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Barcelona e Seleção Brasileira: a sobrevida de Daniel Alves no futebol

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Não se surpreenda se da delegação do Brasil que embarcará para o Catar com a missão de buscar o hexacampeonato mundial, no fim do ano, faça parte um careca de vibrantes olhos verdes, sotaque baiano e personalidade marcante: o quase quarentão Daniel Alves. O maior colecionador de títulos do futebol pode acabar vendo cair, em seu colo, a chance de ir atrás da conquista de um dos poucos troféus que faltam em sua recheada galeria.



No alto de seus 38 anos (completará 39 em maio), ele reapareceu nesta quinta-feira (27/1) na Seleção Brasileira, após a expulsão de Emerson, na partida contra o Equador, pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2022, e nem atuou tão bem assim: ficou dentro da média geral da equipe de Tite, que fez um jogo insosso em Quito. O empate por 1 a 1 acabou demarcando o equilíbrio em campo – nenhum dos dois times merecia mesmo mais do que isso.  

Mas, para Daniel Alves, o confronto teve vários componentes especiais. O primeiro deles: ao entrar no lugar de Philippe Coutinho, ainda no primeiro tempo, ele se tornou o terceiro jogador que mais vezes vestiu a camisa canarinho. Não é pouco.

Com 121 partidas, Daniel Alves deixou para trás ninguém menos que Rivellino (120) e é superado apenas por outros dois laterais marcantes: Cafu (150) e Roberto Carlos (132).

O número foi de certa maneira simbólico, porque esse baiano nascido em Juazeiro alcança a emblemática marca em um momento de retomada na carreira, desafiando quem o considerava a caminho da aposentadoria.

Ao deixar o São Paulo em setembro do ano passado, muitos dificilmente poderiam imaginá-lo envergando novamente as cores azul grená do Barcelona. E lá está ele, de volta à casa culé, colocando sua liderança e experiência a serviço do clube catalão, que atravessa uma das fases mais complicadas de sua existência.



O retorno de Daniel Alves ao Camp Nou e a surpreendente convocação para a Seleção Brasileira parecem ter aberto um portal na carreira do lateral. Um suspiro de sobrevivência. Demonstram que ele continua prestigiado internacionalmente. Ainda há quem aposte no que ele pode produzir, da forma que pode produzir, a esta altura da vida.

Esse sopro de renovação pode ter sido desencadeado com a conquista da medalha de ouro olímpica com a Seleção Brasileira em Tóquio, no ano passado. Naquela ocasião, Daniel Alves era uma espécie de esteio no meio da juventude. O jogador que estava ali para baixar a bola dos mais afoitos e colocar fogo nos mais passivos.

Não foram poucos os relatos da influência, inclusive psicológica, que ele teve naquela conquista.

Mas daí a pensar em vê-lo novamente na Europa e, depois, numa disputa de Copa do Mundo, parecia meio distante. A lógica, no entanto, vem sendo testada por Daniel Alves, e, pelo cenário atual, pelas opções de laterais-diretos e a irregularidade dos últimos escolhidos de Tite, não soa muito absurdo imaginar a presença dele no grupo que estará no Catar, em novembro.



Segundo os dados da CBF, Daniel Alves disputou 121 jogos em 153 convocações. Tem oito gols marcados pelo Brasil, numa trajetória que começou em 7 de outubro de 2006, quando foi chamado por Dunga para um amistoso contra o Kuwait, na Ásia. Ele atuou por 32 minutos, e a Seleção goleou por 4 a 0.

De lá pra cá, fez história no planeta bola. Aquele jogador do Bahia que tinha no currículo somente a Copa Nordeste de 2002, começou a empilhar taças. Com o Sevilla foram duas Copas da Uefa (2006 e 2007), uma Copa do Rei (2007), uma Supercopa da Espanha (2007) e uma Supercopa da Uefa (2007). Pelo Barça, três Ligas dos Campeões (2009, 2011 e 2015), três Mundiais de Clubes (2009, 2011 e 2015), três Supercopas da Uefa (2009, 2011 e 2015), quatro Copas do Rei (2009, 2012, 2015 e 2016), seis Campeonatos Espanhóis (2009, 2010, 2011, 2013, 2015 e 2016) e quatro Supercopa da Espanha (2009, 2010, 2011 e 2013).

Na curta e polêmica passagem pela Juventus, um Campeonato Italiano (2017) e uma Copa da Itália (2017). Com o Paris Saint-Germain, uma Copa da França (2018), uma Copa da Liga da França (2018), uma Supercopa da França (2017) e dois Campeonatos Franceses (2018 e 2019). Na volta ao solo brasileiro, foi campeão paulista com o São Paulo (2021).

A tudo isso se somam, pela Seleção, duas conquistas de Copa América (2007 e 2019) e duas de Copa das Confederações (2009 e 2013), além do ouro em Tóquio. São nada menos que 42 títulos. Nem Pelé e Messi fizeram igual. Só que falta a cereja do bolo: a Copa do Mundo. E o destino pode acabar dando uma mãozinha a ele nessa missão.