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Moral da história no Cruzeiro x América: se é ruim com o VAR, pior sem ele

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Bastaram três rodadas do Campeonato Mineiro e um clássico para que a ausência do Árbitro de Vídeo, o VAR, fosse sentida. A ferramenta, que desperta mais ira do que admiração em muitos amantes do futebol, volta e meia é alçada ao posto de maior vilã na era moderna do esporte bretão, porém, mais uma vez ficou provado que ela é um mal necessário.



Os acontecimentos do Cruzeiro 0 x 2 América dessa quarta-feira mostraram que uma arbitragem 100% dependente do olhar humano está muito mais sujeita a erros - algum deles, claramente detectáveis pelo olhar eletrônico.

O grande "xis" da demonização do VAR é que as pessoas esperam uma precisão matemática que não pode ser atribuída a ele. Lances interpretativos do futebol sempre passarão, em última instância, pela decisão de um árbitro, e ela dependerá, em muitos casos, de uma combinação com ingredientes subjetivos: além do preparo técnico e físico, do que ele viu, da forma que viu e do que entendeu da jogada. 

A unanimidade em cima dessas decisões raramente é alcançada: nem entre os próprios experts no assunto, que avaliam os lances de forma clínica, sem o tempero da paixão. Basta assistir às mesas-redondas do dia seguinte aos jogos. Sempre há conclusões divergentes, inclusive entre ex-árbitros.

Entra em campo, então, o auxílio da tecnologia. Marcando linhas no campo para verificar impedimentos. Atestando se a bola entrou ou não. Se bateu ou não no corpo do adversário. Questões assim, preto no branco, dentro ou fora, que por vezes escapam da análise de quem está com o apito e/ou a bandeira em mãos.



São nesses momentos que a gente percebe a falta que o VAR faz. Em casos em que, em tese, a solução parece simples demais. Óbvia demais.

Se houvesse o árbitro de vídeo no jogo entre Cruzeiro e América, as marcações equivocadas seriam cometidas? Ninguém pode garantir que não. Mas a possibilidade de que algumas delas fossem evitadas é grande. Como o gol mal anulado de Edu, aos 15min do primeiro tempo, quando o placar estava 0 a 0. Foi apontado impedimento do jogador celeste - que estava em posição regular. 

Ao revisar os lances, a comissão de arbitragem da Federação Mineira de Futebol (FMF) entendeu que as falhas foram capitais. O auxiliar Marcyano da Silva Vicente e o juiz Ricardo Marques Ribeiro ficarão fora de jogos do Estadual para se submeter a um período de "reciclagem", em que passarão por avaliações. O erro, no entanto, não tem volta. 

Lá se vão quase quatro anos desde que o VAR entrou para as regras do futebol. Em 3 de março de 2018, a International Football Association Board (IFAB) determinou a oficialização do árbitro de vídeo nas partidas.



A intenção, disseram na época, era a busca por "justiça". Foi a partir da Copa do Mundo da Rússia que ele entrou definitivamente em ação: mais precisamente no duelo entre França e Austrália, em 16 de junho. Na ocasião, auxiliou na correção de um pênalti para a Seleção Francesa.

No Brasil, a estreia foi no segundo tempo de Santos x Cruzeiro, em 1º de agosto de 2018, na Vila Belmiro, pelas quartas de final da Copa do Brasil. Aos 11min do segundo tempo, o VAR deu o ar da graça: ao analisar a possibilidade de um pênalti do cruzeirense Lucas Romero. O árbitro Wilton Pereira Sampaio se comunicou com a equipe na cabine. Foram 27 segundos de paralisação até que a partida fosse reiniciada sem que a irregularidade fosse confirmada. A Raposa venceu por 1 a 0, gol de Raniel.

Desde então, sempre houve polêmica sobre a utilização. Críticas sobre a forma e o conteúdo. Questionamentos de toda sorte. Falhas também. Falta aprimoramento ainda. Mas é preciso entendimento que dificilmente os erros de arbitragem em campo serão zerados, porque nem tudo é quente ou frio, direita ou esquerda.

A gente sempre vai ter muito assunto para discutir - a prova disso é que ao digitar as palavras VAR e polêmica na busca do Google aparecem nada menos do que 3.810.000 citações. 

Moral da história: com ou sem o VAR, haverá polêmica nas quatro linhas. Mas se está ruim com ele, é muito pior sem.