Há muito faltava à Raposa esta concepção de equipe. Nenhum dos que passaram pelo cargo pós-Mano Menezes e pré-Pezzolano conseguiu estabelecer um conjunto sólido, um senso coletivo, que vai muito além do "time em si", com 11 jogadores. Uma perspectiva mais conceitual que prática.
Seu trunfo era a presença de jogadores tarimbados e comprometidos com as cores celestes, como o goleiro Fábio, o zagueiro Leo, o volante Henrique e o atacante Marcelo Moreno.
Imaginava-se que pior que a 11º colocação do ano anterior não teria como ficar. Que o flerte com a Série C era um pesadelo que havia ficado no passado. Pois o enredo se repetiu, e mais uma vez o Cruzeiro se viu em meio a um furacão, com trocas seguidas de técnicos e dívida crescente. Amargou o 14º lugar. Um poço que parecia não ter fim.
Agora, em 2022, com a votação favorável do Conselho celeste pela compra de 90% das ações da SAF por Ronaldo, acredita-se que os bastidores estão mais serenados. E que o foco do torcedor poderá estar voltado tão somente para o campo.
Essa sintonia da torcida com a equipe já ficou evidente nos últimos jogos. Muito como reflexo do que o time de Pezzolano mostrou.
Quando falta qualidade técnica, um modelo tático bem estabelecido se sobrepõe. E isso não só compensa alguma fragilidade individual como eleva o nível do que é entregue pelos jogadores. A torcida vê isso em campo e responde nas arquibancadas.
O cruzeirense está "pezzolanizado". Comprou a ideia do uruguaio. E com razão.