É inegável que as maiores alegrias vividas pela torcida atleticana em sua história são os títulos expressivos que o clube colecionou sob o comando do Cuca. Em 2013, com o troféu da Copa Libertadores, naquela campanha épica, e na temporada abençoada de 2021, com o triplete: Mineiro, Brasileiro e Copa do Brasil. Nos dois casos, uma fusão no mínimo curiosa: o êxtase vivido com as conquistas é sucedido por uma ressaca pós-Cuca difícil de se curar.
Foi assim em 2014. Em 2022, os indícios apontam para jornada parecida. Seria alguma espécie de herança maldita?
Foi assim em 2014. Em 2022, os indícios apontam para jornada parecida. Seria alguma espécie de herança maldita?
Não deixa de ser curioso que o substituto de Cuca passe tantos perrengues para manter o nível de atuação da equipe quando um pensamento mais simplista indica que o papel a ser feito por ele seria tão somente não inventar. Seguir o fluxo, manter a receita.
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As críticas ao trabalho do Turco Mohamed no AtléticoO antídoto do América contra os gols de Hulk será colocado de novo à provaAtleticano Godín é a mais recente vítima da selvageria das redes sociaisValeu a pena o Atlético trocar o Turco pelo Cuca?A 'idealização' de Cuca não é boa para ele, nem para o AtléticoO Turco Mohamed vem atravessando essa fase de tormenta no Galo. Sem conseguir dar consistência ao time. Em cinco meses de trabalho, são poucos os bons frutos colhidos e ainda há mais motivos para críticas que elogios.
Isso nada tem a ver com números. O aproveitamento é ótimo, dois títulos, vaga assegurada nas oitavas de final da Copa Libertadores e pouquíssimas derrotas. Mas a análise precisa ir além dessa visão pragmática. E numa avaliação do todo, ainda não há sinal de solidez.
Coincidência ou não, quem sucedeu Cuca na primeira passagem também cortou um dobrado. Até que o Atlético reencontrasse o caminho das taças, não faltaram dissabores - e muitas apostas erradas.
O primeiro da lista foi Paulo Autuori, anunciado ainda no Marrocos, em dezembro de 2013. Durou pouco mais de quatro meses, ou 23 partidas (11 vitórias, nove empates e somente três derrotas - aproveitamento de 61%, o que prova que esse não é um critério tão determinante).
O Atlético recorreu, então, a um velho conhecido, Levir Culpi, que faria sua quarta passagem pelo clube. Ao conduzir o alvinegro ao inédito título da Copa do Brasil de 2014, numa campanha histórica, repleta de viradas emocionantes sobre Corinthians e Flamengo e duas vitórias sobre o Cruzeiro, na decisão, Levir pareceu quebrar qualquer praga que pudesse ter se abatido sobre a Cidade do Galo.
Mas, assim que ele saiu, em 2015, começou novo carrossel, com Diego Aguirre, Marcelo Oliveira, Diogo Giacomini, Roger Machado, Rogério Micale, Oswaldo de Oliveira, Thiago Larghi, Levir Culpi de novo, Rodrigo Santana, Vagner Mancini, Dudamel e Sampaoli – treinadores das mais variadas gerações e filosofias de trabalho, quase como num método de tentativa e erro –, até o circulo se fechar e o time atleticano voltar para as mãos de Cuca novamente.
Em dezembro de 2021, depois de adicionar mais taças ao seu currículo, Cuca pegou o boné e disse adeus. E o Atlético mais uma vez tenta se estabilizar com um comandante. Missão árdua, até agora, para o Turco.
Algo semelhante acontece com o Flamengo, desde a era Jorge Jesus. Os técnicos seguintes, mesmo com um grupo renomado em mãos, pelejaram. Não caíram nas graças da torcida. Não por acaso, volta e meia o português reaparece, para assombrar quem ocupa a cadeira.
Interessante que o que deveria ser uma vantagem - pegar uma equipe vitoriosa, com peças de qualidade e em lua de mel com o torcedor - acaba se tornando um fardo para quem assume o cargo.
Como se ali se instalasse algum tipo de maldição. Ou, numa análise mais racional e longe de qualquer ingrediente esotérico, escolhas equivocadas mesmo. Fato é que só o tempo pode dar esse veredicto.
Como se ali se instalasse algum tipo de maldição. Ou, numa análise mais racional e longe de qualquer ingrediente esotérico, escolhas equivocadas mesmo. Fato é que só o tempo pode dar esse veredicto.