Quem está no futebol há um tempo razoável sabe que toda essa pressão enfrentada pelo argentino hoje era esperada. Mais do que isso: diante das atuais circunstâncias, totalmente justificáveis.
Criticar o Turco não significa, necessariamente, pedir a cabeça dele. Há cinco meses na Cidade do Galo, o argentino já viveu os dois lados da moeda, dentro daquela métrica superdimensionada que caracteriza o futebol: foi abraçado por boa parte da torcida em sua chegada, mesmo sendo pouco conhecido no cenário brasileiro. Com os resultados iniciais, foi exaltado por setores da imprensa. Agora, com o revertério, testemunha a outra face.
Fato é que, a cada jogo, o Atlético se distancia mais e mais da herança de Cuca. Isso, naturalmente, ocorreria. O Turco vai implementar as ideias dele, pouco a pouco. Bem ou mal, é o caminho a seguir.
Essa transição, no entanto, cobra um preço. E o Galo está pagando alto, com atuações instáveis e problemas visíveis, como (principalmente) a falta de compactação e a vulnerabilidade defensiva. Praticamente com os mesmos jogadores do ano passado.
Até aqui, muitas das virtudes mostradas pelo alvinegro são intuitivas, tipo força do hábito. Fruto da forma com que os jogadores se acostumaram a atuar. Por se conhecerem tão bem, eles sabem como cada um joga, o tempo de bola, o estilo, esses detalhes que acabam por fazer a diferença em uma partida.
O meio-campista argentino foi um dos destaques do futebol brasileiro no ano passado, quase unanimidade. Onipresente, pintava de vermelho todo mapa de calor. Não bastasse isso, era extremamente efetivo, produtivo. Passes certos. Velocidade. Em poucos segundos, desarmava e saía para o ataque. Aparecia até para concluir jogadas.
Uma ala da torcida começou a dizer que o problema é Nacho: os dois não poderiam atuar juntos, como se um anulasse o outro. Balela. Um pode muito bem complementar o outro. O Atlético não pode abrir mão do talento de nenhum dos dois - e é para isso que tem um treinador.
Nacho que tem sido a grande válvula de escape alvinegra nesses tempos instáveis. Carrega o time nas costas, no setor do meio-campo, mesmo perseguido pelos adversários. Contra o Bragantino, foi o alvo principal, levou pancada de todo jeito. Levantou e caiu dezenas de vezes. Balançou a rede.
Importante dizer: os gols são um plus. Nacho vai além deles.
Quem se atém somente às decisões do apito corre o risco de cometer o mesmo erro de quem balizou a campanha da conquista do Brasileiro'2021 pelos 11 pênaltis marcados para o Galo, deixando de lado a performance da equipe.