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A antipatia que a Supercopa do Brasil está despertando no torcedor

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A intenção é até boa, mas é aquele papo: de boas intenções, o inferno está cheio... A Supercopa do Brasil foi ressuscitada há dois anos pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para dar uma movimentada no futebol nacional, apontando uma espécie de "supercampeão" da temporada a partir do confronto entre o vencedor do Campeonato Brasileiro e o da Copa do Brasil.



É o tipo de título que pouco acrescenta à galeria de uma equipe, mas que muitos torcedores adoram lembrar. Em 2022, no entanto, ela ganhou ares de pasquim de fofoca, com bate-bocas novelescos. Muito por culpa da própria entidade organizadora – mas sobretudo de dirigentes dos clubes –, a cada dia cai um pouco mais em descrédito, numa rota que parece irreversível. A esta altura, está a um passo de beirar o ridículo.

Tudo por uma questão que, aparentemente, era simples de resolver: o tal do campo neutro para o duelo.

Em tese, o Atlético, como dono dos dois títulos, poderia até ser declarado o "supercampeão". Faz jus ao posto pelo que conquistou. Depois das campanhas arrasadoras no ano passado, dificilmente alguém contestaria. Nesse cenário, nem deveria haver a necessidade deste jogo arranjado contra o vice-campeão brasileiro, conforme reza o regulamento da Supercopa. 

Mas é sabido que o planeta bola tem regras próprias, que passam por interesses que vão além do que pode imaginar a nossa vã filosofia. E justamente por esses interesses, decidiram que tem de ter jogo de todo jeito. E calhou de o adversário do Galo ser o Flamengo.



A rivalidade já estava prontinha no forno, era só levar à mesa. O problema é que antes mesmo de a bola rolar ela se fez presente da forma mais bisonha possível: em declarações de cartolas que só têm servido para afastar o interesse de muitos torcedores na partida.

Ao deixar indefinido o local do jogo por tanto tempo, a CBF deu abertura para toda a sorte de bobagem que vem sendo falada por aí. Cidades do Brasil e até do exterior foram anunciadas como potencial sede. A cada nome que surgia, se seguia uma onda de especulações. 

Foram longos 48 dias de boatos entre o anúncio do regulamento da Supercopa de 2022, em 22 de dezembro do ano passado, e a oficialização da Arena Pantanal. Nesse ínterim, provocações e alegações quase colegiais sendo publicadas em redes sociais, pelos clubes e/ou pessoas ligadas a eles.





O estádio Mané Garrincha (que recebeu as últimas duas edições do torneio, em 2020 e 2021, ambas vencidas pelo Flamengo) chegou a ser anunciado como palco do encontro entre Atlético e Flamengo, em 26 de janeiro, mas os organizadores recuaram devido às restrições de público impostas por mais um surto de COVID-19.

A Arena Castelão foi sugerida e rechaçada. Também foram cogitadas as cidades de Manaus, Salvador, São Paulo e até Orlando, nos Estados Unidos.

Com tanta incerteza, começou uma corrida contra o tempo. Somente a 12 dias da data marcada para a partida, veio a confirmação. O que era para criar expectativa, acabou gerando antipatia. Tornou-se enfadonho acompanhar o desenrolar da história. 

Todo esse imbróglio poderia ser resolvido de maneira menos complexa, mais objetiva. Havia alternativas que, se não renderiam tanto comercialmente falando, evitariam pelo menos a fadiga. Até a rivalidade precisa ter limite, e já está muito ultrapassada essa mania de dirigentes ficarem dando satisfação para a torcida por meio de declarações irônicas, palavras de efeito. Perdeu a graça – se é que em algum momento teve.



É uma daquelas coisas que ficaram no passado, e muita gente ainda não aprendeu. 

Já que vai ter a partida de todo jeito, e ela está marcada, não adianta mais choro, nem vela, muito menos nota oficial de teor bem questionável tornada pública – como fez a diretoria atleticana. Só serviu de combustível para deboche dos rivais. Efeito prático nenhum.

Agora, é mirar no que dá para salvar desta malfadada Supercopa: a preparação para a temporada – em tese, será o primeiro grande desafio do Atlético neste início de ano – e a premiação em dinheiro que o troféu pode render.

A CBF ainda não anunciou o valor deste ano, mas baseando-se no que foi distribuído no ano passado, não é de se jogar fora: o campeão embolsou R$ 5 milhões (o vice, R$ 2 milhões). Nada mal para 90 e poucos minutos de bola rolando.