafiar toda sorte de cálculos e previsões e levar o time celeste aos 70% de aproveitamento necessários para cravar o retorno à Primeira Divisão.

Muita gente olhou desconfiada para a retórica digna de gurus de autoajuda do terceiro milênio, mas fato é que, pelo menos nos cinco jogos iniciais, Luxemburgo entregou o que prometeu: desde a estreia na virada (2 a 1) sobre o Brusque, são três vitórias e dois empates, 11 pontos de 15 disputados e desempenho de 73,3%.

Pensando em termos de camisa, tradição e do que era de se esperar de uma equipe da envergadura do Cruzeiro na Série B, o rendimento não deveria surpreender. Entraria na seara do "não fez mais do que a obrigação".

A nova realidade, no entanto, aponta para outra análise. No combalido Cruzeiro da Série B, uma sequência invicta de cinco partidas, com aproveitamento acima de 70%, é sim de se elogiar.

O que não pode é iludir ou mascarar o tamanho do problema. A estrada ainda é longa: Luxa assumiu com a missão de comandar o time nos 23 jogos que restavam na Segunda Divisão, e foram apenas os cinco primeiros da lista. É claro que nessa relação toda e qualquer partida é determinante para o futuro celeste, porém, não dá para não reconhecer a importância das duas próximas rodadas nessa conta. 

Domingo, às 16h, no Rei Pelé, o adversário é o CRB, vice-líder da competição, com 36 pontos, 12 a mais que a Raposa. A equipe alagoana tem o dobro de vitórias da equipe celeste. Em seguida, mais um integrante do G-4, o Goiás, terceiro colocado com 35 pontos. O principal ponto comparativo entre eles está na defesa: o time esmeraldino levou menos da metade dos gols sofridos pelo Cruzeiro: 12 contra 29. 

Hoje, a diferença dos mineiros para o quarto colocado, o Guarani, é de 9 pontos.

Para quem projeta chegar ao grupo dos quatro melhores do campeonato, que garantem a passagem para a Série A, diminuir a distância para esses dois é fundamental. Ao mesmo tempo em que aumentá-la, com a competição entrando na reta final, será fatal.

Em toda entrevista, os jogadores cruzeirenses destacam que Luxemburgo não fala em outra coisa que não seja o acesso. Parece estar em curso, a grosso modo, quase que uma "lavagem cerebral" no grupo.

O treinador quer porque quer colocar na cabeça de cada um dentro da Toca que querer é poder, quem espera sempre alcança, foco, força e fé e todos os clichês do tipo. Praticamente uma blindagem emocional. 

"Não estou na Segunda Divisão, estou no Cruzeiro", declarou o técnico em sua chegada, tentando colocar as duas coisas em gavetas separadas. É compreensível a tentativa dele de isolar o Cruzeiro da Série B, mas ignorar a realidade pode ser traiçoeiro. Foi justamente isso que trouxe o clube até aqui.

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